Os melhores games de 1991

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Final de ano é aquela coisa manjada: decoração de Natal, especial do Roberto Carlos, calor intenso, lojas tocando músicas da Simone, décimo terceiro, melhores do ano no DELFOS e por aí vai. Como provavelmente não teria muito sucesso se tentasse me passar pelo Roberto Carlos e arrumar decoração de Natal é coisa para as mulheres da casa, resta-me somente escrever um ou dois especiais para o DELFOS, para entrar no espírito natalino.

A parada é a seguinte: eu não me dou muito bem com jogos novos. Claro, existem algumas exceções – achei os dois Super Mario Galaxy geniais e gosto de Rock Band como quase todo mundo. Em geral, entretanto, gosto mais daquela experiência antiga de terminar um jogo em 40 minutos e rejogá-lo várias vezes. Desnecessário dizer que as gerações novas de consoles e seus jogos de 871.651 horas não me dizem muita coisa.

Voltemos, então, vinte anos no tempo.

Pares de amigos combinam de comprar em vinil o Use Your Illusion I ou o II do Guns e de trocar de discos via fita K7. O meu era o II.

Exterminador do Futuro 2 estreia no cinema e eu o assisto pela primeira vez. Desde então já assisti aproximadamente três gazilhões de vezes.

O Death lança seu fantástico disco Human, que eu só ouviria mais de uma década depois.

O Nirvana lança Nevermind e o Metallica, o Black Album, e eu me convenço de que os dois são os melhores discos do muuuundo.

A Elma Chips lança uns diabos de umas figurinhas de monstros que brilham no escuro e eu me mato de comer salgadinhos para conseguir todas.

Eu fico muito feliz por ter conseguido gravar Alive do Pearl Jam inteirinha (inclusive o começo!) em fita K7 diretamente da rádio.

A minha turma de quinta série tem uma professora de matemática cujo nome infeliz é Hiroka. Como a letra H não tem som (e ninguém sabia pronúncia japonesa), não levou muito tempo até a turma pensar em uma outra letra que complementava melhor o nome da pobre senhorinha.

Bem, o ano foi basicamente isso.

Mas e nos videogames? Eu ganho meu Phantom System no meu aniversário de 11 anos, e é nesse ano que começo minha duradoura relação com Super Mario Bros 3. Foi um bom ano para os jogos, e no resto desse texto o delfonauta lerá sobre os jogos que, em minha opinião, foram os melhores lançamentos de 1991!

5 – WAI WAI WORLD 2: SOS!! PASERI JOU

Plataforma: Famicom

Desenvolvedora: Konami

Provavelmente o joguinho mais obscuro desta lista. É conhecido pelo mundo como Konami World 2, e é também provavelmente o jogo mais legal do Famicom/NES que não foi lançado fora do Japão.

É aquele esquema legal de plataforma que todo mundo gosta, mas tem um diferencial: antes do jogo começar, o jogador escolhe um grupo de três personagens da Konami. Entre os famosos temos o Simon Belmont (Castlevania), Bill Rizer (Contra) e Goemon (Mystical Ninja), por exemplo. Cada fase é inspirada em um jogo da Konami, assim como as músicas. É para jogar com um sorriso no rosto! Destaque para a última fase, inspirada em Castlevania: para entrar no castelo você tem que atravessar a rua numa homenagem a Frogger.

4 – ROLLING THUNDER 2

Plataforma: Mega Drive

Desenvolvedora: Namco

Aqui o meu gosto pessoal falou um pouco mais alto: adoro a série Rolling Thunder. Desde o primeiro (que joguei no NES), acho um jogo inteligentíssimo, tipo um Contra com estratégia. Não que eu veja problemas com a falta de estratégia em Contra, mas…

Rolling Thunder 2, um port da versão arcade para o Mega Drive, é o único dos três jogos da série com a possibilidade de dois jogadores simultâneos, e é uma das melhores experiências multiplayer que eu conheço (desde que os dois tenham mais ou menos o mesmo nível de habilidade). Tiroteio de primeira, algumas armas diferentes e música bem legal. Recomendadíssimo para quem não conhece. Ah, sim, é aquela coisa – é difícil pra burro, exatamente como manda o figurino, e você tem que jogá-lo duas vezes para ver o verdadeiro final.

3 – SUPER CASTLEVANIA 4

Plataforma: Super NES

Desenvolvedora: Konami

Sou suspeito para falar de Castlevania. Lembrei até que um dos primeiros textos que mandei para o DELFOS, quando era apenas um jovem delfonauta, foi uma resenha do primeiro. O ponto é, até uns anos atrás, era a minha série favorita de videogame. De uns anos para cá a coisa desandou tão feio que Castlevania só vive de glórias passadas. Por exemplo, o último jogo, para PS3 e XBox 360, é um clone insuportavelmente longo de God Of War (que, para mim, já é insuportavelmente longo).

No saudoso ano de 1991, todavia, a Konami ainda sabia exatamente o que estava fazendo. Super Castlevania 4 pega aquele climão gótico da série no NES, turbina os gráficos, faz uma das melhores trilhas sonoras de videogame até hoje e melhora o controle do personagem, que agora pode até usar o chicote em todas as direções. Não conheço ninguém que tenha jogado este jogo e que não o adore. Aliás, o Bruno Sanchez pegou o meu Super NES de refém e disse que o trocaria por um 360 com 3RL caso eu não colocasse este jogo na lista. Bruno, eu já faria isso sem as ameaças! Por favor devolva meu console são e salvo!

2 – THE LEGEND OF ZELDA: A LINK TO THE PAST

Plataforma: Super NES

Desenvolvedora: Nintendo

O delfonauta mais supernintendístico provavelmente está me corrigindo mentalmente porque esse jogo saiu em 1992. Sim, mas para essa relação eu usei as datas de lançamento japonesas. Antigamente, esse processo de ocidentalizar um jogo era bem mais lento do que é hoje. Super Mario Bros. 3, que é de 1988 e que praticamente não tem textos em inglês, só saiu nos Estados Unidos em 1990, por exemplo.

Este aqui, para mim, sempre foi e sempre será o jogo mais legal da série The Legend Of Zelda. São tantas boas memórias que eu nem saberia como começar a contá-las. Eu cheguei ao ponto de, antes de ter o jogo, montar um mapa só com fotos de revista tamanha a minha ansiedade. Ei, naquela época sem salário a gente tinha até que jogar mentalmente algumas coisas para não morrer de ansiedade. Tive que vender meu Phantom System e vários jogos para comprar esse cartucho quando ganhei meu Super NES em 1993.

Voltando à visão aérea do primeiro jogo da série (ao contrário do segundo, que é sidescroller), este Zelda traz praticamente todos os elementos clássicos. As masmorras são geniais sem serem demasiadamente longas, o mundo é lindo e cheio de segredos, a trilha sonora é inesquecível e os controles são perfeitos. Provavelmente é o jogo mais querido que saiu para o Super NES, junto com Super Mario World e Super Metroid.

1 – STREET FIGHTER 2: THE WORLD WARRIOR

Plataforma: Arcade

Desenvolvedora: Capcom

Pô, se eu precisar explicar por que é que este jogo está aqui, desisto da minha carreira de delfiano. Street Fighter 2 é tão relevante que, se bobear, as pessoas acham que nunca existiu o primeiro. E eu, por outro lado, chego a me sentir velho por saber que não apenas existiu, como eu o joguei no “fliperama” (quem é que chamava esses lugares de “arcade” na época?).

E por falar em fliperama, foi lá que eu joguei isto aqui pela primeira vez. Obviamente, não sabia fazer nenhum golpe especial. Aliás, nem sabia que eles existiam. Escolhi o Zangief porque ele parecia ser o mais forte, e não durei o suficiente na luta nem para testar os seis botões.

Voltando a Street Figher 2: esta é a versão inicial com os oito lutadores clássicos e sem a possibilidade de escolher os chefes, mas a jogabilidade já era tão boa que as muitas, muitas, muuuuitas edições seguintes tiveram poucas alterações além das adições de golpes e personagens. Claro, hoje em dia ninguém prefere jogar o velho World Warrior ao invés dos Super Turbo Revivals HDs EX, mas o impacto dele é inquestionável.

D&D – Decepção Delfiana: SONIC THE HEDGEHOG

Plataforma: Mega Drive

Desenvolvedora: Sega

Já tinha falado mal de Final Fantasy, Edguy, Nightwish e Matrix. Incluindo Sonic na lista, agora posso descansar tranquilo porque já falei mal de todas as coisas que as pessoas comuns gostam. Por favor, acalme-se e abaixe as enxadas, tochas e ancinhos e eu justificarei a presença do adorado Sonic nesta posição.

Sonic The Hedgehog é muito obviamente um jogo bem feito, tem gráficos que até hoje são bonitos e a música é legal. O problema reside no level design dele. Oras, a idéia do personagem é correr bem rápido, certo? E o que é que sempre te espera? Buracos! Espinhos! Você sempre pula sem saber o que diabos te esperará – um buraco, uns espinhos saindo do chão ou a continuação da fase. Para mim isso é um grande paradoxo. O jogo te incentiva a correr bem rápido para te sacanear sem aviso. E não diga que é questão de reflexo. Não é, simplesmente porque você já está no meio de um pulo e não tem como reagir quando é um buraco que te espera, e menos ainda quando se está a mil por hora e aparecem uns espinhos do nada numa parede.

Falar mal de Sonic hoje é igual chutar cachorro morto, já que a Sega só lança jogos ruins com o porco espinho há uns 500 anos, mas, para mim, mesmo os jogos clássicos da série eram problemáticos. O melhor jogo com a filosofia Sonic que eu conheço é para o Super NES e se chama Uniracers. Nesse sim, a idéia é ir bem rápido, mas você fica sabendo de antemão os obstáculos porque “lê” a pista e pode reagir ao invés de ter que tentar de novo porque o jogo achou hilariante e genial colocar um buraco onde você não esperava.

Menção Horrorosa – o pior do ano: BART VS. THE SPACE MUTANTS

Plataforma: NES

Desenvolvedora: Acclaim

Quem aí se lembra de como é foi quando os Simpsons apareceram na TV? Foi um evento, já que todo mundo só falava disso na época. Jogos baseados em franquias não tinham esse estigma que têm hoje, então, obviamente, meio mundo queria um jogo dos Simpsons. Eu também, claro.

Bart Vs. The Space Mutants veio suprir essa lacuna, e era um dos jogos mais difíceis de serem alugados, porque todo mundo queria ver. Custei bastante a conseguir essa façanha, e digo que, mesmo de cara, não tive a melhor das impressões. A jogabilidade era horrível a ponto de deixar o jogo injogável. Onde já se viu segurar o botão de pulo para correr? E, pior, em várias situações era necessário correr e pular. Sobrava tipo um nanosegundo para você largar o botão de pulo e apertar de novo para o Bart não perder a aceleração.

As músicas eram bem legais, embora repetitivas, e alguma coisa dos gráficos também se salvava, mas o jogo em si era tão chato que simplesmente não valia a pena lutar contra os controles e a dificuldade incrivelmente alta.

E o delfonauta que gosta dos jogos infinitos de hoje em dia não precisa se desesperar. É CLARO que o Pixáiti escreveu um top com os melhores jogos de 2011, e você a confere ainda essa semana. Não perca.

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