Mais um ano está começando e aqui no DELFOS você sabe o que isso significa. É chegada a hora de passar em balanço o que de melhor ocorreu no ano que findou. Nas próximas semanas você terá textos cobrindo outras áreas de destaque do que tivemos de mais tremendão ano passado. Mas vamos dar o pontapé inicial neste especial pela tradicional lista dos melhores filmes.
2013 foi um ano recheado de filmes de alto teor nerd. Tivemos Círculo de Fogo, Homem de Ferro 3, O Homem de Aço, Wolverine: Imortal, Kick-Ass 2, Thor: O Mundo Sombrio e O Hobbit: A Desolação de Smaug, dentre outros. E você logo vai constatar que absolutamente nenhum desses entrou na minha lista! À exceção de O Hobbit, o qual, até o fechamento deste texto, ainda não havia assistido, todos os outros citados achei bem “mééé” ou apenas legaizinhos.
Minha lista até conta com alguns blockbusters, mas a tônica neste ano pendeu mais para aqueles filmes dos quais não sabia ou não esperava nada e me surpreenderam positivamente. No fim das contas, fiquei satisfeito com meus cinco escolhidos. Mas gosto é gosto e, portanto, como sempre reiteramos, queremos saber quais são os seus cinco mais. Assim, deixe sua lista nos comentários e comecemos a minha pela decepção do ano.
D&D – Decepção Delfiana: ELYSIUM (idem – EUA – 2013)
O filme é bom, uma aventura de ficção científica bastante decente. Mas não tem identidade própria ou algo mais que o destaque. Se fosse qualquer operário-padrão ocupando a cadeira de diretor, isso não seria um problema. Mas quando se trata de Neill Blomkamp, o sujeito que fez Distrito 9 (por sinal, meu melhor filme de 2009), aí vira uma grande decepção. Tudo que Distrito 9 tinha de bom foi diluído em Elysium, pasteurizado até se tornar mais um longa de puro entretenimento, inofensivo. Concordo com o que o Corrales disse em sua resenha, tanto que vou até citá-lo: “Não é falta de talento do jovem diretor, mas intervenção da turma do dinheiro mesmo. Se tem muito dinheiro envolvido, a liberdade diminui e, com isso, a criatividade é podada”. Foi a exata impressão que tive ao assistir. Uma pena, pois tinha potencial para ser especial como Distrito 9, mas entregou apenas 109 minutos de entretenimento eficiente, porém rapidamente esquecível.
Menção Horrorosa – o pior do ano: DEPOIS DA TERRA (After Earth – EUA – 2013)
Meu cérebro se sentiu tão ofendido enquanto assistia a este filme que, em determinado momento, juro que o ouvi tentando se autodestruir em represália à existência desta enorme porcaria. É um dos roteiros mais retardados de todos os tempos (quer dizer que o pessoal tem tecnologia para fazer viagens espaciais, mas a arma padrão de combate às criaturas é uma primitiva lança ao invés de uma bazuca de plasma?). Um veículo para Will Smith, um cientologista de armário, difundir os preceitos de seu culto tão adorado por outras celebridades endinheiradas. E para firmar também seu filho (que não herdou nada do carisma do pai) na profissão. Nepotismo é isso aí! Eu era um dos poucos (talvez até o único) defensor de M. Night Shyamalan que ainda restavam. Depois desse filme fica difícil defender o cara. Ainda o considero um bom diretor tecnicamente. Mas este Depois da Terra foi a gota d’água em termos das escolhas que ele faz. Joguei a toalha. Mas agora falemos do que 2013 trouxe de melhor no mundo do cinema.
5 – INVOCAÇÃO DO MAL (The Conjuring – EUA – 2013)
Se alguns, como Shyamalan, caem no meu conceito, outros sobem. É o caso de James Wan, que tem me surpreendido sempre para melhor a cada novo filme. Eu já havia posto Sobrenatural na minha lista de 2011, mas, como disse nela, era um filme que normalmente não entraria em um ano com mais candidatos à coroa de melhores do ano. Já este Invocação do Mal achei muito mais encorpado e bem resolvido, um baita filme de terror (tanto que já até cheguei a reassisti-lo). Novamente não acrescenta nada de novo e até usa um monte dos clichês do gênero, mas o faz tão bem, com um estilo tão próprio, que acaba ganhando ares de novidade e tornando-os bastante eficientes. E no geral, eu gosto de uma história bem contada de poltergeists e possessões. O cara está caminhando a passos largos para se tornar um dos meus diretores de filmes de terror favoritos. Ah, sim, ele lançou poucos meses depois de Invocação do Mal a continuação de Sobrenatural, a qual também me agradou bastante.
4 – ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK (Star Trek Into Darkness – EUA – 2013)
Inferior ao primeiro, mas ainda muito bom no saldo geral. Além da Escuridão reconta uma das tramas mais adoradas pelos trekkers, fazendo uma bela homenagem à história original, e sem se furtar de mudar elementos dela, casando muito bem com a proposta de universo paralelo do reboot da franquia. Para mim foi o melhor filme-pipoca do ano, cheio de ação e de referências à série clássica. Contudo, é preciso admitir que o sinal amarelo acendeu. Injetar mais ação netsa nova interação de Star Trek foi algo muito bem-vindo. Mas está na hora de dosá-la com outro elemento que sempre foi marca-registrada da franquia: os bons roteiros. Por mais divertido que tenha sido, a história foi só um pretexto para as cenas de ação e o roteiro teve uns buracos bem grandes. Se o terceiro filme não corrigir isso, dificilmente ele vai aparecer novamente em uma lista minha dos melhores do ano!
3 – A CAÇA (Jagten – Dinamarca/Suécia – 2012)
Esse foi a paulada do ano, pesado, tratando de um tema para lá de espinhoso. Um professor de jardim-da-infância (Mads Mikkelsen, o Hannibal da série de TV) tem sua vida virada de cabeça pra baixo quando uma de suas alunas conta uma mentira sobre sua conduta. Não importa que ele seja inocente, o estrago já está feito e ele já foi julgado e condenado pela população da cidadezinha onde mora. O filme mostra como mesmo a semente de uma dúvida pode destruir a percepção que temos de uma pessoa (não importando quão bem a conhecemos) e como não há volta depois que suas cabeças já estão feitas. Um drama desesperador.
2 – ANTES DA MEIA-NOITE (Before Midnight – EUA – 2013)
Assim como o Corrales, eu também sou um grande fã dos filmes da trilogia de Jesse e Celine. Antes do Amanhecer retratava a paixão da juventude, quando se acredita que o amor pode vencer tudo e mudar o mundo. Antes do Pôr-do-Sol os mostrava trintões, com o realismo pé-no-chão que a idade traz. Já este Antes da Meia-Noite mostra que nem mesmo “finais felizes” vêm de graça. É preciso batalhar por eles, mesmo que seja numa gigantesca discussão de relacionamento pela Grécia. Os diálogos continuam sensacionais, os atores estão espetaculares e o tom consegue transitar do triste ao esperançoso em poucos minutos. É impressionante como um filme escorado em algo tão anti-imagético como diálogos puros consegue contornar esse suposto problema tornando-os extremamente atraentes com seus longos planos-sequência por paisagens belíssimas. Segundo lugar com louvor.
1 – GRAVIDADE (Gravity – EUA – 2013)
Gravidade é mais que um excelente filme. Foi a melhor experiência que tive dentro de uma sala de cinema em muito tempo. Assisti em Imax 3D e, para mim, foi muito mais imersivo do que Avatar conseguiu ser, por exemplo. A história até bem simples, sobre sobrevivência humana em um ambiente extremamente hostil, onde até um reles parafuso pode te matar, conseguiu me deixar enterrado na poltrona. Confesso que nas cenas das chuvas de detritos, tentava me desviar junto com a Sandra Bullock, de tanto que entrei no clima da película. Senti-me uma criança descobrindo a magia do cinema novamente. Tecnicamente é uma beleza. O design de som espetacular e os planos-sequência impossíveis onde não dá para saber onde terminam os efeitos práticos e começam as trucagens de computador elevam o modo de se filmar a um novo patamar. Eu já tinha dois longas de Alfonso Cuarón entre alguns dos meus favoritos pessoais (E Sua Mãe Também e Filhos da Esperança). Com Gravidade, ele passou a ser alguém que acompanharei com mais atenção daqui para frente e parece ter conseguido também sua passagem para o rol dos grandes diretores. Medalha de ouro merecida.
É isso. Esses foram os meus cinco mais tremendões de 2013 (e também o pior e a decepção). O que você achou? Concorda, discorda, mudaria algum, todos eles? O espaço de comentários está aí para isso. Deixe sua lista, estamos curiosos para conferir. E logo entra mais um texto do especial. Não deixe de conferir.