Os Croods

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Eu ando tão ansiosa para julho, quando vêm as duas animações que eu tanto aguardo, que até esqueci que antes delas viria Os Croods, outra que me deixou curiosa. Originalmente, o filme seria mais uma parceria entre a Dreamworks e a Aardman, mas as duas companhias se distanciaram e o projeto acabou caindo nas mãos de Chris Sanders, o responsável pelo excelente Lilo & Stitch e pelo fofo Como Treinar o Seu Dragão. Eu adoro stop-motion, mas dessa vez acho que fazê-lo em CGI foi melhor. Mas antes de falarmos disso, vamos à sinopse.

Os Croods são uma família de homens das cavernas, a última que conseguiu sobreviver. Isso graças a Grug, o papai superprotetor que os mantém seguros e nunca os deixa ir muito longe de casa. Sua filha mais velha Eep, porém, adora a luz e não aguenta mais viver se escondendo em cavernas escuras.

À primeira vista eles parecem feios e um tanto animalescos. Ainda assim, eles conseguem ser bastante simpáticos. Também logo de cara já dá para perceber que a animação é muito caprichada: pela textura das peles de animais que eles usam, pela primeira cena de caçada que parece um jogo de futebol americano e pelas acrobacias da Eep, dignas de um praticante de Parkour.

Durante uma escapada noturna, ela conhece Guy, um rapaz mais evoluído e tão aventureiro quanto ela, que já aprendeu a fazer fogo. Ele está de passagem, a caminho de uma montanha onde ficará a salvo do suposto fim do mundo – na verdade uma divisão continental que vai causar uma série de desastres naturais. A princípio eles não acreditam, mas quando um desses desastres destrói a caverna, eles acabam deixando seu lar para trás e seguindo viagem. E agora todos eles, em especial o papai conservador, terão de aprender com esse esperto e carismático estranho que é preciso mais do que força bruta para sobreviver neste novo mundo que irão desbravar.

UM MUNDO BELÍSSIMO, POR SINAL

E este novo mundo é absolutamente deslumbrante, com o design mais criativo que eu vi em muito tempo. Ao optar por seguir uma direção fantasiosa, eles ganharam a liberdade de brincar com as paisagens e inventar animais híbridos, e o resultado é uma grande variedade de plantas e bichos exóticos, coloridos e lindos, que ficam ainda mais legais em 3D.

Um dos primeiros predadores que os Croods enfrentam, por exemplo, é uma espécie de grande felino branco. Mais tarde, ele aparece sentado e de boca fechada, e aí você percebe que na verdade ele parece uma coruja! Outro que aparece mais pra frente é um enorme tigre dentes-de-sabre, mas seu pêlo tem o mesmo esquema de cores das penas de uma arara. Também tem uma baleia que anda na terra, um ratinho com cara de elefante e muitos outros bichinhos interessantes, alguns mais ferozes, outros mais fofos. O único que parece mais comum é o Braço, a simpática preguiça de estimação do Guy.

Outra parte que me chamou a atenção foi uma em que a vegetação é composta de algas e corais, sugerindo que aquela região, agora árida, teria sido o fundo de um oceano no passado. Enfim, observar esses detalhes legais já entretém o suficiente para deixar passar a previsibilidade da história, que é mais uma daquelas clássicas de conflito de gerações.

E não é só visualmente que o filme resolve pôr o realismo de lado. A Era do Gelo, por exemplo, tem o mesmo tema familiar, mas também traz aquelas piadinhas que dão uma piscadela para os papais que entendem de pré-história e evolução de espécies. Já Os Croods vai mais para o lado d’Os Flintstones: as relações sociais e familiares são iguais às dos tempos modernos, e a maioria das piadas vêm justamente de criar contrapartes e paralelos entre a vida atual e a pré-histórica. O resto vem dos perigos de viajar por terras desconhecidas durante um evento cataclísmico, o que rende muito humor físico ao melhor estilo Papa Léguas, que até é engraçado, mas pode entediar os mais exigentes.

OU SEJA, É LEGAL, MAS NÃO O MAIS LEGAL EVER

A verdade é que os nossos parâmetros para animação foram muito elevados nos últimos anos, e portanto qualquer filme que não seja excelente, ainda que seja bom, acaba deixando um resquício de decepção.

Aqui não há grandes surpresas, o humor não é dos mais sofisticados e a história não é das mais inspiradas, mas convenhamos que os filmes animados da Dreamworks nunca foram lá tão artísticos ou inovadores como os da Disney e da Pixar. A especialidade deles sempre foram essas comédias family-friendly mesmo. Os escorregões são frequentes, mas ultimamente até que eles vêm acertando bastante, e Os Croods foi mais um desses acertos. Seus pimpolhos vão adorar e você também vai se divertir.

REVER GERAL
Nota
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Joanna Lis
Delfonauta desde pré-adolescente, se tornou delfiana oficialmente em 2012. Não consegue gostar de nada casualmente e estuda Letras só para adquirir base teórica para fazer melhor o que sempre fez por hobby: analisar obsessivamente e escrever longas dissertações sobre Cultura Pop.
os-croodsAno: 2013<br> Gênero: Aventura/Animação<br> Duração: 98 minutos<br> Roteiro: Chris Sanders, Kirk De Micco, John Cleese<br> Elenco: Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman e Clark Duke<br> Diretor: Chris Sanders, Kirk De Micco<br> Distribuidor: 20th Century Fox<br>