Optical Faze – The Pendulum Burns

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Substituir um membro numa banda é sempre difícil, mas ter de substituir um vocalista é especialmente complicado. Somente alguns poucos sortudos conseguem achar outra pessoa com uma voz parecida com a anterior, e trazer um novo vocal quase sempre significa uma mudança drástica no estilo da banda, para melhor ou para pior.

O The Pendulum Burns é o primeiro disco da banda brasiliense Optical Faze desde que seu primeiro vocalista deixou a banda. Quem assumiu o posto foi o próprio guitarrista, Mateus Araújo. A banda ainda conta com Renato Carvalho na bateria, Jorge Rabelo na guitarra, Vicente Jr. no baixo e Pedro Gabriel nos teclados e sintetizadores. Depois da mudança, o estilo passou de fato por uma repaginada, mas no caso deles, o resultado foi positivo.

Antes de sentar e ouvir de fato, eu li um pouco a respeito da banda, e achei engraçado o fato de que eles foram descritos usando um monte de rótulos diferentes. Heavy Metal, Metal Alternativo, Death melódico, Industrial… parecia que cada pessoa que ouviu o álbum reconheceu um gênero. Agora eu entendo porque é tão difícil classificá-los: o som é mesmo abrangente e mistura um monte de influências, mas sem perder a coerência e o equilíbrio. Os elementos eletrônicos estão bem balanceados com a parte mais tradicional, assim como os vocais guturais e os melódicos se revezam na hora certa. E mesmo o teclado, com o qual eu tanto implico, aqui fez a diferença justamente por ser usado discretamente. Não se sente nada “fora do lugar”.

Mas isso vai se mostrando aos poucos. Na primeira faixa, Trail of Blood, eu ainda achava que eles eram uma daquelas bandas mais malvadas e raivosas, o que pode ser influência do guitarrista Jed Simon, do Strapping Young Lad, que faz uma participação aqui. Mas desde já fica claro que mesmo as mais pesadas não abrem mão da melodia. É uma das melhores do álbum e ganhou clipe também:

Depois dela vem Pressure, uma que começa mais rápida e enérgica. A bateria é o grande destaque aqui – no álbum inteiro, aliás – mas as guitarras e o teclado também têm seus momentos, mostrando que a cozinha da banda é muito entrosada, e revelando o resultado da produção de Rhys Fulber, que já trabalhou com Paradise Lost, Fear Factory e outros. Aqui já se percebe uma alternação entre momentos mais rápidos e outros mais lentos, uma característica que também permanece no álbum todo.

Moment of Nothing, a seguinte, tem um passo mais cadenciado e a atmosfera mais sombria, acentuados pelo teclado e os efeitos. Também é a mais longa, com sete minutos de duração. E em seguida vem One Way Path, que está entre as mais marcantes. O refrão ficou na cabeça mais tarde, e a letra foi uma das mais legais. Não dá para dizer o mesmo da letra de Lie to Protect, mas a música, em compensação, é bem ritmada e empolgante.

Aí chega Mindcage, uma das que eu mais gostei. Ela é outra bem longa e é a mais calma, com um clima mais lento, melódico e dark, mas com direito a seu momento mais rápido no final. Carved é mais pesada e tem a bateria em destaque de novo, e é onde o vocal melódico tem seu momento de glória. Já em Red Sun as guitarras predominam.

As duas seguintes mantêm o que foi trazido até agora, e já estava começando a soar um tanto genérico, todas as faixas meio iguais umas às outras. Por sorte, logo depois veio uma surpresinha que me agradou bastante: Never Let Me Down, um cover de Depeche Mode:

Inusitado, mas até que ficou legal. Os efeitos eletrônicos deram uma cara mais moderna para a música, e o peso caiu bem. A cantora Leah Randi, que já trabalhou com Paradise Lost e Conjure One, também contribuiu aqui. E o álbum encerra com Tied, uma mais pesada e com um jeitão mais malvado.

A impressão que fica é que, apesar de ainda ter alguns detalhezinhos para polir, a banda já tem uma qualidade muito respeitável. Provavelmente ainda vamos ouvir falar muito deles.