Tem filmes que o título engana. Outros, no entanto, o título diz exatamente o que você pode esperar. E se Obsessão parece um título genérico de filme de Supercine… Bem, é exatamente o que temos aqui. E convenhamos, o elenco não ajuda. Colocar Zac Efron e Matthew McConaughey juntos é uma péssima ideia. A coisa só poderia piorar mais se tacassem o Nicolas Cage, mas o John Cusack é bem parecido com ele.
Aqui conhecemos dois jornalistas (McConaughey e David Oyelowo) e seu motorista (Efron). Os três estão em uma cruzada para provar a inocência de Hillary (John Cusack), que apesar do nome, é um cara. Ele está no corredor da morte, sob acusação de ter matado um policial, e vem se correspondendo com Charlotte (Nicole Kidman), que acredita em sua inocência e vai ajudar os jornalistas a prová-la. Só que tudo vai se tornar difícil quando Efron compreensivelmente se apaixona por ela, e quando o próprio preso, também compreensivelmente, parece mais interessado em vê-la abrir as pernas do que em ajudar seus aliados.
Curiosamente, o principal problema do filme não é o elenco, mas a ausência de roupas. Já fazia um bom tempo que eu não via tantas bundas masculinas. O próprio Zac Effron aparece tanto apenas de cueca que eu achei que estava assistindo a uma cinebiografia do Manowar. E, cá entre nós, bundas masculinas não são exatamente algo que eu faço questão de ver no cinema ou em qualquer outro lugar. Você sabe, eu prefiro helicópteros explodindo, ou se tem que ter bundas, que sejam femininas.
Agora falando realmente sério, o problema do filme é que ele tenta abraçar o mundo. Tem tema demais aqui. O filme tenta abordar primeiro amor/experiência sexual, o mistério do assassinato, homossexualidade e, para temperar um pouco mais, racismo. Cada um destes, por si só, já rende assunto suficiente para um filme bastante denso. Tentar falar de tudo em menos de duas horas apenas o enfraquece, e faz com que nenhum dos temas seja abordado de forma satisfatória.
Curiosamente, o roteiro do filme é co-assinado por Pete Dexter, o autor do livro em que se baseia. Não posso dizer se o livro, em suas mais de 300 páginas, faz justiça aos temas, mas se faz, a adaptação realmente ficou devendo. Teria sido melhor ter excluído alguns desses temas e se focado apenas no núcleo da trama.
Em muitos aspectos, inclusive, Obsessão lembra Killer Joe, e não digo isso apenas pela presença do senhor McConaughey no elenco. A vulgaridade que incomodou o Daniel no filme em questão também está presente aqui, e a própria temática sulista e a narrativa lenta lembram a obra de William Friedkin. Infelizmente, no entanto, a qualidade aqui é bem inferior. É o tipo de filme que parece feito para passar direto na TV, isso se não tivesse tanto homem pelado, claro.
Não chega a ser uma porcaria, mas também fica difícil recomendar, mesmo se fosse na TV. Tem um monte de coisas melhores a serem feitas com o seu tempo. E provavelmente você acha a cena indecente da Nicole Kidman em algum canto escuro da internet. Mas lembre-se, não fale com ninguém, e leve um casaquinho, pois nem todo site é quentinho e agradável como o DELFOS.
CURIOSIDADES:
– Aparentemente não existe um pôster nacional de Obsessão, mas eu encontrei um em espanhol, e achei o título El Chico Del Periódico deveras engraçado.
– A sessão de imprensa deste filme foi em junho, mas a data de estreia foi adiada numerosas vezes desde então. Agora parece que sai mesmo. Será?