Philip Seymour Hoffman morreu em fevereiro, mas ainda há filmes seus chegando aos nossos cinemas, sendo que o último deles, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 2 está programado só para 2015. Contudo, O Último Concerto demorou mais do que o comum para dar as caras por aqui, visto que é uma produção de 2012.
E é um longa bem legal, embora realmente não seja lá tematicamente um grande chamariz de bilheteria, o que pode explicar seu atraso a chegar em nossas terras. Ao mostrar a dinâmica de um quarteto de cordas formado por Hoffman, Christopher Walken, Catherine Keener e o único outro cara do elenco que não é famoso, mostra os problemas pessoais de seus integrantes, as picuinhas entre eles e os ataques de ego que os acometem.
É basicamente uma clássica história padrão de banda de Rock, mas no universo da música clássica. A interação entre o quarteto, contudo, é a mesma coisa. Do sujeito talentoso que quer fazer tudo do jeito dele ao segundo violinista, que está cansado de ficar relegado ao posto de acompanhamento e quer passar a solar, são os mesmos problemas retratados na tela.
E também há as questões mais pessoais. Como o personagem do Christopher Walken, que se descobre nos estágios iniciais do mal de Parkinson e precisa arranjar alguém para substituí-lo no grupo quando ele não der mais conta de tocar o cello. Ou a crise no casamento entre os personagens de Philip Seymour Hoffman e Catherine Keener. E para completar, a filha deles (Imogen Poots) ainda desenvolve uma relação conturbada com seu professor de violino, que por acaso é o astro do quarteto e o sujeito desconhecido do elenco.
Aliás, o fato de que puseram um cara desconhecido para completar o grupo me lembra muito uma piada do Seinfeld com os três tenores, onde o pessoal se lembrava do Pavarotti e do Plácido Domingo, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum o nome do terceiro, que doravante passou a ser conhecido como “o outro cara”. O que complica a Elaine quando ela tem de pedir um autógrafo justamente a ele. Claro, pode ser só uma coincidência, mas seria bem legal se fosse uma referência velada.
Seja como for, todo o elenco está muito afinado (com o perdão do infame trocadilho musical), as situações são muito bem desenvolvidas, embora não apresentem grandes novidades e, para quem gosta de música clássica, a trilha sonora, como não poderia deixar de ser, está cheia de peças dos compositores mais tremendões do estilo, como Beethoven, por exemplo.
O Último Concerto é um filme bom, mas de escala menor (sacou? Escala? Tá bom, eu paro). Por conta disso, não é um drama tão marcante, mas é competente. Recomendado mais a quem gosta de histórias sobre música e aos fãs do já saudoso Philip Seymour Hoffman, mais um grande talento que nos deixou cedo demais.