Tive meu primeiro contato com Woody Allen quando ainda estava na pimpolhice. Acredito que o filme em questão foi Um Misterioso Assassinato em Manhattan, e foi uma das experiências mais tediosas da minha vida (e olha que eu cursei duas faculdades). Por causa disso, passei os anos seguintes fugindo daquele baixinho nerd como se ele fosse um caipira pelado (eu e minhas referências obscuras), sempre o considerando como um ícone dos filmes chatos.
Finalmente, chegou a maldita vida adulta e, com ela, o não tão maldito trabalho no DELFOS. Com isso, tentei dar mais uma chance ao cara e fui assistir a Scoop. E quem diria? Eu gostei. E esse foi o fim de um trauma.
Dois parágrafos e muitos anos depois, lá fui eu assistir a este O Sonho de Cassandra completamente trauma-free. Mas aqui as coisas não são tão simples como no Scoop. Este não é uma comédia cheia de piadinhas, nem tem um clima deveras leve. Na verdade, até seu andamento é mais lento do que o anterior, embora lento não seja necessariamente um sinônimo de chato.
A sinopse seria a seguinte. O carinha das perebas (McGregor) e o da monocelha (Farrell) são irmãos desesperados para subir na vida. É então que seu tio rico (Wilkinson) lhes promete a tão sonhada ascensão social. Para isso, os dois precisariam apenas matar um desafeto do titio. Só que isso só acontece depois de uns 40 minutos e, antes disso, fiquei me perguntando onde o filme queria chegar.
Veja bem, esse início não é chato. Para falar a verdade, acho que o filme até esfria mesmo lá pelo final. Só é estranho você ficar 40 minutos no cinema sem ser capaz de “sinopsiar” a história, entende?
Agora se deixarmos a história de lado, ainda assim sobram ótimos diálogos e personagens muito bem construídos. Essas são as principais forças do filme, sobretudo graças à engraçada interpretação de Farrel para o sujeito fraco e cheio de dúvidas sobre o que deve ser feito.
Resumindo, O Sonho de Cassandra é um bom filme, com boas (embora não constantes) piadas e ótimos diálogos. Do lado ruim, ele é um pouco mais longo do que deveria, e isso faz com que tenha alguns momentos mornos, sobretudo na sua segunda metade. Vale o ingresso, mas de preferência numa quarta-feira, para doer menos na carteira.
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