P.T. Barnum era um pobretão que resolveu investir num museu de curiosidades. O negócio não deu muito certo e ele passou a diversificar as atrações de seu estabelecimento com números artísticos de pessoas com desordens físicas ou consideradas exóticas para a época. Assim nascia um circo de aberrações.
Essa é a história de O Rei do Show, que coloca o Hugh Jackman para cantar e dançar como o protagonista da história. Quando vi algumas fotos do filme meses atrás, ele parecia ter uma estética bastante parecida com os filmes do Baz Luhrmann, só que este aqui não é dirigido por ele.
Após assistir ao longa, digo que ele ainda é bonito esteticamente, com fotografia, figurinos, cenários e ambientações caprichadas, mas não chega a ser tão parecido assim com um filho bastardo de Luhrmann quanto aquelas imagens iniciais me faziam crer. A edição, sobretudo, é muito mais convencional que as dos filmes do diretor australiano.
A história em si foi a coisa que eu mais gostei, retratando o nascimento de um grande circo com atrações baseadas em bizarrices e também as origens do chamado show business como um grande e vistoso espetáculo e também com a autopromoção sendo parte essencial da coisa.
Entretanto, se os temas são legais, a condução do roteiro é bastante esquemática e manjada e você sabe desde o princípio que Barnum irá enfrentar as tradicionais dificuldades iniciais antes de conhecer o sucesso, terá seu período de glórias, sofrerá uma queda e terá de se reerguer mais uma vez rumo ao final feliz.
O delfonauta mais escolado já sabe da minha ojeriza por musicais, mas esse aqui até que consegui assistir numa boa, mesmo ele tendo muitos elementos do gênero que me irritam bastante.
O principal deles é que ele é daquele tipo que praticamente emenda um número musical no outro. Rola uma música, os personagens mandam umas duas falas e já começam a cantar de novo. Praticamente não há respiro. Ainda assim, isso não me irritou tanto quanto em outras ocasiões.
Outra coisa que não curti muito foram as músicas em si, todas com arranjos mais moderninhos que lembram muito canções pop da atualidade, sobretudo aquelas de cantoras tipo Lady Gaga e congêneres, superproduzidas, com vocalizações cheias de efeitos e absolutamente sem sal ou qualquer elemento marcante. E ainda assim, isso não me irritou tanto quanto poderia.
Talvez eu acidentalmente tenha descoberto o segredo para assistir musicais numa boa: ir de ressaca. Daí não me resta energia para focar nas coisas que eu odeio no gênero e não tenho escolha senão recostar na cadeira e aguentar a viagem. Testarei essa teoria em minha próxima bebedeira para ver se é isso mesmo e depois volto para contar.
Enfim, como alguém que despreza musicais, até que O Rei do Show não foi tão traumático assim. Logo, imagino que para quem curta o gênero, ele possa ser uma experiência ainda melhor. Nesse caso, pode pegar uma sessão.