O Passageiro é o tipo de obra que costuma me agradar. Trata-se de um filme tenso, e que se passa quase completamente em um único lugar – no caso, em um trem. E de fato, a parte do desenvolvimento propriamente dita, ou seja, o segundo ato, é bacana. O problema é que essa parte vem sanduichada por uma sequência vergonhosa de clichês.
Saca só: Liam Neeson é um vendedor de seguros que perdeu o emprego. Isso o deixa em uma pindaíba considerável e ele se sente emasculado por não conseguir prover para a sua família. Daí ele não conta à esposa, e pega o trem rumo a seu lar.
Lá, a Norma Bates o aborda com uma proposta indecente. Ele precisa identificar uma pessoa que não costuma pegar o trem e colocar um rastreador em sua bolsa. Para isso, ele vai receber ricos 100 mil dinheirinhos do Tio Sam. O problema é que se ele não aceitar o trabalho, sua família pode ser assassinada.
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Nessa sinopse você já percebe como o primeiro ato é repetido. Não basta ele receber uma proposta apetitosa, ela ainda chega no exato dia que ele perde o emprego. Quantos filmes você já viu com esta mesma storyline?
Admito, eu fiquei bem entediado durante os primeiros 20 minutos do filme.
MAS DAÍ ELE FICOU LEGAL
Quando o longa chega onde quer chegar, e o Liam Neeson começa a usar suas habilidades altamente específicas para identificar a pessoa que procura, a coisa funciona bem. Obviamente, há uma conspiração considerável por volta de tudo isso, e esta é parte da graça da brincadeira.
É aí que começa a tensão, o suspense, as cenas de ação e tudo mais que O Passageiro tem de legal.
Felizmente, esta é a parte mais longa do filme, mas eventualmente o terceiro ato chega para acabar com a nossa alegria e ele traz tantas cenas que já vimos antes – iguaizinhas a outros filmes, sem tirar nem pôr – que fiquei com a sensação de estar assistindo a um remake de absolutamente todos os filme genéricos já feitos.
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Claro, como agora estamos falando do final do filme, não vou elaborar nada disso em detalhes. Só que, infelizmente, se dá para perdoar o começo sem criatividade, não dá para ser tão bonzinho com um final com AQUELAS cenas. Não dá para negar, o final prejudicou bastante a obra final.
O PASSAGEIRO
Se antes disso eu até estava curtindo, o último ato acabou baixando a coisa toda ao patamar de um filme nada. Gostaria de dizer o contrário, mas O Passageiro lembra bastante os filmes genéricos e sem criatividade que Liam Neeson vem fazendo nos últimos anos. Por outro lado, é bem o tipo de trabalho pelo qual o diretor Jaume Collet-Serra ficou conhecido: tem potencial, mas se contenta com ser mediano.