O Corrales, o Natal e os correios

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Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

Saudações, caríssimos leitores. É com muita galhardia que mais uma vez escrevo-lhes para demonstrar quão redentor e prazeroso é o caminho daqueles que seguem a luz. Obviamente que o contrário é também uma verdade. Mil agruras aguardam aqueles que propagam o desregramento, o vício e toda sorte de impropérios. Como já puderam perceber, falo-lhes aqui sobre o mais recente e jocoso evento que acometeu o auto-intitulado Ditador Supremo.

Numa de minhas infinitas rondas pelos labirintos virtuais, deparei-me com um texto de autoria daquele Senhor no qual os Correios eram achincalhados. O motivo? Como bem o sabem, é a não entrega de seus presentes de Natal. Pausa para socos no ar e gargalhadas de regozijo pela decepção causada ao Ditador.

O Torquemada não sabe colocar coisas invisíveis. 

Pronto, continuemos.

Senhores, sabemos todos que o Natal é o momento dedicado às mais profundas demonstrações de bons sentimentos. É aquele momento no qual nos entregamos, juntamente com nossos familiares, à fartura dos alimentos, não importando nem mesmo se os consumimos num horário apropriado. O que de fato importa é o sentimento que paira no ar, as luzes, o colorido e as infinitas reconciliações com aqueles vizinhos com os quais mantivemos ao longo do ano relações belicosas. Como é possível que dentro desse cenário, uma única voz seja dissonante? Como é possível que um único indivíduo não tenha sido agraciado por tão belas circunstâncias? Eu tenho a resposta, é claro.

Talvez possamos encontrá-la ao rememorarmos algumas das posturas, preferências e ideais propagados pelo Senhor Corrales no seu sítio. Senão, vejamos. É notória a aversão que esse Senhor nutre por demonstrações de amizade. Leiam os seus textos de crítica cinematográfica e percebam que, segundo seu ponto de vista, é desabonador para um filme quando o mesmo mostra a importância da amizade para o bom e esperado desenlace de sua trama. Pasmem, leitores. Isso é dito mesmo quando o objetivo da película em questão é atingir criancinhas em seu momento mais crucial de formação de valores. Como, leitores, seria possível que tamanha atrocidade fosse recompensada com presentes de Natal?

Inversamente proporcional é a afeição do Ditador Supremo por “explosão, violência e mulher pelada”. Segundo ele, sem esses ingredientes não seria possível fazer cinema com qualidade. Onde estaria o espaço para as mensagens edificadoras, para as mensagens formadoras de saudáveis e respeitáveis platéias? O descabimento atinge os estertores do intolerável quando o sacrifício de animais é abertamente declarado com o intuito de atingir suspeitos objetivos.

Para que se concretize um espetáculo nefasto de Rock Pauleira: “sacrifiquem pandas”, brada o Ditador. Para que determinados diretores façam parte de certos filmes: “sacrifiquem unicórnios”, brada o Ditador. Para que determinadas quinquilharias eletrônicas atinjam as prateleiras mais rapidamente: “sacrifiquem golfinhos”, brada o Ditador. Ora, caros leitores, incentivadores de ultrapassados e ineficazes rituais pagãos não podem ter lugar nas recompensas natalinas.

Faço-lhes a seguinte pergunta: será que conseguem imaginar o Ditador e seus asseclas no covil intitulado Oráculo de Delfos realizando, como o fazem todos os nossos compatriotas, cujos corações habitam os bons sentimentos, um alegre e descontraído amigo-oculto? Sim leitores, aquela muito bem vinda brincadeira na qual devemos descrever as qualidades daqueles que teremos a honra de entregar uma humilde, mas sempre muito bem-vinda, lembrancinha. Claro que não. Afinal, demonstrações de amizade são desabonadoras. Sendo assim, leitores, como podem os Correios serem os responsáveis pela decepção natalina do Ditador. Senhor Corrales: meninos maus não ganham presentes de Natal.

Travestido de entretenimento inocente, este sítio naufraga junto com seus leitores num mar de descabimentos. Será por isso que o Ditador, em suas lamentações, se queixa, tal qual O Náufrago, da ausência da Fedex? Não, Senhor Corrales, nem mesmo um fictício companheiro como o Senhor Wilson poderá consolá-lo pela irreparável ausência de suas sonhadas traquitanas eletrônicas com as quais certamente pretendia auto-presentear-se.

Quisera eu, Senhor Corrales, ter parte nesse ocorrido. Nem em minhas mais profundas confabulações cogitei a possibilidade de arquitetar tão virulento ataque aos propagadores do mal. Perto desse evento natalino, o Outubro Vermelho, glorioso episódio no qual consegui subtrair conteúdo e instaurar o caos nos registros Delfianos, fica parecendo uma explosão de traque de festas juninas.

O ano não poderia ter um início melhor. O bem sempre vence, Senhor Corrales. Cuide-se, pois se aproxima mais uma data comemorativa: a Páscoa. Que a lenda do Coelhinho-Sem-Cabeça recaia sobre o Senhor e seus seguidores.

Ilustrando esta matéria, temos a imagem do Grinch. Tal qual o Senhor Corrales, ele também era um menino mau que queria arruinar o Natal dos outos. Porém, ao contrário do Ditador, ele encontrou a luz e veio para o lado do bem, e hoje ganha presentes do Papai Noel.