O Acordo

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Sabe quando um filme se vende como uma coisa e na verdade é outra? Isso pode gerar uma grande decepção, ou uma excelente surpresa. O Acordo se enquadra nesta segunda opção.

Uma lei estadunidense permite que pessoas presas por acusações relacionadas a drogas diminuam consideravelmente sua pena dedurando outras pessoas. Isso faz com que seja comum que os presos dedem inocentes. Um dos inocentes dedados é o filho do The Rock. Só que o moleque é ideológico, e se recusa a sacanear seus amigos como seu colega fez com ele. E aí o carinhoso papai resolve se tornar informante dos federais em troca da liberdade do pimpolho.

Na divulgação do filme temos explosões! Big fuckin’ guns! The Rock! É batata, temos aí um testosterona total, certo? Errado! O Acordo não é um filme de ação, nem nada perto disso. Na verdade o que temos aqui está muito mais próximo da excelente série Breaking Bad. E essa surpresa foi deveras positiva, pois elevou o filme da porradaria genérica para uma excelente história.

Há muito dos primeiros episódios de Breaking Bad por aqui. Apesar das motivações diferentes, ambos mostram um sujeito que sempre seguiu a lei se vendo obrigado a lidar com criminosos, sem saber como o mundo do crime funciona e, cá entre nós, se borrando de medo.

Talvez, diante disso, o maior erro do filme tenha sido escalar o The Rock para o papel principal. Ele é bastante carismático, e já fez vários filmes legais, porém ele é grande e intimidador demais para o papel. John Matthews é um empresário bem sucedido e, como tal, deveria ser interpretado por alguém que não tenha o porte de um herói de ação. Isso tornaria encontros com os chefões do tráfico muito mais tensos, pois não daria a sensação de que ele conseguiria matar todo mundo e sair dali sem nenhum arranhão.

Ainda assim, o cara não compromete o filme. Seu porte físico não encaixa com o do personagem, mas ele leva o papel a sério e faz o possível para convencer o espectador que é, sim, a parte mais fraca nas negociações. O elenco conta ainda com Jon Bernthal, o Shane de The Walking Dead, que aqui faz um caboclo bem mais agradável do que na série que virou o grande xodó nerd.

E este é um filme tenso, daqueles que você acaba ficando em dúvida quem é pior, a polícia ou os traficantes. Especialmente quando chega a um ponto em que os federais exigem mais do que o combinado e os criminosos oferecem rios de dinheiro. O que você faria nessa situação? Quantos de nós conseguiriam recusar centenas de milhares de dólares?

Verdade, O Acordo não é uma superprodução, não tem um grande visual nem uma excelente trilha sonora. Ele conta apenas uma história interessante. Como tal, é fato que, se você esperar para assistir na TV, não vai perder uma grande experiência cinematográfica. No entanto, é um filme que eu recomendo com força para todo delfonauta que curta Breaking Bad. Se isso lhe apetece, não perca!

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
o-acordoPaís: EUA<br> Ano: 2013<br> Roteiro: Justin Haythe e Ric Roman Waugh<br> Elenco: Dwayne Johnson, Susan Sarandon, Jon Bernthal e Harold Perrineau.<br> Diretor: Ric Roman Waugh<br> Distribuidor: Playarte<br>