Muppets 2: Procurados e Amados

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O adorável Jason Segel, que você deve conhecer como o Marshall de How I Met Your Mother, recentemente ajudou a trazer de volta um pessoal de quem ele é fanboy desde criança: Os Muppets. Ele co-roteirizou, produziu e estrelou um novo filme, que estreou em 2011, contando também com Amy Adams, Rashida Jones, Chris Cooper e um monte de pequenas pontas de outras celebridades.

Extremamente fofo, cheio de números musicais bonitinhos e com clima de clássico, o filme introduziu um novo Muppet, Walter, que convence um já aposentado Cacoquer dizer, Kermit – a se reunir com Fozzie, Gonzo, Miss Piggy, Animal e toda a turma, para fazer um último show e salvar o Muppet Studios de um barão do petróleo que pretende destruí-lo. O retorno foi um sucesso: rendeu mais de 165 milhões de dólares na bilheteria, um Oscar de melhor canção original, e claro, uma sequência.

I’M NUMBER TWO, HE’S NUMBER ONE

Mas antes de falar sobre o filme em si, tenho que te comentar que graças à mãe-de-todos e evil overlord Disney, que é dona dos Muppets e da Pixar, o curta de abertura nos levou de volta à Universidade Monstros. Chamado de Party Central, o curta mostra Mike, Sulley e seus irmãos da Oozma Kappa literalmente trazendo a festa para onde eles estão. Como é de se esperar, o curta é muito bem feito e muito engraçado. Deu até vontade de rever a monstruosa prequência.

WE’RE DOING A SEQUEL

Voltando ao assunto, Muppets 2: Procurados e Amados (outra vítima dos famigerados títulos nacionais) é uma sequência literalmente direta, retomando a partir de onde os créditos começaram a subir no primeiro. Agora, com a gangue reunida e de volta à ativa, o desafio é decidir o que farão em seguida. A melhor sugestão vem do simpático e totalmente não-suspeito gerente Dominic Caramau, que propõe levar os Muppets para uma gloriosa turnê mundial, passando por Berlim, Madrid, Dublin e outras cidades européias. O que eles não sabem é que Dominic é o parceiro de Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, que acontece de ser a cara do Caco Kermit. Seu plano maligno é se aproveitar desta semelhança para cometer o crime do século e mandar seu doppelganger do bem para a cadeia em seu lugar.

Desta vez, Jason Segel e companhia não voltam, mas em compensação, temos o sempre excelente Ricky Gervais (o criador de The Office) como o Caramau, e a tremendíssima Tina Fey (de 30 Rock) como Nadya, a chefe da guarda da terrível prisão siberiana onde o pobre Kermit vai parar. E no rastro do grande Constantine temos o Agente Napoleon, da Interpol, interpretado por Ty Burrell (o Phil, de Modern Family). Ele, que é um estereótipo francês ambulante (lembrando muito os filmes da Pantera Cor-de-Rosa, inclusive), ganha como parceiro ninguém menos que Sam, a Águia, que é o típico “tira estadunidense”. A parceria rende muitos momentos hilários.

Os atores humanos parecem ter se divertido horrores fazendo o filme, e isso transparece. Os três núcleos, cada um à sua maneira, brincam com todo tipo de clichês cinematográficos, como os filmes de fuga da prisão, o vilão russo clássico da época da Guerra Fria e os filmes noir. Várias situações que a gente conhece de trás para frente são “homenageadas” aqui, e assim eles conseguem fazer uma história bem bobinha funcionar, sem se levar a sério em nenhum momento e da forma mais cartunesca possível para um filme em live-action.

O anterior nos contagiou com a emoção de trazer de volta esses personagens tão queridos, e quem curtiu isso pode sentir falta de toda aquela fofura nostálgica. Pessoalmente, eu gostei ainda mais deste aqui, que deixou de lado a parte mais sentimental para focar no que eles fazem de melhor: a comédia. Afinal, eu acho que o que faz Os Muppets] serem tão especiais é que eles têm esse senso de humor cheio de ironia e sátira, mas ao mesmo tempo super inocente e sem qualquer cinismo. É muito difícil, principalmente hoje em dia, achar comédias tão inofensivas que sejam genuinamente engraçadas, e é exatamente o que temos com a cria de Jim Henson.

Eles já tinham conseguido capturar muito bem esta característica no primeiro, mas neste as piadas vêm com muito mais frequência. Por exemplo, se antes os personagens já quebravam a quarta parede com piadinhas sobre apressar as coisas usando uma montagem ou “viajando de mapa”, aqui temos um número musical inteiro intitulado We’re Doing a Sequel. Foi liberado um clipe com parte dele, e eu vou colocá-lo aqui porque ele é uma verdadeira pérola metalinguística (e tem em versão dublada também, se preferir):

Tivemos mais músicas dessa vez, e todas elas ótimas. Fiquei cantarolando o dia todo depois da cabine. O responsável por elas foi novamente o compositor Brett McKenzie, o mesmo que roubou o Oscar de Rio com a música Man or Muppet em 2011.

TOGETHER AGAIN

Outra coisa que também aumentou exponencialmente aqui foram as participações especiais. Algumas delas são maiores e mais expressivas, como o impagável trio de presos composto por Jemaine Clement, Ray Liotta e Danny Trejo; mas a grande maioria foi coisa de segundos, só para mostrar a cara mesmo. Nesta categoria, tivemos uma enorme e eclética mistura de celebridades. Perderia a graça se eu contasse, mas para o delfonauta ter uma ideia, vai de Christoph Waltz a Celine Dion, passando pelo rapper P. Diddy e, para minha alegria, pelo Tom “Loki” Hiddleston, adornado com um glorioso bigodón. Pena que ele nem chegou a ter falas.

Alguns podem argumentar que as participações foram muito gratuitas e desnecessárias. Por outro lado, só ir pegando as referências e notando cada rosto conhecido acaba sendo divertido, e eu tenho certeza que ainda vou perceber mais algumas quando assistir outra vez. E eu provavelmente vou assistir outra vez, porque fazia muito tempo que eu não ria tanto no cinema. Sendo assim, está recomendado. Claro, com o preço dos ingressos hoje em dia, é compreensível se você achar que este é o tipo de filme que é melhor deixar para ver quando sair em DVD. Mas se você precisar de um programa mais familiar, esta é uma opção que vai entreter você e os pequenos igualmente.

CURIOSIDADES

– A primeira aventura cinematográfica dos Muppets, que saiu em 1979, contava a origem do grupo, acompanhando Kermit enquanto ele conhecia cada um dos membros e como eles conseguiram seu primeiro contrato hollywoodiano. O reboot de 2011 prestava grandes homenagens a este filme, trazendo de volta inclusive o tal contrato.

– Na mesma linha, esta sequência homenageia o segundo filme dos Muppets, que se chamava A Grande Farra dos Muppets, era muito menos fofo e bem mais histérico, e mostrava a turma investigando um roubo de jóias. Será que isso significa que o próximo passo da franquia será mais parecido com Os Muppets Conquistam Nova Iorque, o terceiro filme?

REVER GERAL
Nota
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Joanna Lis
Delfonauta desde pré-adolescente, se tornou delfiana oficialmente em 2012. Não consegue gostar de nada casualmente e estuda Letras só para adquirir base teórica para fazer melhor o que sempre fez por hobby: analisar obsessivamente e escrever longas dissertações sobre Cultura Pop.
muppets-2-procurados-e-amadosPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Comédia <br> Roteiro: James Bobin e Nicholas Stoller<br> Elenco: Ricky Gervais, Tina Fey e Ty Burrell.<br> Diretor: James Bobin<br> Distribuidor: Disney<br>