No meio do nada no Mississipi, um sujeito chega com a família para realizar seu sonho de ser fazendeiro. Enquanto isso, acompanhamos também a saga de um de seus empregados negros e sua família. Estamos na década de 1940, época de segregação racial nos EUA.

Muito resumidamente, esta é a sinopse de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi, mais um Oscarizável a tratar da questão racial. É basicamente a história de duas famílias, uma branca e outra negra. E embora as duas se encontrem na mesma situação difícil, só a questão da cor da pele já torna as coisas melhores para a família branca.

No meio disso, tanto o irmão do fazendeiro branco quanto um dos filhos do empregado negro vão lutar na Segunda Guerra Mundial. Quando retornam, começam uma improvável amizade, que vai incomodar bastante os racistas locais.

A melhor maneira de definir este filme é como um novelão. As situações que não avançam, ou avançam em passo de tartaruga, são parecidas, o número gigantesco de personagens também é mais condizente com este formato, a condução dramática também é mais folhetinesca. Sério, se os EUA tivessem cultura de novelas, Mudbound certamente não teria virado filme.

Delfos, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi

Ele ainda é não intencionalmente engraçado no começo, quando a voz narrativa começa a saltar de um personagem para outro a cada cinco minutos. Nunca vi tanta gente se alternando na narração de um filme. Tem voz em over de uns cinco ou seis personagens diferentes. É muito excessivo. Fiquei imaginando que a qualquer momento iria entrar o Forrest Gump narrando: “my momma always said life was like a box of chocolates“…

Também é desnecessariamente longo e bastante parado. Como disse, é andamento de novela, onde demora séculos para acontecer algo realmente relevante. Embora o tratamento aos personagens e suas situação sejam até mais bem resolvidos e menos simplistas que outros Oscarizáveis que tratam de questões raciais, como esse aqui, por exemplo, o ritmo devagar quase parando não ajuda em nada a torná-lo mais atraente.

Só no final a coisa fica mais movimentada e pesada, mais interessante mesmo, mas aí já são de fato os minutos finais da película. De resto, a coisa é bem “mé”, para ser bonzinho. Como ele é chato e arrastado, acaba sendo pior que um filme nada.

Definitivamente, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi não é para mim, mas se você gosta da linguagem das novelas e este tema o interessa, pode ser que valha uma arriscada. Se estes elementos não são do seu gosto, parta para outra.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
mudbound-lagrimas-sobre-o-mississipiTítulo original: Mudbound<br> País: EUA<br> Ano: 2017<br> Gênero: Drama<br> Duração: 134 minutos<br> Distribuidora: Diamond<br> Direção: Dee Rees<br> Roteiro: Virgil Williams e Dee Rees<br> Elenco: Garrett Hedlund, Carey Mulligan, Jason Clarke, Jonathan Banks e Mary J. Blige.