Missão Madrinhas de Casamento

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Pelas bolas de Scottie Pippen, nós precisamos de uma mulher no DELFOS. É muito injusto que homens viris e machões como nós tenhamos que assistir e escrever sobre filmes feitos exclusivamente para o sexo feminino.

Pior que eu sei que é justamente quando a gente sofre que o delfonauta mais se diverte, então possivelmente se tivéssemos uma mulher na equipe, ela acabaria escrevendo sobre Os Mercenários e o Guilherme continuaria sendo requisitado para falar de Crepúsculo.

Um soldado não pode reclamar de suas missões, então lá vamos nós assistir a Missão Madrinhas de Casamento, com a cabeça aberta e fazendo o possível para gostar dele. E, por um tempinho, isso até pareceu possível.

Esta é a história de uma moça interpretada por Kristen Wiig. Ela tem um fuck friend, seu negócio acabou de falir e sua melhor amiga está prestes a casar. Embora eu não tenha me identificado com ela, deu para identificar que o roteiro brinca com as inseguranças comuns em mulheres de trinta e tantos anos, e achei isso legal.

Até as piadas estavam boas. Ok, tem aquele momento obrigatório da diarréia que dá a maior vergonha alheia, mas quando não investe em fluidos corporais, até que temos aqui um filme engraçado. A cena em que ela tenta irritar o policial, especialmente, é de gargalhar.

Carece de um pouco de timing, é verdade. Com um elenco composto basicamente de comediantes do Saturday Night Live, as piadas e a química entre as atrizes têm a ver com o programa mais longevo da TV estadunidense, para o bem ou para o mal. Em alguns momentos, parece até que o elenco fica esperando as risadas do público, prolongando piadas que não eram engraçadas desde o início.

Mas até aí tudo bem, valia pelo entretenimento. O problema é que o negócio é ridiculamente genérico. É praticamente uma versão feminina de Se Beber, Não Case. Dá até para imaginar o Zach Galifianakis no papel da gordinha, por exemplo.

Ao contrário da sua fonte de inspiração, no entanto, aqui temos um festival de clichês. Na tradicional partezinha triste, por exemplo, a protagonista perde o homem, perde o emprego e perde a amiga. Exagero? Imagina, ela nem perdeu a casa. Ei, perdeu a casa sim! Precisava de tudo isso para colocar uma parte triste? Aliás, uma comédia realmente precisa de uma parte triste? O Monty Python e o Leslie Nielsen discordam, e fazem qualquer pessoa rir muito mais do que isso aqui.

Um agravante para os homens é que não existem personagens masculinos fortes. Aliás, existem apenas dois homens no filme – e nenhum é desenvolvido. Temos o bonzinho (interpretado por Chris O’ Dowd, da engraçadíssima série The IT Crowd) e o mauzinho, e ambos são rasos como pires.

Se você é uma das quatro delfonautas femininas, talvez curta bastante esse filme. Mas, pensando bem, se você é uma delfonauta feminina, provavelmente acha uma declaração de amor em élfico extremamente romântico e suas inseguranças são completamente diferentes daquelas apresentadas aqui. Dessa forma, fica difícil indicar este filme para qualquer um que estiver lendo isso, independente do sexo.