Michael Kiske quer abandonar o Rock de uma vez por todas

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Seria cômico se não fosse trágico, mas a eterna lenda do Metal Melódico, Michael Kiske, vocalista do Helloween na melhor época da banda e cantor que influenciou 10 entre 10 vocalistas Melódicos, divulgou uma nota sobre o fim das atividades do Supared, sua banda de Pop Rock. Abaixo você confere a tradução do texto, extraída do site Whiplash! (www.whiplash.net):

“Estou anunciando oficialmente minha retirada em definitivo da cena ‘hard rock’. Estou fora. Neste último disco experimentei algumas sonoridades próximas ao hard, tentando fazer algo que julgasse interessante, mas isto não me levou a nada. Penso que inconscientemente estava tentando ficar em paz com meu passado, mas isto não vai mais rolar. As baixas vendas do álbum de estréia do Supared foram a gota d’água que me levaram a tomar esta decisão. Minha interpretação deste tipo de música não foi aceita. Não quero mais perder o meu tempo e o dos outros. Muito obrigado aos que apoiaram a mim e à banda, lamento se lhes desaponto agora que encerrei este capítulo de minha vida, mas não sou o tipo que insiste nos erros. E um grande ‘foda-se’ para todos que apenas fizeram download do álbum ao invés de adquiri-lo. Estes podem dizer que amam a música, mas na realidade o que estão fazendo é simplesmente destruindo o suporte financeiro das bandas e músicos. Pessoas assim nos fazem acreditar que é verdade que a música de graça vai arrasar a indústria musical. O mesmo ‘foda-se’ vai para todos os críticos que tratam a música como um produto nojento cuja função é agradar ao mercado. Ao invés de tentar compreender o trabalho de um músico e sua missão artística, pensam que podem ditar regras, diminuindo seu poder de decisão perante o público. Enquanto houverem artistas que lutam contra esta ditadura, há esperança. Se vocês vencerem, não haverá espaço no futuro para a verdadeira música. Mas pessoas como vocês não merecem!

Por vários anos houve dentro de mim um conflito muito forte, uma parte de mim dizendo ‘chega!’. Fiquei doente durante as gravações deste último álbum, isto diz tudo. E como todos podem ver, tanto esforço para nada. Por isto, tudo que tenho a dizer é: hard rock nunca mais. Não posso mais me limitar aos ideais do estilo. Encontrei formas artísticas melhores e com ideais mais elevados que a cena metal pode oferecer. E vocês nunca mais ouvirão nada parecido vindo de minha parte. Não pretendo mais discutir assuntos com pessoas que não possuem bom senso, é perda de tempo e energia. Idade não traz sabedoria: um idiota vai se tornar apenas um velho idiota. Da mesma forma, pessoas jovens não são saudáveis apenas pelo fato de serem jovens. Muitas são espiritualmente nulas já na juventude. Ficar restrito musicalmente nos torna tolos, entorpecidos e moralmente incapazes. Se você não concorda comigo, e não gosta do que falo, ok, cada um na sua, por mim tudo bem. Por isso digo novamente: simplesme nte não faço parte do meio metal. Não sou o que o estilo precisa, e não quero ficar limitado ao que o gênero pode me oferecer. Mesmo quando fiz parte do Helloween me sentia um estranho, porque não era o que eu queria. Gostava de metal nos anos oitenta, e ainda gosto de alguns discos, mas não sou o típico headbanger. Mesmo quando extremamente envolvido com metal, ouvia discos do U2, Elvis Presley, Beatles, Eurythmics, Kate Bush, Pat Benatar, música clássica e muito mais. Heresia? Sim, mas fico feliz em constatar que nunca fui bitolado em metal, sempre mantive ouvido atento para boa música. Acreditem ou não, mas estou convencido que esta foi uma das razões do meu sucesso no estilo, pois minhas raízes vinham de fora. O gênero não representa tudo para mim, meu amor por Deus, Cristo, liberdade e pela humanidade é que representam. Devemos praticar atos nos quais acreditamos. Se você não segue suas convicções, está morto. Uma pessoa que não segue suas crenças ou até mesmo não têm ideais seg ue uma existência vazia, não importa quão elegante ou moderno possa parecer. Mas não vou julgar alguém que não mantenha nenhuma crença, não há nenhuma recompensa por isso.

Como disse uma vez Carlos Santana: o que importa é o que fazemos em nossa vida dedicando energia, luz e amor.

É isso, Paz!”

O que posso comentar? Que Michael está cuspindo no prato que comeu? Que ficou desiludido com o Rock (mesmo que seu último cd caia mais pro lado pop…)? Que vai começar a trabalhar com música eletrônica? Não há palavras para expressar o que Mr. Kiske significou para o Metal mas também não há muito o que comentar sobre um texto desses que praticamente renega seu passado…

Eu desejo muita sorte e paz à Michael porque, com certeza, o que ele já fez pelo Metal não será esquecido, mas torço para que ele não caia nas garras da “indústria da música comercial” que ele mesmo critica tão ferozmente.

(Nota do Carlos: Eu vejo de outra forma. A decisão mais comercial para ele seria montar uma banda de Metal e cantar da forma que todos gostamos. Mas o cara prefere ser honesto consigo mesmo e com os fãs dizendo que prefere não voltar para o Metal, já que não se considera um headbanger real. Cara, cá entre nós, quer uma atitude mais Metal que essa? Ser Metal é ser honesto, ter paixão naquilo que faz e se divertir com isso. O estilo de música é só um detalhe).

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).