Marilyn Manson – Eat Me, Drink Me

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Isso mesmo que você leu, caro delfonauta. Gothic rock. Marília Mansão resolveu revolucionar: fez um álbum para vampiros e afins. Até aí tudo bem, mas o resultado nem chega aos pés de um álbum como The Golden Age Of Grotesque que foi muito (mal) criticado. Quando adquiri o CD, olhei o encarte e o booklet e constatei as ótimas fotos e produção, além de ter olhado também as letras. Mas ao apertar play

Vou diretamente ao ponto. O álbum abre com If I Was Your Vampire, que logo me atraiu. Tem uma letra ótima e as linhas vocais de Manson, que mais sussurra do que canta, ficaram muito bem para a ocasião. E o refrão então? Matador. Os backing vocals estão perfeitos, principalmente no final da música, no trecho: “This is where it starts, this is where it will end… Here comes the moon again”. Destaco ainda os teclados e a bateria. A melhor música do álbum. Pronto, acabou. Agora vêm mais dez faixas, de medianas a horríveis, que comprometem todo o conjunto.

A primeira na seqüência é Putting Holes In Happiness, que começa com uma linha mais calma provada pela guitarra. Manson continua sussurrando, mas posso dizer que os vocais continuam bons. O problema é o ritmo, guiado pelo teclado e uma batida chata de bateria, que se torna repetitivo demais. Existe apenas um ritmo só na música toda. Apenas há um solo de guitarra até interessante, que dura por volta de 53 segundos.

Chega The Red Carpet Grave. Seu ritmo é guiado pelas guitarras que produzem alguns solos, o que até me surpreendeu, já que não é do feitio de Manson. Os vocais já não estão tão bons e no refrão ficam totalmente desconexos, acabando com a música mesmo.

They Said That Hell’s Not Hot é ruim, mas ruim mesmo. Começa com uma batida parecida, mas mais leve do que a de Putting Holes In Happiness. O refrão é horrível, daqueles que você jura que nunca tocariam ao vivo (coisa que Manson fez, infelizmente) e que fica se repetindo até o final da música, “obrigando o ouvinte a passar para a próxima”. Já que aqui prevalecem músicas arrastadas, vem Just A Car Crash Away. Até simpatizei com ela e não tem o refrão tão angustiante como na faixa passada. Tem um retorno de bateria único, ou seja, só tem um único ritmo. No início da música, há apenas os vocais de Manson e os toques de bateria e, gradativamente, as guitarras e o teclado vão aparecendo. É uma boa faixa. Manson foi competente em algo de “gótico” nessa.

Heart-Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand), um título enorme e a música não tão boa assim. Começa com uns toques rápidos de bateria com o teclado até que vêm os vocais que sincronizam bem com os toques. Agora, caro delfonauta, saiba que essa linha teclado/bateria fica até o final da música, mudando por alguns segundos, com a inclusão de uma guitarra baixíssima. Começa Evidence, com uma linha menos fresca do que They Said That Hell’s Not Hot. Tem até uns lances de guitarra quando se aproxima do refrão, que também é audível. Mediana.

Are You The Rabbit? tem uma letra proveniente de livros infantis, só pode ser. Começa com um som de estalar de dedos, passa para a bateria e para a guitarra ritmada, que lembra algo de Antichrist Superstar. Os vocais de Manson, mais sibilante do que nunca, ficaram muito bem para a ocasião do tipo “músicas lentas, mas com algum ritmo”. Achei interessantes as variações, que no início é uma, perto do refrão é outra, no final da música é outra e tal.

Mais uma: Multilation Is The Most Sincere Form Of Flattery. Essa é mediana, com uma variação de guitarras bem interessante do meio para o final da música. Próximo ao refrão há algo legal com a guitarra que lembra Evidence. Mas isso se mantém até o final, então eu destaco a maior inclusão de guitarras.

You And Me And The Devil Makes 3 é muito estranha. Os vocais então, nem se fala. De uma parte lenta passa para o refrão, que não é tão pesado assim. Mas a música é legal, principalmente pelo refrão, que parece ter sido composto para shows.

Como última faixa, Eat Me, Drink Me não possui nenhum momento pesado. Toda a música é guiada por alguns sons de fundo, teclados, vocais e bateria. A guitarra é praticamente esquecida. A letra, em contrapartida, é ótima. O ritmo também não é tão maleável, mantendo-se do início até quase no fim, pois no final há apenas os vocais de Manson para encerrar. Quem desejar a versão limitada, encontrará uns remixes, dos quais não gostei, de Heart-Shaped Glasses e uma versão acústica de Putting Holes In Happiness que ficou ótima (já que é acústica).

Infelizmente Eat Me, Drink Me não cumpriu o seu papel. Parece ter sido feito “nas coxas”. A produção é ótima, mas as músicas viraram piadas em composições fraquíssimas. Quem ouve este, perde o interesse e talvez nunca saiba que Mansão fez petardos como Mechanical Animals e Antichrist Superstar. O maior problema desse álbum é a repetição, que faz as músicas parecerem iguais. Além disso, são doze faixas: menos canções do que nos outros álbuns, mas quem está ouvindo vai sempre passar para a próxima, a próxima até a última – que é a faixa-título – que encerra o álbum de forma deprimente. Realmente, o pior álbum de Mansão.

CURIOSIDADES:

– O visual de Evan Rachel Wood no vídeo de Heart-Shaped Glasses foi inspirado no filme Lolita, de Stanley Kubrick. Principalmente nos óculos em forma de coração. Pasmem: Wood era namorada de Mansão.

– O álbum foi todo dedicado ao romantismo, em especial a segunda fase do romantismo literário. Mansão deixa isso bem claro nas letras e nos sites que promoveram Eat Me, Drink Me. Para quem tiver curiosidade, alguns desses sites ainda estão online.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
marilyn-manson-eat-me-drink-meAno: 2007<br> Gênero: Rock Gótico<br> Duração: 52:22<br> Número de Faixas: 11<br> Produtor: Marilyn Manson e Tim Skold<br> Gravadora: Interscope<br>