Land of the Dead – Road to Fiddler’s Green

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Miolos! Finalmente um dos filmes mais tremendões do ano passado ganha uma versão para games (curiosamente chega junto com a edição estadunidense do DVD e não com o lançamento nos cinemas como de costume). Dezenas de jogos de zumbis já foram lançados, mas devo admitir que este foi o único deles a me deixar realmente ansioso pelo simples motivo de ser o primeiro baseado nos verdadeiros zumbis: aqueles das obras do George Romero. Claro, claro. Outros jogos como Resident Evil, Alone in the Dark e House of the Dead se basearam claramente nos filmes do zumbi-mor, mas eles sempre traziam mutações genéticas, super-zumbis, zumbis com bazucas e coisas do gênero. Agora pela primeira vez (pelo menos que eu saiba) podemos exterminar aqueles zumbis que andam devagar e ficam produzindo sons imbecis.

Aí está a graça de Land of the Dead. O máximo de diferença que tem entre um zumbi e outro é que alguns deles conseguem carregar algumas armas, como pás ou machados. Outros têm o poder de vomitar em você. Mas tirando isso, eles só querem mesmo morder e arrancar seus miolos. Mas não se afobe, como já era de se esperar, você não vira zumbi quando leva uma mordida, apenas perde energia. Outros personagens que você encontra pelo caminho, contudo, não têm a mesma resistência e podem virar zumbis caso sejam brindados com a saliva mortal.

O começo do jogo é bem emocionante e, principalmente, difícil. Você nota alguém na sua fazenda e vai lá ver o que o cara quer. Ao chegar lá, você descobre que ele quer miolos. Você vai correndo pegar seu rifle enquanto o zumbi vai atrás quebrando todas as portas que você fecha. Após matar ele, vem mais um bando de “miolentos”. Sua munição acaba. Corra para pegar o revolver, que vai permitir que você “mate” os outros mortos. Depois disso, a melhor opção é ir para a fazenda do vizinho na fase mais assustadora de todas, onde a sua visão é limitada por um milharal. Os zumbis chegam perto e você só sente a presença deles quando eles decidem sentir seu gosto.

Parece legal, né? Pois é, mas eu não gostei. A munição desse início é excessivamente limitada, principalmente pelo fato de você só ter duas armas (falo mais sobre isso em breve), o cara que você controla é quase tão lento quanto os zumbis e agüenta correr muito pouco tempo antes de ter que parar para descansar.

Os gráficos são de medianos para ruins e o som também não ajuda. A jogabilidade é um desastre e a mira não funciona direito (tem horas que você atira na cabeça e o zumbi perde um braço) Tecnicamente, Land of the Dead é ainda mais B do que os filmes, o que é estranho, já que os filmes de Romero influenciaram games que são verdadeiras superproduções. Na verdade, parece até aqueles jogos que vêm com revistas por 10 ou 15 reais, manja?

Mas se tem tantos defeitos, como que esse jogo levou 4 Alfredinhos? Sabe aqueles que você começa a gostar pela teimosia? A primeira impressão é ruim, mas com o tempo, a diversão começa. Se as três ou quatro primeiras fases me deixaram com uma má impressão, essa foi sumindo aos poucos até que eu realmente comecei a gostar dele.

Tinha acabado de terminar Doom 3 quando comecei a jogar Land of the Dead. Se, por um lado, o “choque técnico” foi considerável, por outro foi legal parar de lutar contra bichos super poderosos e imensos para matar uns carinhas mais fracos que eu. Aliás, esse jogo segue o caminho inverso da grande maioria. Começa difícil (pela falta de armas e munição) e vai ficando cada vez mais fácil conforme você vai encontrando novas armas.

Das armas do jogo, a grande maioria é quase inútil. O rifle, por exemplo, é lento e fraco. A escopeta, tradicionalmente a arma principal dos FPS da vida, é um cocô grande e com bolinhas azuis. Até o sniper fica relegado a segundo plano, já que só serve mesmo para matar zumbis que estão muito longe. Por outro lado, o famoso trezoitão, que costuma ser a arma mais fraca é a segunda melhor. A melhor é a metranca e eu digo: poucas coisas no mundo dos games são mais prazerosas do que metralhar um zumbi, arrancando seus braços e pernas e, por fim, exterminando o cotoco que se movimenta no chão à procura de miolos. Infelizmente, como a munição é muito limitada, você não vai poder ficar alternando apenas entre o revólver e a metralhadora e terá que usar também as armas mais fracas, como o rifle. Em alguns casos, principalmente no começo do jogo, você vai ficar completamente sem munição e limitado a armas de curto alcance, como pás, bastões de baseball e o machado (a melhor e mais divertida).

As fases até que variam bastante, embora eu dispensaria as chatíssimas partes do esgoto (que mania esses programadores têm de colocar esgoto em jogos). Passamos por prisões, delegacias, hospitais, teatros e, finalmente, Fiddler’s Green, o local onde os ricaços moram no filme em que o jogo é baseado. Aliás, a história aqui se passa antes de o Fiddler’s Green ser habitado por humanos e você é um dos responsáveis por isso ser possível, a mando do Kauffman. Aliás, alguém pode me explicar se, no final das contas, o protagonista conseguiu sua casa lá conforme prometido?

A história até que é legal e lembra bastante os filmes do gênero. Você encontra outros personagens no caminho e tem algumas fases bem legais, como a que você fica no topo de um prédio matando os zumbis com o sniper. Um dos grandes trunfos do jogo é que, ao contrário de Doom 3, ele não é muito longo. Os caras sabiam que não estavam com uma obra-prima nas mãos e talvez por isso mesmo, deixaram o jogo relativamente curto. Um Bruno Sanchez provavelmente mataria ele em umas 4 horas. Um Carlos Eduardo Corrales conseguiu tirar alguns dias de diversão. E agora resta aos grandes fãs de zumbis aguardarem pelo próximo lançamento baseado na obra de Romero, esse sim com ares de superprodução: George Romero’s City of the Dead, que já foi adiado várias vezes e que agora está marcado para outubro. Nesse, o próprio cineasta se envolveu. Fique ligado no DELFOS para ler nossa opinião sobre ele assim que botarmos as mãos no dito cujo.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
land-of-the-dead-road-to-fiddlers-greenAno: 2005<br> Gênero: FPS<br> Plataforma: Xbox, PC<br> Fabricante: Groove<br> Versao: PC<br> Distribuidor: Brainbox<br>