Knockout League, Delfos

Por mais que eu seja um cara que valorize novas ideias e experiências, não dá para negar que há algo bem cômodo no familiar. Algumas coisas se esforçam muito para imitar outras, e acabam se tornando especiais justamente por causa disso.Knockout League

É o caso, por exemplo, do Hammerfall, banda sueca dos anos 90 que tinha como proposta imitar os clichês do heavy metal alemão dos anos 80, e com isso se tornou especial. Adivinha só: Knockout League é tão familiar para os fãs de games quanto o Hammerfall é para escolados no metal. E sua influência não poderia ser mais clara: o clássico da Nintendo, Punch-Out.

PUNCH-OUT

Knockout League, Delfos
Não dá para bater no instrutor. Eu tentei.

Se você já jogou a versão de Wii de Punch-Out, consegue ter uma ideia perfeita da sensação de jogar Knockout League. Ele é jogado com os dois Moves, cada um perfazendo uma de suas mãos, e consiste em uma sequência de lutas de boxe contra simpáticos personagens cartunescos, cada um com pontos fracos e comportamentos específicos.

As lutas são ao mesmo tempo simples e divertidas. Normalmente elas envolvem desviar de um ataque, o que faz seu desafeto te olhar com uma cara extremamente socável.

Knockout League, Delfos
Hein?

Esta é a deixa para você encher aquela cara de socos, o que é deveras divertido, muito por causa do carisma dos personagens e suas excelentes animações.

Knockout League, Delfos
Soca, soca, soca!

A luta termina quando você ou seu oponente forem nocauteados três vezes, ou quando o tempo acabar. Pelo que percebi na minha jogatina, quando o tempo acaba você sempre perde, mesmo que esteja ganhando.

KNOCKOUT LEAGUE

O maior elogio que posso fazer aqui é considerável, especialmente quando me lembro das críticas que fiz aos últimos jogos de VR que resenhei por aqui: ele funciona direitinho.

Se você já brincou com VR, sabe como é comum o jogo ir aos poucos se descentralizando, o que seria fatal aqui, considerando a importância de ter seu oponente no meio da tela. Felizmente, isso não acontece, o que é surpreendente se levarmos em conta o quanto você se mexe aqui.

Knockout League, Delfos
Os lutadores são todos bem diferentes e simpáticos.

Knockout League é um jogo bem ativo. Você está o tempo todo agachando e desviando e não estranhe se você reparar que está colocando força de verdade nos seus socos. Isso é legal por um lado, já que torna o jogo uma possibilidade real de perder calorias (e ele inclusive conta quanto você perde a cada atividade, usando sua altura e peso como parâmetros).

Por outro lado, ele vai fazer você suar. E se suar treinando na academia já é inconveniente, você com certeza consegue entender quão chato é suar tendo um capacete de VR preso na sua cabeça. A toda hora eu tinha que passar uma toalha simplesmente para o negócio não ficar pingando, e admito que eu tenho preocupações do efeito que o suor pode ter no equipamento, uma vez que me surpreenderia muito se a Sony tivesse feito o PS VR à prova de água.

Knockout League, Delfos
Nocaute!

Mesmo que você não sue tanto, o fato de o jogo exigir movimentação rápida e frequente também não é compatível com a quantidade de fios que envolve o PS VR. Era comum eu arrancar meus fones de ouvido e ter que passar o resto da luta sem ouvir nada, uma vez que o jogo inexplicavelmente não tem pausa.

Tirando a ausência de pausa, no entanto, todo o resto é um problema de hardware, não de software. E o software, o jogo em si, é o que impressiona. Ele não só funciona direitinho tecnicamente, sem as arestas comuns ao VR, como também é super bonito.

CARTOON

Eu gosto muito do seu visual cartunesco, e os lutadores são bem detalhados e cheios de personalidade. O VR contribui bastante para o senso de imersão, e chega a dar até um medinho você estar saindo na mão com um simpático pirata que parece ter mais de dois metros. Especialmente porque você fica realmente perto deles durante a luta, e os efeitos na tela quando você leva um soco contribuem bastante para que você sinta cada porrada.

Knockout League, Delfos
You fight like a dairy farmer!

Também tem um monte de pequenos detalhezinhos legais. Quando você levanta as mãos, por exemplo, a plateia vibra. Você pode fazer isso tanto após nocautear o oponente quanto no meio da luta mesmo, o que deixa tudo mais engraçado. Lembra aquela turma de luta livre, que ao invés de se preocupar com o perigo real e imediato, se concentra em animar a galera.

Knockout League, Delfos
How appropriate. You fight like a cow.

Antes de cada luta você também tem a possibilidade de assistir um desenho – em 2D mesmo – apresentando o próximo lutador, e eles são bem legais.

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E esse cara é brasileiro ainda por cima.

QUE MAIS?

O jogo tem nove lutadores, e as coisas vão ficando bem difíceis bem rápido. Seria legal se ele tivesse algum modo de ajuda mostrando o que você está fazendo errado. No pirata, por exemplo, eu sentia estar desviando do ataque completamente e mesmo assim era atingido. Se não sei o que estou errando, fica difícil de corrigir.

Você vai fatalmente travar em alguém antes de terminá-lo, e felizmente o jogo traz também alguns minigames. Você pode, por exemplo, bater num saco de pancada seguindo as orientações do instrutor ou então socar um monte de porcaria jogada na sua direção.

Knockout League, Delfos
Tipo assim.

Este minigame é bem legal. Bexigas azuis devem ser socadas com a mão esquerda e vermelhas com a direita. Você também precisa desviar ou defender outros objetos jogados na sua direção. É impossível não lembrar de Fruit Ninja. Um Fruit Ninja com socos!

Não importa o modo de jogo, Knockout League sempre vai ser visualmente interessante e com músicas bem legais. Eu não sei qual foi o orçamento da turminha da Grab Games para este jogo, mas em uma plataforma habitada quase completamente por jogos de baixo orçamento, Knockout League tem cara de AAA. Digo mais, ele funciona melhor e é bem mais agradável de ver e ouvir do que o próprio The Inpatient, que chega como um grande exclusivo da plataforma.

A maior força de Knockout League talvez seja a sua principal fraqueza. O que temos aqui não é único, de forma alguma. Na verdade, se ao invés de esta resenha toda eu simplesmente tivesse escrito “Punch-Out em VR”, você teria uma excelente noção de como é o jogo. Assim, basta pensar se esta descrição lhe agrada. A mim agrada bastante, o que torna Knockout League uma das experiências mais divertidas e descompromissadas disponíveis no PS VR até o momento.