O Kings of Leon havia perdido um pouco do respeito da crítica, pois seus dois últimos discos (Only by the Night, de 2008 e Come Around Sundown, de 2010) foram amplamente considerados muito coxinhas. O que culminou no single Sex on Fire virando música de balada de playboy.
Como que para dar uma resposta aos críticos e recuperar as raízes, Mechanical Bull é praticamente um resgate do som que o KoL fazia em seus primeiros discos. Rock n’ roll direto e sem muita frescura, exemplificado já nas três primeiras faixas do álbum, que o abrem de maneira bem energética. São elas as vigorosas Supersoaker, Rock City e Don’t Matter.
As músicas mais lentas, não necessariamente baladas, mas qualquer uma com um andamento mais desacelerado ou cadenciado, as quais nunca foram o ponto forte da banda dos irmãos (e primo) Followill, demonstram uma boa evolução, como comprovado nas tranquilonas Beautiful War e Wait for Me.
Family Tree, com sua linha forte de baixo, e Comeback Story trazem de volta aquele gostinho caipira da banda, reaproximando-a da sonoridade do Southern Rock que havia ficado bem mais em segundo plano nos últimos álbuns.
Outras canções, como Temple, Tonight, Coming Back Again e On the Chin, se não possuem a mesma força do resto do tracklist, também não comprometem, e ficam numa média positiva quanto à qualidade, auxiliadas pela boa produção do disco.
O Kings of Leon, é notório, sempre fui uma banda que soa bem melhor em disco que ao vivo. Ainda hoje suas apresentações são bem mal avaliadas. Eu estive na primeira passagem deles pelo Brasil, no Tim Festival, e posso dizer: foi uma das coisas mais tristemente fracas e sem carisma que já vi.
Mas se em cima de um palco eles são horrorosos, seus discos são sempre bem legais, com uma quantidade acima da média da maioria das bandas atuais de músicas boas por álbum. O Kings of Leon é daqueles que poderia facilmente tirar cinco ou seis músicas de trabalho de cada disco.
Mechanical Bull mantém essa média. Ele não tem grandes pretensões a não ser acrescentar mais um bom conjunto de canções para o repertório da banda e não inova, preferindo se voltar ao que eles já mostraram no passado do que apontar um novo caminho para o futuro. Por conta disso, não é exatamente um baita disco. Mas se a ideia era simplesmente se reconectar aos seus primeiros trabalhos e apresentar boas músicas, neste caso funciona muito bem.