Jack Reacher – O Último Tiro

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É sempre bom quando a gente acha que vai assistir a um troço genérico até no nome, como Jack Reacher (e o subtítulo nacional O Último Tiro não ajuda em nada a mudar essa impressão), e no fim das contas acaba se surpreendendo com um filme bem bacana.

Mais do que bacana até, o novo longa do Tom Cruise tem algumas características típicas dos melhores Testosteronas Totais da década de 80 e o Arnoldão, no auge da forma, não ficaria nem um pouco deslocado se fosse protagonizasse, ao invés do Sr. Cruzeiro.

A trama mirabolante começa com um sujeito que abre fogo contra uma galera. Ele é preso e todos querem que ele pegue pena de morte, exceto sua advogada de defesa, que vai batalhar pela prisão perpétua. Acontece que o cara pede para chamarem um tal de Jack Reacher, um ex-militar e sinônimo de badass. E logo que João Alcançador aparece, não demora a desconfiar que tem alguma coisa errada nessa história.

Ele logo vai ajudar a advogada a provar que o sujeito não só é inocente, como há uma grande conspiração envolvida por trás do tiroteio. Mas claro, até ele descobrir isso, vai rolar muita porrada, perseguições e trocas de tiros. Precisa de mais alguma coisa?

Na verdade, precisa, e o filme entrega. Esse aqui é um dos filmes de ação recentes mais bem humorados que me lembro de ter assistido nos últimos tempos. Jack Reacher é um tremendo fanfarrão e 75% do que ele fala são frases de efeito e tiradas engraçadinhas, disparadas sempre no momento oportuno.

O personagem do Robert Duvall é outro que só faz piada. Pena que ele tenha pouco tempo de tela, e só vá aparecer já quase no final. Até mesmo algumas das cenas de ação são engraçadas sem abrir mão da violência. A luta no banheiro é hilária e um bom exemplo do que estou falando.

É por esse bom humor, aliado às boas sequências de ação e o típico herói tremendão, que sabe que é tremendão e, por isso mesmo, não leva nada a sério, que o filme tem o maior jeitão de anos 80. O problema é que o filme não é assim o tempo inteiro.

Nas partes dedicadas ao avanço da história e das investigações, onde ninguém leva chumbo, o longa assume um tom mais sério que, nem preciso dizer, não é tão interessante quanto seus momentos mais divertidões. São esses momentos mais parados e que teimam em se levar a sério, mesmo com uma trama completamente absurda, que aproximam a produção de um trabalho genérico. Tivesse uns 20 minutos a menos, também ajudaria a manter um dinamismo maior.

Por conta desses fatores, acabou perdendo um Alfredo inteiro. Ainda assim, Jack Reacher – O Último Tiro, está acima da média e garante boa diversão e várias risadas. Uma grata surpresa, no fim das contas. Para apreciadores do gênero (e quem não aprecia?), é um programa mais que recomendado.

CURIOSIDADE:

– O vilão do filme, Zec, é interpretado pelo diretor alemão Werner Herzog, autor de filmes tremendões como O Enigma de Kaspar Hauser, Aguirre – A Cólera dos Deuses, Fitzcarraldo e o mais recente O Sobrevivente.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
jack-reacher-o-ultimo-tiroPaís: EUA<br> Ano: 2012<br> Gênero: Testosterona Total<br> Duração: 130 minutos<br> Roteiro: Christopher McQuarrie<br> Elenco: Tom Cruise, Rosamund Pike, Richard Jenkins, Werner Herzog e Robert Duvall.<br> Diretor: Christopher McQuarrie<br> Distribuidor: Paramount<br>