Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos

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Quando comprei o livro Cidade dos Ossos confesso que não tinha muitas expectativas por ele. Fiquei interessada no filme quando ele foi lançado, e por isso resolvi dar uma chance ao livro (que, para mim, é sempre melhor que a adaptação para o cinema). Enfim, o livro me surpreendeu. E muito! Não sei se em parte porque não esperava nada dele, mas a história é realmente incrível.

Eu explico: Clarissa Fray, ou Clary, é uma menina de 15 anos que vivia uma vida normal em Nova Iorque com sua mãe, e passava grande parte de seu tempo com seu melhor amigo, Simon. Mas, as coisas começam a realmente mudar na vida de Clary quando ela e Simon resolvem ir a uma balada. Lá, a protagonista presencia um grupo de garotos – que tinham uma aparência um pouco estranha – assassinarem outro menino. Mas o problema é que só ela vê essa cena, mais ninguém. Mais informações a partir daqui vão estragar a surpresa do livro. Mas garanto que vale a pena.

A história tem toda uma mitologia por trás que, para mim, foi um pouco difícil de assimilar. Isto se deu principalmente pelo fato de que não diz respeito a histórias já bem conhecidas, como mitologia grega, por exemplo. Cassandra Clare, a autora do livro, cria todo um universo novo que envolve personagens fantasiosos que todos nós conhecemos: mas todos juntos e misturados em um só mundo.

A descoberta de Clary sobre este mundo novo, como eu já disse, pode ser um tanto confusa, já que são muitos seres sobrenaturais e uma cachoeira de informação para o leitor. Todas estas revelações para a protagonista, além dela começar, de um dia para o outro, a ser perseguida por seres mágicos, me lembrou muito a história de Percy Jackson e os Olimpianos. A semelhança para por aí e não interfere na qualidade do livro de Cassandra Clare, justamente por ser um mundo específico criado por ela. Além do que, todo mundo sabe que Percy Jackson não é a história mais criativa do mundo.

Lendo um pouco críticas de outras pessoas sobre este livro, ouvi dizer que muitos acharam Cidade dos Ossos parecido com Harry Potter. Para mim, como eu já disse, ele se assemelha mais com Percy Jackson. Porém, o vilão lembra um pouco o nosso querido Lord Voldemort no sentido de que, pelo que me parece, ele irá se desenvolver ao longo de todos os livros da série Instrumentos Mortais. Já todos os personagens, desde o primeiro livro, estão premeditando sua ascensão, digamos assim. Ah! E falando nisso, Cidade dos Ossos é o primeiro livro da série Instrumentos Mortais que, até então, conta com cinco volumes.

NARRATIVA

Cassandra Clare tem uma narrativa bem solta e fluída. Exemplo disso foi que eu me peguei entediada apenas uma vez ao longo do livro todo. A obra em geral não tem pressa em narrar os acontecimentos, contar elementos dos personagens e mesmo descrevê-los melhor. Então, alguém sem paciência como eu pode ficar um pouco aflito no começo querendo descobrir tudo sobre todos os personagens. Mas, ao longo do livro tudo vai se resolvendo. Outra coisa muito legal na narrativa da autora é o quanto ela é recheada de ironias e piadinhas. Eu ri alto várias vezes lendo o livro, o que pra mim sempre é um ponto positivo.

Falando em personagens, todos são muito bem trabalhados pela autora. Quando um personagem secundário toma importância inesperada na trama, o leitor não fica perdido, uma vez que Cassandra já havia se esforçado para descrevê-lo e situá-lo na história. E aqui fica uma dica: não menospreze os personagens secundários. Todas as personalidades do livro também são extremamente “naturais” e com isso quero dizer que eles travam diálogos normais, que qualquer um teria. Você não vai encontrar em Cidade dos Ossos, por exemplo, um personagem que fale “supimpa”.

Outro ponto que foi extremamente positivo para mim no livro foi que a Clary, protagonista da história, não é nem um pouco indefesa e insegura. Pelo contrario: ela manda as pessoas calarem a boca, se posiciona e se defende o tempo inteiro. E já tava mais do que na hora né? Mesmo o romance que começa a se desenvolver no livro – que eu confesso, era o que eu mais temia – é super natural! Ele vai crescendo junto com os personagens, como aconteceria mesmo na vida de qualquer pessoa. Afinal, ninguém vê um cara lindo na rua e sai correndo atrás dele igual uma louca. Então os personagens começam primeiro com uma amizade (que carrega, inclusive, alguns desentendimentos) para depois evoluir para um romance. E, acreditem, eu me peguei torcendo por eles.

A história se desenrola sem pausas e momentos de tédio para, finalmente, desencadear no final. E que final, meu amigo. Há anos eu não via/lia uma história com um final tão surpreendente quanto este. E a surpresa em torno do final é tão grande porque ela não envolve ação. Falando em ação, ela acontece ao longo do livro inteiro de maneira bem narrada e com uma boa dose de sangue que dá maior legitimidade para as cenas. Afinal, pra mim a coisa mais sem graça de Percy Jackson era que os monstros quando morriam desapareciam ou viravam pó. Mas, realmente, o final é o ponto alto do livro e eu não teria como tirar nenhum ponto dele por conta disso. É realmente incrível e eu recomendo de olhos fechados para uma leitura entretida, divertida e que vai te surpreender. Eu adorei! E eu não falo isso com frequência.

E por fim, queria comentar um pouco sobre a edição e diagramação do livro. Cidade dos Ossos é impresso pela editora Galera Record e eu achei o trabalho um pouco ruim. As páginas do livro são amarelas, o que é ótimo. Mas, por várias páginas do livro as letras eram super grossas, quase como se estivessem em negrito. Só da metade do livro pro final foi que elas afinaram e ficaram normais. Não sei se isso é problema na impressão, ou se a minha cópia que não estava boa, mas ler as palavras com letras em “negrito” não é muito confortável. Faltam alguns pontos finais por aí e começos de frases que não foram impressos. E você encontra aqui e ali algumas palavras borradas. Enfim, coisinha meio de gente chata, mas não dá para passar batido, afinal, livros no Brasil custam caro.