O inteligente e culto delfonauta sem dúvida deve conhecer The Tell-Tale Heart, um dos mais conhecidos contos de Edgar Allan Poe. Publicado em 1843, este conto conta o conto de um sujeito que mata um caboclo e o esconde sob o piso, para depois acreditar que o coração do homem ainda está batendo ali embaixo.
Instinto de Vingança se diz baseado nesse conto, mas só diz isso para chamar atenção, pois na verdade sua história é bem diferente – e muito mais óbvia. Trata-se de um sacripanta que recebe um coração de um doador assassinado. Porém, por circunstâncias completamente deus ex machina, ele começa a cruzar por acaso com os assassinos. Como é normal nesse tipo de situação, o coração assume o controle do protagonista e o faz matar todos eles, um por um e com requintes de crueldade.
Agora apontemos os problemas mais óbvios primeiro: a função do coração é bombear o sangue. Simplesmente não faz sentido que o coração consiga assumir o controle das ações de um sujeito contra a sua vontade. Já que vão mudar a história original, poderiam ter mudado também o órgão transplantado para um que todo mundo sabe que realmente controla as ações dos homens, como o cérebro ou o pênis.
Os personagens também não ajudam, pois nenhum deles tem sequer um traço de carisma e as interpretações são todas no piloto automático. Para você ter uma ideia, a inabilidade criativa é tanta que a única forma que conseguiram encontrar para você simpatizar com uma garotinha fofa é dar a ela uma doença genética horrível, que não tem a menor importância para a história.
História ruim, personagens ruins, o que podemos esperar, então, do roteiro? Bom, ele faz o que pode, se considerarmos as limitações apresentadas acima, mas claro, quando a própria proposta já é capenga, não tem muito espaço para o roteirista melhorar. Pelo menos conseguiram encaixar uma ou duas boas cenas na sua curta duração.
Temos aqui um filme genérico, que grita “Mé” na sua cara a todo momento e não poderia ser feito mais nas coxas nem se tivesse sido escrito em um laptop. Evite.