Aprenda técnicas cafajestes com o nosso especial Indiana Jones:
– Os Jogos do Indiana Jones: É hora de explorar e chicotear seu videogame!
– Os Caçadores da Arca Perdida: Começou aqui a saga do maior arqueólogo do cinema.
– Indiana Jones e o Templo da Perdição: Segure suas batatas!
– Indiana Jones e a Última Cruzada: Você tem esse nome por causa de um cachorro?
– Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal: Se você quer ser arqueólogo tem que sair da biblioteca.
Minha memória é uma coisa estranha. Sou péssimo para guardar fisionomias e já nem me lembro do que fiz ontem. Porém, consigo lembrar vividamente de idas ao cinema de quase 20 anos atrás.
Claro, numa dessas idas das quais me lembro como se fosse hoje, assisti a Indiana Jones e a Última Cruzada. Foi no cinema do Park Shopping, em Brasília, acompanhado de minha mãe, que este então infante nerd conferiu o que durante anos seria o último capítulo da trilogia (hum… trilogias…) do arqueólogo mais tremendão do mundo.
Já havia visto os outros dois filmes e gostava deles igualmente, mas logo após a seqüência inicial de A Última Cruzada este já havia se tornado o meu favorito. Esta cena, que mostra a gênese do jovem Indy (o finado River Phoenix), aos olhos de uma criança, é simplesmente o máximo. Não há como não se imaginar no lugar do protagonista. Obviamente, o resto do filme também é tão bom quanto o início ou ele não teria levado a honraria das honrarias, o Selo Delfiano Supremo, mas creio estar me adiantando, afinal, ainda nem apresentei a sinopse.
Bem, para quem nunca assistiu (como se isso fosse possível, mas nunca se sabe), em Indiana Jones e a Última Cruzada, o objeto de desejo de Indy (Harrison Ford) é nada menos que o Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia. A busca pelo cálice era a obsessão de seu pai, o Professor Henry Jones (Sean “todos me acham o melhor 007 de todos” Connery), que desapareceu durante a investigação de uma pista sobre seu paradeiro. Indiana começa a seguir as pistas deixadas por seu pai na esperança de encontrar o papi Jones e depois partirem juntos para o que pode ser uma das maiores descobertas da humanidade.
No entanto, os nazistas também querem encontrar o cálice para provar sua superioridade. E, segundo a lenda, quem beber dele, ganhará a vida eterna. E como você bem sabe, juntando Indiana Jones e nazistas, temos como resultado seqüências de ação de tirar o fôlego.
Aliás, ao reassistir ao filme para escrever esta resenha, fiquei surpreso com a qualidade de tais cenas. São tão bem orquestradas e os efeitos especiais (sem o arroz de festa que virou o CGI atualmente) old school tão bem feitos que elas chutam a bunda de muitos filmes recentes.
Cenas como a de Indiana Jones enfrentando um tanque de guerra e a dos três desafios que ele precisa vencer para chegar ao cálice (sendo o último deles especialmente bem bolado) são inesquecíveis e tão emblemáticas quanto Indy fugindo da bola gigante em Os Caçadores da Arca Perdida, talvez a imagem símbolo da cinessérie.
Mas nem só de ação vive um filme de Indiana Jones e aqui, além de paisagens exóticas, mulheres fatais seduzidas pelo protagonista (vale lembrar, um autêntico cafajeste), ainda que neste filme seja apenas uma; e o afiado elenco de coadjuvantes, onde se destacam os retornos do atrapalhado Marcus Brody (Denholm Elliott) e de Sallah (John Rhys-Davies, que os mais novos devem conhecer como o Gimli de O Senhor dos Anéis), a franquia ganha muito em humor com o acréscimo de Sean Connery como o pai de Indiana (mesmo que na vida real Connery seja só 12 anos mais velho que Harrison Ford).
Seu Henry Jones é do tipo que não se abala por nada, nem nas piores situações, e sempre tem uma tirada para os momentos certos. E a química entre Connery e Ford é perfeita, com o filho, mesmo adulto, constantemente buscando a aprovação do pai que ainda o trata como criança, chamando-o insistentemente de Júnior.
E claro, há a maravilhosa trilha sonora de John Williams que, além de uma das músicas temas mais memoráveis da história do cinema, ainda cria outras belas melodias para acompanhar a jornada de Indy atrás do Graal.
Steven Spielberg estava inspirado como nunca, numa época onde ele ainda não tinha o moralismo babaca que o levou a trocar armas por walkie talkies nas mãos dos agentes federais na nova edição de E.T. – O Extraterrestre. Pelo contrário, fazia até humor com a violência, como pode ser visto na cena onde Indy mata uns cinco nazistas com um tiro só. E aquele finalzinho onde o cara bebe do cálice errado e se dá mal me deixava apavorado. No momento em que escrevo esta resenha, ainda não conferi o novo filme, mas esse fato de Spielberg querer amenizar coisas negativas me dá um pouco de medo. Torço para que ele mantenha o clima descompromissado de matinê dos filmes anteriores sem limar elementos naturais à história só porque armas de fogo são chatas, bobas e feias.
Além disso, a meu ver, tanto Os Caçadores da Arca Perdida quanto O Templo da Perdição envelheceram um pouco. Vistos hoje, parecem mais paradões do que me recordava nos áureos tempos de infância. Claro, eu ainda os adoro, só estou dizendo que A Última Cruzada foi o único dos três que resistiu a essa impressão, mantendo o mesmo ritmo frenético de aventura e humor a cada nova assistida.
Quando criança, dentre as minhas profissões dos sonhos constava: cavaleiro Jedi, bombeiro, dublê, piloto de MotoGP (eu adorava o fato dos caras caírem da moto e não se machucarem), e obviamente, arqueólogo, devido a este filme específico, onde Indiana Jones atinge o máximo de cool, ou “bacanice”, se preferir.
A trilogia Indiana Jones é uma das melhores do cinema, ao lado de outras tremendonas, como a original de Star Wars, De Volta Para o Futuro e O Senhor dos Anéis, e Indiana Jones e a Última Cruzada em minha singela opinião, é o melhor capítulo e um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Dito isto, só resta torcer que porventura algum maluco que ainda não tenha assistido fique inspirado a correr atrás e esperar que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal faça jus aos anteriores, trazendo de volta toda a emoção que o terceiro exemplar continha. E isso descobriremos muito em breve, se é que já não descobrimos.