Ty the Tasmanian Tiger, Krome Studios, Delfos

Eu nunca tinha jogado Ty the Tasmanian Tiger 2. E eu sinceramente achava que ele era um jogo de plataforma 3D. Talvez em fases, estilo Crash Bandicoot, talvez coletaton, estilo Yooka-Laylee. E você pode me culpar? Trata-se de um jogo de bichinho, colorido, fofinho. Todas as características de um plataforma 3D. Porém, tal qual Tamarin, as aparências enganaram.

Ty the Tasmanian Tiger, Krome Studios, Delfos
Não parece um plataforma 3D?

TY THE TASMANIAN TIGER: MENOS DO QUE UM PLATAFORMA

Ty the Tasmanian Tiger tem, sim, DNA de um plataforma 3D. Mas eu o classificaria primeiramente como um simulador de desperdício de tempo. Peço sua paciência nessa comparação, mas ele me lembrou MUITO No More Heroes.

No jogo em questão, tem algumas fases de ação que são até bacanas, mas entre uma fase e outra você precisa fazer uns “trabalhos” banais (tipo cortar grama), e só assim o acesso à próxima é liberado. Ty the Tasmanian Tiger é assim.

Ele tem alguns mapas relativamente abertos, com estrelinhas salpicadas. Cada estrelinha é uma sidemission. Essas envolvem minigames, como controlar um helicóptero para remontar uma estrada, ou vencer 10 inimigos.

Ty the Tasmanian Tiger, Krome Studios, Delfos
Nesse caso, leve todos os jacarés para o barquinho.

Você deve fazer várias dessas sidemissions até que o jogo libere a próxima fase ou chefe propriamente dito. Daí você vai lá, vence o desafio, e volta para o mapa aberto para repetir o processo. Daí minha classificação de simulação de perda de tempo. Nenhuma dessas atividades, que formam o grosso do tempo de jogo, é realmente divertida ou envolvente. Como a seção de Passatempo em um gibi da Turma da Mônica, são apenas joguinhos simples para você passar o tempo.

RETRONEGATIVO

Isso era um tipo de gamedesign comum na época do PS2, quando Ty the Tasmanian Tiger 2 foi originalmente lançado. O público passou a exigir que jogos durassem bastante tempo, mas criar conteúdo envolvente é difícil. Daí, eles enchiam os games com pequenas atividades que serviam apenas para inflar a duração. E eu já não gostava disso em 2004. Em 2021, simplesmente me falta saco.

Ty the Tasmanian Tiger, Krome Studios, Delfos
A atividade mais envolvente são corridas de kart, que podem até ser escolhidas pelo menu principal.

Apesar de ter um gamedesign que eu vou batizar hoje de “retronegativo”, é curioso como Ty The Tasmanian Tiger parecia tecnicamente bem evoluído para a época. Para começar, o jogo ainda é bonito, e a jogabilidade ainda é bacana.

Ele traz até alguns truquinhos técnicos que eu acho legais até hoje. Em especial a forma como ele mascara loads. Quando você muda de área, fica preso entre duas portas, com uma máquina que fica soltando dinheirinho. Quando o jogo termina, a porta abre, e você está na nova área. Particularmente, eu me lembro de ter reparado nesse tipo de “truque” anos depois, com Dead Space, e é legal ver que jogos mais antigos já usavam isso.

TY THE TASMANIAN TIGER 2 IS NOT A TASMANIAN DEVIL

Ty the Tasmanian Tiger, Krome Studios, Delfos

Eu sinceramente esperava adorar Ty the Tasmanian Tiger, como adorei Spyro ou Crash ao jogá-los pela primeira vez no PS4. Infelizmente, isso não aconteceu. Ele simplesmente não é do mesmo gênero.

Ty the Tasmanian Tiger pode até ser usufruído, mas não por quem espera um jogo de plataforma. O público que curtiria este jogo hoje provavelmente é quem curtiria uma coletânea de minigames e pequenas atividades, não quem procura as deliciosas mecânicas de um plataforma 3D. Se esse é você, pode valer uma olhada.

Ty The Tasmanian Tiger 2 está disponível para Switch, e sairá em breve para PS4 e Xbox One.