Cara, como a cabine da Paris é ruim. É tão pequena que, se você for a décima pessoa a chegar, ficará na primeira fileira. E a primeira fileira é muito mais próxima da tela do que a de qualquer cinema comercial. Dessa vez, eu fui um desses azarados e fiquei tão próximo que conseguia perceber a textura do material.
Mas falemos do filme. O título Heróis é desonesto e passa uma ideia completamente errada do longa. A principio, qualquer um pode pensar que se trata de uma versão cinematográfica de Heroes. Quando percebemos que não é o caso, parece um filme feito para mamar nas fartas tetas (hum… fartas tetas…) dos filmes baseados em quadrinhos.
O que temos aqui, na verdade, não é nem um nem outro. É uma simples aventura que pouco ou nada tem a ver com o gênero de super-heróis. Quem foi desonesto, no caso, foi a distribuidora tupiniquim, ao tentar vender algo que não está no produto final, já que o título original é bem mais apropriado.
Em Heróis, as pessoas têm poderes, mas não são como super-heróis. Esses poderes estão mais para coisas místicas, como vidência e telecinese. Inicialmente, eu até achei interessante, especialmente porque parecia que eles tinham saído do óbvio e até mesmo incluído a menos popular vibroturgia. Depois, lendo o release, percebi que aqueles que imaginava serem vibrotúrgicos tinham apenas um olfato ampliado.
Seja como for, assim como no mundo do misticismo, existe um número limitado de poderes. A diferença: cada pessoa pode usar apenas um, e ela nasce com ele, não o desenvolve posteriormente.
Logo, o Tocha-Humana conhece Dacota Faniquito e, juntos, eles devem achar uma tal de “garota” para salvar o mundo das pessoas malvadas do governo estadunidense e de um bando de chineses que gostam de gritar (ê, poderzinho ridículo, hein?).
A premissa até é interessante, mas é tudo feito no mais absoluto piloto automático. Nenhum ator se destaca e o roteiro é previsível e esquecível como qualquer filme nada que se preze.
A traição do movimento dos filmes esquecíveis vem na direção. Pelo meu santo mergulhador que levanta e grita ao ver um arco-íris no escuro! Como o diretor Paul McGuigan é ruim. A imagem é mediana, os enquadramentos são ruins e, principalmente, a câmera do cara fica tremendo até mesmo quando temos apenas dois personagens conversando. Fico imaginando a dor de cabeça homérica que um caboclo ficaria se submetido a assistir às cenas de ação disso aqui naquele jeitão Laranja Mecânica, manja? Tipo, sem piscar e sem poder parar de olhar para a tela.
O caboclo é tão ruim que consegue estragar até os poucos momentos realmente legais do filme. A briga dos telecinéticos no final é criativa e interessante, diferente de qualquer porradaria que eu já tenha visto. Porém, você mal consegue enxergá-la dada a tremedeira e ela termina rápido demais.
Um lançamento onde a distribuidora visa enganar o espectador tentando aproximá-lo a um filme ou gênero de sucesso nunca é uma boa ideia. Some a isso um péssimo diretor e um roteiro meia-boca e temos, sendo extremamente generoso, um filme nada. Não gaste seu dinheiro com isso.
Curiosidades:
– Eu não consigo aceitar que existe um cara que chama Digimon. Será que o irmão mais velho dele é o Pokemon Hounsoun?
– Alguém sabe por que a bela Ming-Na Wen, que já foi a Chun Li, chutou o Wen do nome dela? Será que ela se divorciou de algum caboclo com um nome tipo Takeshi Wen?