Grace de Mônaco

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Grace Kelly foi uma das mais famosas estrelas de cinema de sua geração, tendo ficado famosa por suas colaborações com Alfred Hitchcock. Ela participou de três longas do mestre do suspense, todos eles clássicos. São eles Janela Indiscreta (1954), Disque M para Matar (1954) e Ladrão de Casaca (1955).

Ela também ganhou um Oscar de melhor atriz por Amar é Sofrer (1954). Ou seja, tinha o reconhecimento de seus pares e trabalhava com os melhores de sua área. E não é que ela largou a carreira para se casar com o Príncipe Rainier III de Mônaco e virar uma princesa no que é praticamente um conto de fadas da vida real?

Pois é esse período como membro da realeza que é retratado em Grace de Mônaco. Grace não anda lá muito feliz no principado, longe de sua carreira no cinema e tendo de lidar com um monte de regras bestas de etiqueta. Enquanto isso, seu maridão não lhe dá muita atenção, preocupado que está com uma delicada relação com a França, que ameaça invadir seus domínios devido a uma disputa de impostos.

Esta aqui é mais uma daquelas histórias de “pobre gente rica com os problemas mais bestas do mundo“, que tornam bastante difícil para qualquer um que não tenha um título da realeza, ou seja, quase o mundo inteiro, se relacionar com os dramas de sua protagonista. Quer dizer que ela quer voltar a filmar com Hitchcock, mas isso não será visto com bons olhos pelos membros do governo de Mônaco? Buá.

Ela se sente infeliz num palácio gigantesco num dos lugares mais ricos do planeta e sente falta de ser uma glamourizada superestrela internacional de cinema? Buá, a vida é realmente muito dura. Mesmo que fosse outra época, ela já era independente e voluntariosa o suficiente para dar um pé na bunda do príncipe e voltar para Hollywood, ao invés de gastar 103 minutos do meu tempo com essa lenga-lenga.

Não bastasse o roteiro do longa ter esses conflitos que não são nada conflituosos e não angariam a simpatia do espectador, para completar ele ainda é bem chato e arrastado, principalmente quando ela resolve entrar no jogo e apoiar o marido durante a crise. Quase dei umas cochiladas enquanto assistia e olha que eu havia tido uma boa noite de sono.

A favor mesmo só o visual, com belas paisagens, reconstituição de época com cenografia suntuosa, figurinos deslumbrantes e uma fotografia que em alguns momentos remete aos filmes em tecnicolor protagonizados por Grace. E basicamente é isso, todo o resto joga contra.

A não ser que você seja daquelas pessoas que adoram acompanhar membros da realeza e curte uma fofoca envolvendo os mesmos, não há nada em Grace de Mônaco que cause o menor interesse, resumindo-o a um trabalho de visual caprichado, porém bastante tedioso. Melhor optar por rever a verdadeira Grace Kelly nos filmes do velho Hitch.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
grace-de-monacoPaís: França / EUA / Bélgica / Itália / Suíça<br> Ano: 2014<br> Gênero: Cinebiografia<br> Duração: 103 minutos<br> Roteiro: Arash Amel<br> Elenco: Nicole Kidman, Tim Roth, Frank Langella, Paz Vega, Parker Posey e Milo Ventimiglia.<br> Diretor: Olivier Dahan<br> Distribuidor: PlayArte<br>