Ghost B.C. – Meliora

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O polêmico e saudosista Ghost B.C ressurge após dois anos em silêncio para o lançamento do seu novo álbum, Meliora que, além de apresentar um som mais maduro, traz diversas novidades e especulações acerca do futuro e da formação da banda. A chegada do novo trabalho revela também uma troca, já esperada no line-up, Papa Emeritus II por Papa Emeritus III e novos trajes para os Nameless Ghouls.

Após o lançamento do seu estrondoso debut Opus Eponymous, de 2010, o segundo álbum Infestissumam, de 2013), veio com uma sonoridade experimental, à qual podemos atribuir diversas influências da banda, tais como Pink Floyd e ABBA, porém não teve uma boa aceitação do público. Com cinco anos de estrada, o Ghost B.C chuta o pau da barraca no seu novo álbum, e retoma o espirito do primeiro, sem apelar para todos os clichês do Heavy Metal, criando uma ponte muito bacana entre os três álbuns.

O álbum começa com Spirit. A introdução fantasmagórica deixa um suspense no ar sobre o que virá, mas logo acaba o suspense e começa o riff. Bem diferente do costumeiro no Ghost B.C, o riff é constante e acompanhado por variações na bateria, que são uma novidade, já que eu sempre achei que esse Nameless Ghoul drummer levava jeito para tocar Indie Rock. Enfim, o som é bom, tem um refrão que vai cair muito bem ao vivo e dá uma boa intro para o álbum, que continua com a matadora From the Pinnacle to the Pit.

Apostar numa intro com baixo é o que há! From the Pinnacle to the Pit tem a mesma energia da música Con Clavi Con Dio por causa dessa intro, só que é bem mais animada. O pre-chorus, quando o Papa III diz: “From the pinnacle… to the pit” lembra algo como Judas Priest ou um Heavy Metal cheio de trueza. Não posso esquecer de citar que, independente do Papa, todas as músicas do Ghost B.C têm uma linha vocal que é repetitiva, mas trincada com a melodia, tornando a música um todo e não partes isoladas. Sonzaço.

Cirice é o single e aqui temos a soma de tudo que já foi feito pela banda. A intro é bem tranquila, até que venham os riffs lentos, que, soam como Doom Metal, para então começar com os principais. Esta música tem uma coesão entre os instrumentos e a voz que certamente foi trabalhada, porém, parece bastante natural. Com um bom groove de guitarras, somos embalados por trechos pegajosos e ao fim temos um grito bem legal do vocal que mostra a diferença dele para os outros.

Spöksonat é o primeiro interlúdio do álbum. Uma coisa interessante em boas bandas que têm como tema o louvor a Satã é o fato de fazê-lo com tamanha naturalidade. Isso é o que encontramos em He is, musica calma e criativa que lembra, principalmente, a outra banda do possível Papa Emeritus I, Magna Carta Cartel, além de lembrar também algum hino de igreja evangélica. Ótima!

Mummy Dust é a faixa mais pesada do disco. A banda se empenhou em mostrar como é o seu Heavy Metal e não deixou de mostrar uma influência direta de Queen nos coros e teclado, além de ter um instrumental épico.

Na divulgação de Majesty, foi utilizada uma arte muito bacana, onde o Papa Emeritus III é um King Kong pendurado a um edifício, se defendendo de aviões, podendo até ser imaginado um trocadilho, King Ghost! Enfim, com riffs iniciais que lembram um bom Hard Rock e um teclado ao estilo Deep Purple, essa faixa tem uma mescla interessante de elementos, como a “cavalgada” de guitarras num ritmo bem lento e o refrão oposto ao ritmo da música.

Devil church é mais um interlúdio e o álbum finaliza com Absolution e Deus In Absentia. Basicamente, o melhor ficou para o final, pois são as melhores do registro. Nem parece a banda que outrora fez músicas xexelentas apenas falando do capiroto. Em Absolution, foi explorada com afinco toda a criatividade da banda, deixando o ambiente propicio para finalizar com Deus in Absentia, que é uma obra de arte.

Se após ouvi-la você não ficar cantando “the world is on fire”, talvez seja melhor ir ouvir outro estilo. Ambas têm um clima hard rock anos 80 com um toque de Supertramp e Foreigner, o que faz a audição terminar com vontade de ouvir novamente. A única coisa que causou espanto foi o fato de nenhuma das duas serem escolhidas para ser single do álbum, pois são simplesmente fantásticas.

A banda é alvo constante de fãs de Heavy Metal que alegam que o trabalho é puramente “marqueteiro” e que o som é muito ruim por ter riffs simples, melodias infantis e o principal… o visual! Convenhamos, não é de hoje que artistas se maquiam e se vestem para interpretar. E desde quando Metal tem que ser complexo para ser bom?

Os maiores ícones do Rock/Metal já fizeram suas infinitas “papagaiadas” seguidas de álbuns e apresentações vergonhosas e são considerados deuses. Talvez o que incomode no Ghost B.C seja o fato de que, ao invés de tudo ser tão magistral e épico, eles optam pelo inverso e simplesmente bolaram um teatro no palco. Definitivamente, o Ghost B.C avançou mais um passo na carreira e vai deixar muita gente por aí sem argumentos para atacá-los!