Fora do Rumo

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Fazia tempo que não víamos o Jackie Chan em um lançamento nos cinemas tupiniquins, né? Salvo engano, a última resenha delfiana de um filme com ele foi o divertido remake de Karate Kid.

Acontece que o novo Mestre Miyagi andou investindo bastante em sua carreira cinematográfica oriental, inclusive como diretor de longas como Operação Zodíaco. Mesmo este Fora do Rumo é uma produção conjunta entre China, Hong Kong e EUA e conta com um elenco predominantemente oriental.

Ainda assim, o que temos aqui é um típico filme de Jackie Chan. Lutas usando objetos dos cenários, muito humor e, como não poderia deixar de ser, uma história de amizade. O amigo da vez é o Jackass Johnny Knoxville, que se envolveu em confusões tanto na Rússia quanto na China.

Ele começa o filme sendo abduzido em Macau e levado para a Rússia, onde um sujeito quer que ele case com a filha grávida, apesar de “não dar para engravidar com o que eles fizeram. Não que eles tenham feito alguma coisa”. Para a sorte de Knoxville, Jackie popa na terra do Zangief para salvar nosso amigo e levá-lo de volta para Macau, onde vai lidar com a confusão oriental em que se meteu. Pois é, entre a cruz e a espada, mas isso não é nada para alguém que costumava raspar as bolas com lixas para aparecer na TV.

Assim, o filme basicamente é uma road trip dos dois, indo da Rússia à China enquanto são perseguidos por desafetos de ambos os lados. Isso possibilita que nosso amigo Jackie nos divirta com cenas de luta bastante divertidas e exageradas.

Sabe, eu acho as cenas de lutas do Chan maior legais. Me agrada o fato de que apesar de rolarem altas porradas, não parece que ninguém de fato está machucado, uma vez que não há sangue e que, não interessa quão dolorida tenha sido a pancada, a pessoa logo se levanta para lutar mais. Isso dá aos filmes dele um jeitão de desenho animado, o que é bem legal.

Curiosamente, o longa termina com cenas de erros de gravação e, pelo que podemos ver ali, parece que o próprio Jackie Chan se machucou várias vezes filmando suas peripécias. Quem diria, né?

Quando o foco é na ação e no humor e, especialmente quando junta os dois, Fora do Rumo funciona muito bem. No entanto, é inegável que ele dá uma boa esfriada lá no meio, quando resolvem focar na amizade entre os dois e menos nas dificuldades da sua road trip.

Esse meio se arrasta de tal forma que, apesar de o filme não ter nem duas horas, eu senti que ele poderia ser bem mais curto, e ganharia com isso. A verdade é que não tem tantas cenas de luta por aqui, e isso acaba afetando a diversão quando isso é o que de melhor o filme oferece.

No início, até parece que o filme vai ter uma estética interessante, puxada de filmes B, mas ele logo abandona isso e fica com uma direção bem “operário padrão”, cheia de cortes rápidos nas cenas de luta que mais atrapalham do que ajudam.

Assim, Fora do Rumo é divertido, mas está longe de ser inesquecível. Vale a pena ser assistido, especialmente por quem está com saudades das lutas de Chan, mas não é um de seus melhores filmes.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
fora-do-rumoPaís: China, Hong Kong e EUA<br> Ano: 2016<br> Duração: 107 minutos<br> Roteiro: Jay Longino e BenDavid Grabinski<br> Elenco: Jackie Chan, Johnny Knoxville, Bingbing Fan e Eric Tsang.<br> Diretor: Renny Harlin<br> Distribuidor: Paris<br>