Eis mais um exemplar do cinema argentino, o qual costuma chutar frequentemente a bunda de nossas produções nacionais em qualidade, que chega agora às nossas salas exibidoras. Filha Distante, no entanto, é um filme menor dentro do que já foi lançado por aqui vindo dos nossos hermanos. E também não tem o onipresente Ricardo Darín no elenco, o que vale apenas como uma curiosidade para introduzir a resenha.
Trata-se da jornada pessoal de Marco (Alejandro Awada) em uma viagem pela região da Patagônia. Ele tem dois objetivos em sua road trip: pescar tubarões e visitar a filha (Victoria Almeida) que mora por lá e a qual não vê há muito tempo, justificando assim o título nacional. E basicamente é isso.
É o típico longa estilo “slice of life”, ou “recortes da vida”, se preferir. Mostra-se um pedaço da vida do protagonista, sem se preocupar muito com desenvolvimento, um objetivo ou mesmo grandes explicações. O que vale são as situações e como ele as encara.
Você não sabe, por exemplo, porque ele passou tanto tempo sem ver a filha, embora a narrativa lhe dê a dica de que talvez o fato de ele ser um alcoólatra em recuperação tenha algo a ver com isso. Ou talvez não, e quer saber? Não importa, não faz a menor diferença. O que importa no longa é a viagem e o que ele irá tirar dela.
Mostrando paisagens tão belíssimas quanto desoladas da Patagônia, o longa apresenta um cenário de encher os olhos. E, excetuando-se os dois atores que interpretam Marco e sua filha, todos os outros membros do elenco não são profissionais, fato que impressiona pela qualidade das atuações, todas muito naturais.
Com menos de 80 minutos de duração, acaba sendo também bastante rápido e, quando você se dá conta, já acabou. Ainda que isso ajude a não deixar o ritmo lento demais, também poderia ter buscado um desfecho menos abrupto, ainda que seja totalmente coerente com o tom da película.
Filha Distante é um pequeno filme sobre a tentativa de consertar um relacionamento que talvez não tenha mais jeito, totalmente centrada em seu protagonista e em sua relação com o meio onde se encontra. Não é um trabalho para todo mundo, mas para quem gosta do cinema argentino em geral, fica mais fácil de recomendar.