Ferrugem e Osso

0

Indo direto ao ponto, principalmente porque não consigo pensar num jeito melhor de começar esta resenha, Ferrugem e Osso é o típico filme centrado no desenvolvimento de seus personagens, muito mais até do que na história. A qual, neste caso, embora até interessante, não é exatamente grande coisa.

É uma característica típica do cinema francês. E é bom de assistir, principalmente após acompanhar tantos filmes com personagens unidimensionais nos últimos tempos. Hollywood, estou falando com você!

Ali, pai solteiro, se muda com o filho pequeno a tiracolo para uma cidade praiana para cuidar do rebento com ajuda de sua irmã. Logo ele conhece Talia Al Ghul, ou melhor, Stéphanie, uma treinadora de orcas em um parque local estilo Sea World. Depois que ela sofre um grave acidente, os dois viram amigos e começam a passar muito tempo juntos.

Como resultado, ambos começam a se ajudar mutuamente, mesmo que não percebam que estão fazendo isso. Stéphanie auxilia o bruto Ali a descobrir seu lado delicado e atencioso, que não demonstrava nem na relação com o próprio filho. E mesmo que ele comece a participar de lutas ilegais para tirar um por fora, a mudança já está feita. Já Ali ajuda Stéphanie a sair da depressão pós-acidente e a se ajustar perfeitamente à sua nova vida.

Fora a jornada dos dois personagens, que é o grande ponto alto da película, é também interessante notar que, apesar de ser um drama com elementos bem pesados, ele tem uma condução bastante leve, fugindo do óbvio. Por isso é até bem estranho que lá no final aconteça algo que destoe bastante dessa opção, mas que em nenhum momento compromete a qualidade geral do filme.

O próprio elemento romântico presente casa muito bem com o desenvolvimento dos personagens, sendo bem sutil e sem a menor pressa em avançar o relacionamento dos protagonistas, fugindo completamente da overdose de açúcar que esse tipo de filme poderia facilmente apresentar.

Ferrugem e Osso tem certa cara de novela, não dá para negar, mas possui boas qualidades e entretém durante suas duas horas de duração. Para quem estiver cansado de explosões (seria isso possível?), avalanches de CGI e personagens tapados e quiser ver um filme focado em protagonistas bem desenvolvidos, até que é uma boa pedida.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorIn The Flesh: nova série da BBC sobre zumbis ganha trailer
Próximo artigoUncharted 3: multiplayer está disponível na PSN de graça!
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
ferrugem-e-ossoPaís: França/Bélgica<br> Ano: 2012<br> Gênero: Drama/Romance<br> Duração: 120 minutos<br> Roteiro: Jacques Audiard e Thomas Bidegain<br> Elenco: Marion Cotillard, Matthias Schoenaerts, Céline Sallette e Bouli Lanners.<br> Diretor: Jacques Audiard<br> Distribuidor: Sony<br>