Exclusiva: Gotthard – Leo Leoni

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Perguntas por Bruno Sanchez. Entrevista conduzida por Carlos Cyrino. Introdução por Carlos Cyrino com acréscimos de Bruno Sanchez.

Apreensão. É isso que sentia faltando poucos minutos para a hora combinada e para o inevitável toque do telefone. Recebi do chefe a missão de conduzir minha primeira entrevista. Só que para dar um nível extra de dificuldade, ela seria por telefone, em inglês, com um cara da Suíça, membro de uma banda de Hard Rock, estilo que definitivamente, não é minha praia.

Trata-se da banda suíça Gotthard, um quinteto formado por Steve Lee (vocais), Leo Leoni (guitarra), Marc Lynn (baixo), Freddy Scherer (guitarra), e Hena Habegger (bateria). Com 10 discos oficiais na bagagem, a banda está lançando seu mais recente trabalho, Lipservice, por aqui.

Infelizmente, mesmo com toda essa experiência, é bem provável que você ainda não conheça os suíços. Vindos de um país com uma cena pequena em comparação ao resto da Europa (faça um teste e pense rapidamente em 5 bandas de Rock suíças) e mesmo com mais de 15 anos de estrada, os caras nunca estouraram, de fato, no Brasil e também nunca fizeram um único showzinho por estes lados.

O Gotthard, no entanto, tem algumas qualidades que chamam a atenção logo de cara, como uma formação constante, a não ser por algumas trocas de bateristas no começo de carreira (alguém aí falou do Spinal Tap?), o clima místico das músicas e a atitude mais voltada ao Heavy Metal do que ao próprio Hard Rock, especialmente se compararmos os trabalhos da banda com outros expoentes do estilo como o Ratt ou o Poison. Portanto se você for um fã de Hard Rock com pitadas de progressivo anos 70, não perca tempo e corra atrás dos álbuns. Você não irá se arrepender.

Além dos fatores citados no primeiro parágrafo, meus próprios devaneios contribuíram para aumentar o nervosismo: e se ele não me entender? E se eu não conseguir entendê-lo? E se ele estiver de mau humor e não quiser responder as perguntas (mais ou menos como parece ter acontecido quando entrevistamos o Grave Digger)? E se cair a linha? E se o gravador der pau? E se eu esquecer como se fala inglês? E se meus dentes começarem a cair? E se cair um avião na minha casa bem nessa hora? E se o Godzilla cansou de invadir Tóquio e decidiu invadir São Paulo, a começar pela base delfiana? Bem, já deu pra perceber que eu sou muito neurótico…

Finalmente, o telefone toca. Acordo de meus devaneios pessimistas e, com a cara e a coragem, atendo o dito-cujo. Do outro lado da linha, uma voz com forte sotaque diz: Oi, aqui é Leo Leoni do Gotthard, ligando para a entrevista com Carlos Eduardo (sim, assim como o Corrales, eu também sou um Carlos Eduardo, mas posso assegurar que não somos a mesma pessoa!).

Obviamente, eu entendi o que o guitarrista Leo disse. Logo, me acalmei e conduzi com tranqüilidade a entrevista. Meia hora depois, quando desliguei o telefone, tive a certeza do dever cumprido e de que numa próxima vez já não haverá motivos para apreensão. A não ser aqueles que minha imaginação for capaz de criar… Enquanto isso, confira abaixo o papo com Leo na íntegra, onde ele conta só pra gente toda a história da banda, os problemas com a gravadora BMG, as mudanças de formação, shows no Brasil e muito, muito mais. Sem falar do final de entrevista mais informal que você já viu, o tipo de coisa que você só veria aqui no DELFOS mesmo. Boa leitura!

Alô, DELFOS.
Oi, aqui é Leo Leoni do Gotthard, ligando para a entrevista com Carlos Eduardo.

Sim, sou eu, oi.
Oi.

Oi, como vai?
Bem, e você?

Estou bem, obrigado por ligar.
Está calor no Brasil?

Oh, sim. Agora estamos no inverno, mas hoje está calor.
Oh, entendo.

Então… podemos começar?
Sim, se estiver tudo OK pra você.

Sim, está tudo pronto.
Bom, bom, bom.

O Gotthard começou oficialmente no começo dos anos 90…
Exatamente.

Mas nos anos 80, você e o Steve Lee faziam parte do Forsale.
Forsale era a banda do Steve, eu só pus algumas guitarras. Ele me pediu para tocar algumas guitarras e foi isso. Mas não era minha banda.

Mas como era a cena roqueira na Suíça nos anos 80?
A cena roqueira nos anos 80 era bem…(longa pausa)…nada de mais. Havia o China, é claro que havia o Krokus na época, que foi uma banda muito bem-sucedida naquela época e algumas outras bandas, talvez algumas bandas de Metal. Algumas bandas, mas não muitas. A cena roqueira não era tão boa na época.

E existia no seu país a famosa rivalidade entre fãs de Heavy Metal e Hard Rock ou eram mais unidos?
Bem, eu acho… fãs de Metal e fãs de Rock mais ou menos ficam juntos. Talvez seja mais pessoas ou platéias diferentes se você toca diferentes tipos de música, mas mais ou menos os roqueiros andam juntos. Claro que talvez haja fãs mais hardcore que às vezes exageram um pouco. Eles não vão se sentar com a platéia normal, mas acho que eles sobreviveram.

Quais foram suas principais influências quando você começou a tocar?
Os Beatles em primeiro lugar, e depois eu diria AC/DC, Hendrix

Beleza, os clássicos…
Os clássicos sim, Jefferson Airplane e todas aquelas bandas, não? As pessoas que fizeram bastante história no Rock.

Então você e o Steve depois começaram o Krak…
Krak, exatamente. Gravamos um álbum que nunca foi lançado, talvez um dia seja.

Por que isso exatamente?
Porque sim (risos).

Não há razão?
Não, não há razão real. Estávamos procurando uma gravadora e não encontramos. Nesse meio tempo começamos a trabalhar no projeto Gotthard, então deixamos o projeto Krak de lado. Simples assim.

No começo do Gotthard, a banda enfrentou algumas mudanças em sua formação. Como vocês chegaram a Marc Lynn e Hena Habbeger?
Sabe, o Gotthard foi a ponte do Krak pro Gotthard. O baterista Hena… tínhamos outro baterista antes, Fabian, que tocou junto com o Krak e depois quis mudar seu estilo de música e… você sabe… sua direção musical era um pouco diferente. Então ele saiu da banda e achamos Hena na América (Nota: apesar da imprecisão, nós acreditamos que Leo se refere aos EUA e não ao Canadá ou à Venezuela, como alguém pode pensar ao ouvir o nome do continente América), ele estava estudando lá. E o Marc já estava conosco no Krak, na verdade. Marc tocava numa banda de rock dos anos 80 como o China, nós gostamos dele e na época ele estava disponível e perguntamos se ele gostaria de tocar conosco. Foi o que fizemos na verdade. Então na verdade não foi uma grande mudança, foi mais como construir a banda juntos. Fizemos um teste pra ver o que o cara conseguia tocar e o que queria.

E por que vocês mudaram o nome para Gotthard? Eu soube que é o nome de uma montanha. É verdade?
Sim, Gotthard é uma montanha na Suíça. Uma montanha muito grande na Suíça. E a razão pela qual mudamos é porque na época o nome Krak foi… havia no mercado um enorme problema chamado droga, eu me lembro de quando o crack surgiu e não queríamos fazer nenhuma promoção desse tipo de coisa, sabe? Então essa foi a razão pela qual mudamos o nome. Porque achamos uma idéia melhor chamar a banda por um típico nome suíço. E essa idéia era Gotthard. No jornal, os nomes estavam soando iguais, então pensamos ser uma idéia melhor mudar para algo bem original e bem suíço, eu diria. Acho que todos riram num primeiro momento e depois começamos a gostar do nome e o mantivemos. O nome pertence a nós há 15 anos, certo? Às vezes a banda é mais famosa do que a montanha!

Em 1992, vocês lançaram um single chamado Firedance e depois o primeiro álbum, produzido pelo baixista do Krokus, Chris Von Rhor. Quais são as suas lembranças deste primeiro álbum?
Que nós certamente trabalhamos muito. Sabe, ele (Chris) tinha experiência e procurávamos alguém com experiência. E na época Chris foi bom pra nós pra dar alguns conselhos e isso e aquilo. Gravamos… foi o primeiro álbum gravado na América, em Los Angeles (Nota: dessa vez, já que ele citou a cidade – e apesar do nome hispânico dela – temos certeza que Leo se refere aos EUA e não à Guiana Francesa). Trabalhamos por um ano, só para o álbum. Tocamos na Suíça, em muitos clubs e muitos shows sem nem ter músicas gravadas, então mudávamos as músicas a cada… a cada semana tínhamos um novo problema, escolher as corretas 10 ou 12 músicas do álbum, eu não me lembro quantas músicas estão no primeiro álbum, mas conseguimos. Foi uma experiência muito legal e de muito trabalho.

E com este álbum vocês ficaram 15 semanas no topo das paradas suíças…
Nada mal, hein? (risos).

Vocês imaginaram que o sucesso viria tão rápido?
Não, não esperávamos isso. Na verdade havia muitos rumores sobre nós na época porque não havia muitas bandas e acho que a Suíça precisava de uma nova banda, uma banda de Rock. Os suíços estavam esperando por isso. Acho que demos conta do trabalho e a velha Suíça gostou disso e estão orgulhosos, e nós também estamos orgulhosos, na verdade.

E vocês tiveram medo da assim chamada “síndrome do primeiro disco”?
Naah, o primeiro disco é sempre o sonho da sua vida e quando seu sonho é fazer música, o primeiro disco… você tem toda a sua vida pra compor o primeiro álbum, e depois você tem menos tempo pra compor o segundo, o terceiro e o quarto. Não acho que haja um medo ou… absolutamente não, acho que não.

O sucesso inicial abriu portas pra banda tocar em grandes festivais europeus. Qual você acha que foi o melhor da carreira do Gotthard e por quê?
Qual que tocamos foi o melhor? Em 94, num show com Peter Gabriel, Rock in Park. Depois tocamos no Rock Am Ring no mesmo ano e depois tocamos em muitos festivais. Na Suíça tocamos em vários festivais, na verdade. Acho que o melhor é muito difícil de escolher, eu diria. Se eu fosse escolher um… tocamos num festival na Suíça em 94 contra o racismo, que foi muito bom, eu acho. E também o significado por trás foi muito importante… Rock Contra o Racismo foi muito bom, eu acho.

Em 93, vocês foram indicados para o World Music Awards e ganharam mais dois prêmios, o Rete 3 Award e o Golden Reel.
Foi bom, na verdade. Quero dizer, quando você começa a receber prêmios e indicações como esses é quando você pensa: OK, o que você está fazendo está certo, as pessoas gostam e é uma boa sensação, eu diria. Mas não significa que está tudo bem ou que você é um roqueiro quando você recebe uma indicação para alguma coisa. Se você quiser continuar, e tem que continuar, precisa trabalhar duro para ser bem-sucedido. E foi o que fizemos.

Em 94 vocês lançaram Dial Hard, novamente com a produção do Chris. Como foi a gravação deste álbum?
Foi boa. Voltamos a Los Angeles. Achamos uma boa idéia voltar lá porque tivemos um bom sucesso com o primeiro (disco) e pensamos em pegar um pouco mais pesado, porque na época o Metallica estava por aí e achamos uma boa idéia fazer o que fizemos. Foi uma experiência muito boa, fizemos bons videoclipes, eu diria que foi muito, muito bom.

Vocês sentiram alguma pressão na direção musical que a banda deveria seguir?
Não, não. Nós sempre fizemos o que queríamos fazer, então no fim do dia você mesmo decide sua carreira. Você decide se você gostou. Se suas idéias e seus sentimentos estão corretos, as pessoas vão gostar também. Foi assim que aconteceu, em 1994 lançamos o disco Dial Hard e foi muito bem sucedido, na verdade… mais que o primeiro…

Vocês também tocaram no histórico festival de Montreaux, que foi transmitido para toda a Europa…
Exatamente.

O que pode me dizer desse show?
Esse show… aconteceu dez anos atrás (risos). O festival de Montreaux é um festival muito importante, um festival de Jazz, mas não tem só Jazz. Tem muitas outras bandas e outros tipos de música que acontecem lá e pra nós, sermos convidados pra tocar nesse festival foi uma honra, absolutamente. Tocamos lá também em 1997, com Montserrat Caballé.

Quanto a Montserrat, como foi tocar com ela?
Grande sensação. Sabe, quando você vem do Rock e há uma pessoa da música clássica, uma diva como Montserrat Caballé, porque ela é uma grande diva, sabe? Ela gostou da nossa música, One Life One Soul, quando ela fez um tributo ao Queen. Freddie Mercury… ela gravou algumas músicas do Queen e depois ela estava procurando por outros artistas de Rock em cada país na Europa e ela ficou sabendo dessa banda chamada Gotthard e ela pediu material e gostou de uma música nossa, One Life One Soul, e depois, bem, ela gravou a música conosco e fizemos aparições ao vivo na Espanha e na Suíça e vice-versa. Ela fez aparições conosco também em shows de Rock, foi bom.

E houve alguma preparação especial?
Na verdade não. Foi tipo: se você sabe o que cantar, então sabe o que fazer (risos).

Verdade…
E, com certeza, Montserrat Caballé sabe cantar! Sem dúvida quanto a isso.

Ultimamente essa mistura entre Rock/Metal e música clássica se tornou bem comum…
Sim, é verdade, mas não seguimos a moda na época. Após o álbum acústico, fizemos trabalhos mais Pop e mais Rock, mudamos…Cada álbum soa diferente, nós não seguimos a moda do que havia no mercado.

Mas você gosta dessa fusão?
Sim, por que não? Quero dizer, a música deveria abrir caminhos, e isso é muito importante. A música é um jeito de se comunicar com as pessoas e se puder se comunicar com uma fusão de diferentes estilos e diferentes tipos de música, isso é ótimo, eu diria.

Em 96 vocês lançaram o álbum G. (como descobri após chamá-lo só de G, lê-se G Spot, por isso o ponto após a letra)…
É, o álbum G Spot

Certo… álbum que os fãs gostam muito. Como foi o processo de criação deste álbum?
(toma fôlego) Tínhamos o desafio de ter um álbum bem mais Rock. Era o que queríamos fazer, um balanço entre o Dial Hard e o primeiro álbum, então pensamos em trazer o (órgão) hammond de volta, como no primeiro álbum. Aliás, tivemos muita experiência com o hammond no início, na época do Forsale e do Krak. E no Krak tínhamos um tecladista, e era o cara que tocou o hammond no primeiro álbum também. Daí pensamos: hum, é disso que gostamos, gostamos de um som meio Deep Purple, meio Whitesnake, pesado e com muita melodia e acabamos fazendo isso. Gostamos muito, trabalhamos no A&M Studios em Los Angeles, um dos maiores estúdios lá, na época. Foi ótimo, ótima sensação.

Legal, e um pouco depois vocês apresentaram o guitarrista Mandy Meyer…
É, sempre tivemos um guitarrista convidado nas turnês, mas eu sempre gravo diferentes faixas (de guitarra numa mesma música), então queríamos ter ao vivo a mesma sonoridade que no estúdio e Mandy foi o terceiro guitarrista da turnê e ficou conosco porque no ano seguinte, após a turnê começamos um álbum acústico ao vivo, o D’Frosted, então precisávamos novamente de outro guitarrista. Então o Mandy trabalhou conosco.

OK, e o Mandy também tocou com o Krokus e o Asia, entre outros. Você gosta do som dessas bandas?
Bem, sim, eu gosto do Asia. Na verdade eu gosto mais do primeiro álbum do Asia, o que o Mandy não fez, não por causa do Mandy, claro, mas eu não gostei tanto (dos outros discos). O Krokus fez algumas coisas boas, com certeza uma grande banda na época. Mandy fez muitos outros projetos na verdade, é um guitarrista muito bom.

Por que ele foi substituído por Freddy Scherer em 2004?
Só porque Mandy queria fazer outra coisa, ele não estava mais satisfeito com o que fazia com a gente. Queria mudar de direção, então ele deixou a banda. Disse: estou saindo. Então arranjamos outro guitarrista. Simples assim. É interessante porque Freddy poderia ter estado no lugar do Mandy em 1996, mas Freddy estava tocando (em outra banda) na época. Nós o convidamos pra tocar com a gente em 1996, antes do Mandy. Aí está, uma história que ninguém sabe! (Nota: mais um furo do DELFOS que você só lê aqui!)

Normalmente, as grandes gravadoras não têm um grande interesse por bandas de Hard Rock. Especialmente européias, mas com vocês isso foi diferente. Eu queria saber como surgiu a oportunidade de assinar com a BMG.
Sabe, assinamos um contrato internacional em 1991 com a BMG e eu diria que a BMG Suíça fez um grande trabalho. A (BMG) alemã, por alguns anos foi… legal e a (BMG) austríaca estava indo bem, mas no resto do mundo não estava tão bom trabalhar com a BMG. Tivemos uma grande chance sim, mas também tivemos muitos compromissos que tivemos que pagar e pagamos muitos compromissos e… hã… não havia discos do Gotthard lançados na América do Sul pela BMG. Aconteceu em diferentes países como esses. Estamos felizes agora que estamos trabalhando com a Nuclear Blast, na verdade (risos).

Então vocês saíram da BMG porque eles não estavam distribuindo os discos…
É, porque não estava sendo fácil pra eles com… o estilo de música, ou sei lá. O preço estava muito alto, os licenciamentos, esse tipo de coisas, então eles cortaram os álbuns do mercado, simples assim, em diferentes países.

Durante o tempo que vocês fizeram parte do elenco da BMG, vocês sentiram algum tipo de preconceito por causa do tipo de som que vocês fazem, em relação aos outros artistas contratados?
Não, porque sempre fizemos o que queríamos fazer em primeiro lugar e em segundo, tínhamos um contrato especial. Dissemos: nós vamos assinar o contrato, mas queremos ter liberdade para fazermos o que quisermos. Era o que tínhamos. Então não havia pressão, só queríamos fazer o que gostávamos.

E como aconteceu o contato com a Nuclear Blast?
Quando nosso contrato com a BMG terminou, estávamos procurando por alguém para distribuir os discos. Enquanto isso, fundamos a nossa gravadora, a G Spot Records. Então pra nós a Nuclear Blast é uma companhia de distribuição, certo? Então achamos que era uma boa idéia ter alguém que sabia tudo de Rock ‘n’ Roll, é claro. Nuclear Blast é um selo orientado mais pelo Hardcore e pelo Metal, mas para eles também é um desafio ter uma banda como o Gotthard, com uma sonoridade mais Classic Rock ou Hard Rock para tocar e trabalhar. Então acho a experiência bem interessante e até agora está tudo bem. É um desafio, mas sem desafio não há diversão. Então o contato veio porque fomos às compras, checando o que poderíamos fazer para o futuro e a Nuclear Blast fez a melhor oferta, com o que queríamos, um plano de lançamento e blá blá blá em diferentes países e, de fato, Lipservice foi lançado em 42 países (Nota: Brasil incluído).

Em 1999. chega Open, um trabalho diferente dos anteriores. Como você vê esta mudança na direção musical da banda?
Simples assim, porque em 1997 lançamos um disco acústico, saímos em turnê por duas semanas (que viraram dois anos), gravamos um disco ao vivo e depois partimos para um novo álbum de estúdio. De fato, a turnê do álbum acústico foi de dois anos, então foi um grande sucesso. Então tivemos muitos fãs diferentes, não apenas fãs de Hard Rock e lançamos um álbum que foi bom para todo mundo. Então achamos boa idéia experimentar um som bem diferente, um álbum bem diferente, mas com ótimas canções. Elas combinam a experiência acústica com a experiência Rock. Acho que o disco é bom, há boas músicas nele.

E houve algum problema com os fãs mais conservadores por causa do disco acústico e de Open?
Bem, sabe, há sempre um problema quando você lança um novo álbum. Não importa como ele soe, sempre haverá alguém pra dizer que o anterior era melhor, o novo é uma droga e vice-versa, certo? Então, no fim do dia, com certeza perdemos alguns fãs, alguns fãs das antigas, mas no fim, ganhamos novos. Então, como disse, sempre há um preço a se pagar e gostamos do que fizemos e, é… merdas acontecem e é isso.

Human Zoo foi gravado no próprio estúdio da banda. Como foi essa experiência?
Ótima! Após a experiência de gravar em diferentes estúdios, achamos boa idéia construir o nosso próprio estúdio e foi o que fizemos. Você tem mais tempo pra ficar em casa, dorme na sua própria cama, tem mais tempo para ser criativo e se você quiser tocar com uma guitarra, você toca, senão você muda. Quando você grava em outro lugar você sempre tem que escolher uma, duas guitarras e um, dois amplificadores. Você tem que pegar emprestado todo o equipamento, isso não é legal. O legal é tocar com seu próprio equipamento. Essa foi a idéia e deu muito certo. Muito trabalho, mas compensa. Dá para experimentar as coisas que você quiser e gostamos do desafio de experimentar coisas novas e foi o que fizemos.

Você acha que atingiram os resultados desejados?
Absolutamente, absolutamente sim! É legal dormir na sua cama, sabe? Se você dorme a cada noite em uma cama diferente, logo você fica feliz por estar em casa. Especialmente quando você precisa ser criativo e trabalhar duro no estúdio, então é melhor ficar na sua casa.

As letras de Human Zoo falam de diversos problemas do mundo…
Sim, sim, sim, sim. Isso foi porque fomos pra Tailândia e vimos muitas coisas. Gente muito pobre lá e… os ricos não se importam e isso não é legal. Especialmente quando você vê isso ao vivo. Acho que o Brasil também tem esse tipo de problema…

Oh, sim…
Então achamos uma boa idéia falar um pouco sobre isso para que as pessoas saibam que há pessoas que não têm tanta… como posso dizer? Sorte como todo mundo e é preciso às vezes olhar e ver se dá para ajudar os outros menos afortunados.

Como surgiu o convite para compor a música tema da equipe suíça nas Olimpíadas de 2004?
Foi legal. Claro que se você é grande como nós na Suíça e as pessoas gostam de você… e a equipe olímpica também gosta da gente. Então eles nos pediram pra compor uma música especial para a equipe. Então tivemos a idéia para One Team One Spirit, a faixa título da equipe na Olimpíada na Grécia, em Atenas. Foi legal, é um orgulho fazer esse tipo de coisa, sabe?

Vocês estão lançando Lipservice agora em 2005. O que pode me dizer deste álbum?
Este é o novo primeiro álbum novamente. Fechamos um capítulo com a BMG com um best of ano passado e foi muito importante fazer isso. E agora, com a nossa gravadora, com nosso novo primeiro álbum, um novo começo, um novo livro está aberto. É legal, uma ótima sensação. Tivemos uma ótima reação, estamos há sete semanas no top 5 da Suíça. Ótimo. Ótima sensação, o álbum é ótimo, ótimas canções, um álbum de som ótimo. Também tem baladas muito bonitas, um álbum muito pessoal e profundo.

Há no disco alguma influência do Rock Progressivo dos anos 70?
Nós crescemos com isso, sabe? Então é possível que as influências estejam lá. Eu cresci com essa música. Steve cresceu com essa música. todos cresceram com essa música. Se você ouvir os nossos discos, meio que haverá uma referência que remonta aos anos 70, mais ou menos. Acho que grande parte das grandes músicas foram gravadas na Grã-Bretanha naquela época.

Vocês têm muitos fãs na Colômbia e no Chile, incluindo grandes fã clubes. O que você acha dos fãs sul-americanos?
Bem, eu gostaria de conhecê-los se tivesse a chance. Vamos tentar tocar em algum lugar da América do Sul e aí ter chance de conhecê-los. Então eu os conheço apenas por cartas ou por e-mail, pelos fã clubes e blá blá blá. Bem, se vocês fizerem outros concertos roqueiros como o Rock In Rio, há uma boa possibilidade, eu diria (risos).

Então quando vocês virão ao Brasil?
Eu não sei, espero que em breve.

Há um grande fã clube aqui.
Sério? Tem muito Rock acontecendo aí? Legal ouvir isso. Talvez façamos isso. Eu não sei. Depende também da venda do disco e se há algum promotor que queira trabalhar com a gente ou sei lá. Mas acho que nosso empresário e “agendador” vai tentar levar a gente de alguma forma. Nós começamos a turnê em setembro por toda a Europa, vamos para a Ásia, Rússia, então talvez lá pelo ano que vem. Início do ano que vem, é bem possível.

Qual você considera o ponto alto da carreira da banda?
O ponto alto? Com certeza Lipservice é um dos pontos altos que temos no momento, mas eu diria que G. também foi bom, muito bom, o disco é muito bom. O D’Frosted Acoustic também foi um sucesso. Para uma turnê de duas semanas virar uma turnê de dois anos, então imagine só! Acho que há muitos pontos altos. Acho que é legal quando você tem seu primeiro disco de ouro nas mãos, que você sonhou toda a sua vida e… é legal. Muitos pontos altos eu diria, mas com certeza trabalhar com Montserrat Caballé foi um ponto bem alto, que vai ficar nos nossos corações com certeza.

Pode deixar uma mensagem para o seleto público do DELFOS?
É apenas Rock N’ Roll, mas nós gostamos (risos). E se nós gostamos, possivelmente os fãs sul-americanos vão gostar também. Acho que o Gotthard existe há 14 anos e vamos tentar chegar aí pra deixar suas cabeças balançando com a gente (risos), num show, se for possível. Por enquanto eles têm que começar a curtir o disco e estamos muito felizes que finalmente o disco foi lançado na América do Sul.

OK, este é todo o tempo que temos, então gostaria de dizer muito obrigado.
Obrigado pela entrevista, foi uma entrevista legal.

Foi muito legal, OK?
OK, é de manhã aí… ou o que… que horas são aí agora?

São 3 da tarde.
Oh, OK, então não está tão ruim. Eu não te acordei então, hein?

Não, eu acordei tarde.
(risos)
OK. Carlos, né?

Sim.
OK, cuide-se, hein? A gente se vê por aí.

Tomara.
OK, vamos ver o que podemos fazer.

Sim, claro.
Se formos aí, venha nos visitar.

Claro.
Sim?

Sim, é possível.
Beleza.

OK, tchau, tchau.
Muito obrigado novamente.

Obrigado, tchau.
Tchau, tchau

Tchau.
Tchau, tchau.

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