Exclusiva: Edguy – Dirk Sauer

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Perguntas por Heloisa Yoshioka, Bruno Sanchez, Carlos Eduardo Corrales, Thiago Leonardi Chiaremonti e Gustavo Dezan. Entrevista conduzida, traduzida e digitada por Carlos Eduardo Corrales. Introdução por Carlos Eduardo Corrales.

Essa foi a entrevista mais zicada que já fizemos. Para começar, o Bruno teve alguns problemas pessoais, que dificultariam que as perguntas fossem feitas a tempo. Com a ajuda do público do DELFOS e de algumas outras pessoas, conseguimos fazê-las em um verdadeiro trabalho de equipe. Conduzi a entrevista e, quando fui ouvir a gravação, vi que ela ficou horrível. Na transcrição, também tivemos problemas, contando com algumas furadas das pessoas responsáveis. Cansado de esperar, resolvi assumir a responsabilidade eu mesmo e fiz a transcrição. Infelizmente, como a gravação estava muito ruim, tivemos que deixar alguns trechos de fora. Mesmo assim, a entrevista ficou ótima e tem informações inéditas sobre a banda, bem como as tradicionais perguntas sobre o Brasil, mudanças de formação e etc. Com a palavra, o guitarrista Dirk Sauer.

Oi, aqui é Dirk do Edguy.
Oi, Dirk, aqui é o Carlos. Como vai?
Oi, como vai você?
Estou bem, obrigado. Vamos começar?
Sim.
Quando vocês começaram, ainda eram bem jovens. Nos conte um pouco sobre esse início.
Foi em 1992, quando nós tínhamos 14 anos. Nessa época nós fazíamos covers e tocávamos em festas. Daí começamos a trabalhar em músicas próprias, fizemos uma demo. Então fizemos o primeiro disco, Savage Poetry, em 95, quando tínhamos 17 anos. Conseguimos o primeiro contrato, fizemos o Kingdom of Madness. Aí fizemos a primeira turnê. Então veio o Theater of Salvation, quando fizemos a primeira turnê grande, com o Hammerfall, com o Gamma Ray e com o Angra em 99. Então decidimos fazer nossa primeira turnê como headliners na época do Mandrake, que foi também a primeira vez que fomos à América do Sul em 2002, eu acho. O show em São Paulo foi um dos melhores shows que fizemos.
Puxa, você acabou adiantando muitas das minhas perguntas (risos). Mas tudo bem. Como vocês chegaram a um nome tão estranho como Edguy?
(rindo muito) Nós queríamos um nome estranho e diferente, algo que nenhuma banda usaria, que fosse novo e engraçado. Nós somos caras que gostam de se divertir e rimos muito o tempo todo. Então acabamos chegando em Edguy, que é ao mesmo tempo um nome bom e ruim para uma banda de Metal. Nós acabamos aceitando e as pessoas acabaram aceitando. Agora eu gosto dele.
É verdade que no início da banda, o Tobias (Sammet, vocalista) era só o tecladista e só virou vocalista porque vocês não acharam opções melhores?
Sim, é verdade. Nós não tínhamos um vocalista e daí começamos a tocar Highway to Hell do AC/DC e não tínhamos quem cantasse. Aí o Tobias, que era o tecladista teve que cantar porque, para essa música, o teclado era o trabalho mais fácil. A música é fácil de tocar na guitarra, mas para cantar ao mesmo tempo é difícil, então sobrou para ele que tinha o trabalho mais fácil (risos). Daí depois do Vain Glory Opera, ele decidiu se concentrar apenas em cantar, porque isso dá mais liberdade em shows. Eu acho bem mais legal quando o vocalista não toca mais nada.
No começo, ele tocava o baixo no teclado, né?
Isso.
Como vocês vêem o Savage Poetry original hoje?
É um bom disco, tem boas músicas, mas sofreu um pouco com a gravação.
Por que Dominic saiu da banda?
Estar em uma banda é difícil para qualquer um, porque você perde um pouco a sua vida. Então para ele estava difícil. Não se importava com a qualidade do álbum tanto como o resto de nós. Nós ficamos felizes com a possibilidade de ter o Timo Tolkki no disco, mas ele parecia não estar nem aí. Ele queria fazer outras coisas que não têm nada a ver com música, tinha outras prioridades.
E vocês têm alguma mágoa em relação a isso?
Claro que não gostamos dessa atitude dele. Estávamos investindo bastante na banda e isso nos magoou.
Por que vocês decidiram regravar o Savage Poetry e não apenas relançá-lo?
Achamos que seria muito pobre relançar sem nada novo. E regravando, ele soaria completamente novo, já que tínhamos dois novos membros e muitas mudanças nesse meio tempo, mas aqui na Europa o álbum foi lançado com o CD original de graça, acompanhando a regravação.
Aqui também foi lançado assim.
Ok.
Muitas músicas suas lembram musicais. Vocês têm influência de musicais?
Não tenho certeza, já que o Tobias faz a maior parte das músicas. Mas é claro que ele pega influências de todos os lugares. Acredito que muitas influências podem estar até no subconsciente, sabe?
Vocês fazem pesquisa antes de escrever músicas como Pharaoh, Babylon ou Jerusalém?
Claro. Se for sobre um tema especial, precisamos coletar o máximo de informações possível, qualquer coisa que puder tornar a composição melhor.
Por que vocês escolheram um palhaço para representar o Mandrake?
Queríamos um personagem e foi muito importante. É como se fosse o nosso Eddie, sabe?
Nessa época, vocês vieram pela primeira vez para a América do Sul. Como foi?
Ótimo. Foi algo completamente diferente para nós. Foi maravilhoso.
Do que se trata a música Life and Times of a Bonus Track?
A idéia veio porque a gravadora sempre nos pede algo a mais para a faixa bônus. Nos pedem 25 faixas bônus e 12 músicas para o disco, sabe? Faixa bônus é algo legal, mas não pode ser tão exagerado. O álbum deve ser a prioridade e não é sempre o que acontece. As novas músicas são o que importa, as faixas principais.
Por que vocês decidiram gravar um DVD em São Paulo?
Porque tem ótimos fãs por aí. Tem algo especial no Brasil que queríamos capturar e então decidimos gravar aí.
Mas vocês tiveram problemas na gravação, né?
Sim, teve alguns erros com as câmeras, por isso decidimos lançar apenas três músicas. Um DVD exige muito trabalho e queríamos nos concentrar em um disco novo, então decidimos ficar só com essas três músicas.
Mas o DVD com o show completo ainda vai sair?
Não temos planos até agora, mas tenho quase certeza que sim. Depois que fizemos o disco novo, então vamos pensar nisso.
O que você acha do lugar onde vocês tocaram, o Espaço das Américas?
É imenso.
Mas você achou que era imenso no bom sentido?
Tinha bastante espaço e, para gravar o DVD, era melhor que não fosse tão grande, pois não teria tantos espaços vazios.
A música Superheroes tem alguma coisa a ver com o monte de filmes de super-heróis sendo lançados atualmente?
Não, não mesmo. Não sei de onde veio a idéia, mas não tem nada a ver com os filmes, tipo Super Homem e Batman.
E você gosta de gibis?
Eu gosto mais dos filmes que dos gibis.
O Michael Kiske vive dizendo que não quer ter nada a ver com o Metal, mas continua fazendo um monte de participações. Como foi o contato com ele?
O primeiro contato foi por ele ter cantado no Avantasia e porque o álbum foi produzido por Sascha Paeth. Quisemos ele nessa música, Judas at the Opera, porque achamos que seria legal que ele colocasse o toque dele. Mostramos a música e ele gostou. Foi assim.
Vocês tiveram que pagá-lo?
Acho que ninguém faz nada de graça hoje em dia. Mas isso não tem problema.
Como vocês chegaram no conceito de capa para o EP Superheroes?
Achamos que seria bem engraçado e deu certo, porque todo mundo gostou até agora.
Qual das turnês que vocês fizeram aqui no Brasil até agora você gostou mais?
Acho que todos foram bons. Os shows de São Paulo foram os maiores, mas todos foram bons.
Tem um CD novo a caminho?
Já gravamos e agora estamos mixando. Deve terminar em algumas semanas.
Seus clipes costumam ter humor. Por quê?
Porque nós somos bem-humorados. E achamos que a vida é muito triste. Pensamos em nós mesmos como entertainers. A nossa função é divertir o público. Você tem que se divertir assistindo os nossos shows e ouvindo as nossas músicas. Também ajuda o fato de que realmente nos divertimos quando estamos trabalhando, pois fazemos exatamente o que gostaríamos de fazer e isso acaba divertindo o público também. A vida é muito séria para fazer mais coisas sérias, sabe?
Qual é a sua música preferida do Edguy?
Difícil. Eu gosto da The Piper Never Dies do último disco, mas gosto de muitas outras do Theater of Salvation.
Essa é ainda mais difícil: qual é sua música preferida, não só do Edguy, mas de todas as bandas?
É difícil, isso varia. Às vezes é uma música, às vezes é outra e às vezes são várias.
Qual é sua opinião sobre playback nos shows?
Depende de como o playback for usado. Diria que é ok se for usado em algumas músicas. No Edguy usamos playback para os teclados. Mas não é legal usar o playback se for para fingir que estão tocando, porque daí é melhor ouvir o CD, sabe?
Como você se sente quando pessoas como o Kai Hansen dizem que vocês são a grande esperança do Power Metal?
É uma honra para mim. O Kai Hansen era um ídolo para mim. O Keeper of the Seven Keys é um clássico. É muito legal quando alguém como o Kai diz isso, porque eles devem saber do que eles estão falando. Estiveram no cenário desde os anos 80, passaram pela época boa e pela época ruim do Metal. É muito legal mesmo.
Para terminar a entrevista, queria que você deixasse uma mensagem para o seleto público do DELFOS.
Uma mensagem de rádio?
A gente normalmente coloca no site, para as pessoas pegarem em MP3.
Muito obrigado pelo apoio. Espero que possa ver vocês de novo ano que vem, porque adoro tocar aí. Amo o país, o clima, as pessoas. É um ótimo lugar (Você pode pegar um MP3 dessa mensagem aí embaixo, mas a qualidade dessa vez não está legal).
Você tem planos de voltar para cá?
Acho que vamos voltar no segundo semestre do ano que vem. Talvez façamos uma turnê promocional antes, mas não tenho certeza.
Ok, essas são todas as perguntas que temos. Quero agradecer pela entrevista.
Muito obrigado. Agora vou fazer a próxima.
Ok. Tchau.
Tchau.

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