Dream Evil – In The Night

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Tem alguns discos, bandas e músicas que já te agradam antes mesmo de você ouvir o som. Isso pode rolar depois de você ler uma entrevista com os músicos, ler as letras, ver a capa, enfim. Este do Dream Evil foi um desses casos para mim. Eu até tenho um dos primeiros CDs dos caras, mas o ouvi tão pouco que, ao ouvir esse, foi praticamente como conhecer a banda novamente.

Antes de colocar o CD para tocar, eu dei uma folheada no encarte. Logo no início, tem a foto do Nick Night, creditado como lead vocals. “Aliterações são legais”, pensei com meus botões criados pelos ferreiros de Valhalla, enquanto ria da cara de mau ridícula do sujeito. Na segunda página, Ritchie Rainbow (será que ele é fã do Ritchie Blackmore?), creditado como lead rhythm guitar, o que eu deduzi significar que ele fazia base e solos. E veja a foto na galeria, para ter uma ideia do naipe do encarte.

O humor ficou realmente consolidado na próxima foto, que mostrava Pete Pain (lead bass) arrancando os dentes de um sujeito aparentemente falecido. Claro, com cara de mau. Temos também Pat Power, cujo instrumento são as lead drums e que aparentemente é um excelente lutador e terminamos com um bárbaro sanguinário chamado Dannee Demon, responsável pela lead lead guitar. E pronto, a banda já me ganhou. Esse é um encarte tão divertidamente ridículo que não dá para não simpatizar com os sujeitos.

Mas o humor não para aí. Se você ler a parte técnica do encarte, vai encontrar coisas como: “O troll foi domado em 1917 e criado em cativeiro com o único objetivo de fazer um pequeno discurso para o Dream Evil” ou “corais inaudíveis gravados e regidos por Dannee Demon e cantado por monges ermitãos e gaivotas maliciosas”. Particularmente, acho muito legal ter finalmente encontrado uma banda de True Metal que não se leva a sério. Aliás, como alguém pode levar esse estilo a sério? =P

Quatro parágrafos depois, finalmente coloquei o CD para tocar, sabendo que o que me esperava era um True Metal bem do jeito que eu gosto. E não decepcionou. A primeira faixa, Immortal, é boa o suficiente, mas felizmente não é a melhor do disco, como costuma acontecer em CDs de Metal.

Esse título dou para Bang Your Head. Embora não seja uma cover do clássico homônimo do Quiet Riot, é quase tão boa quanto e seu refrão com o coralzinho “mamãe-eu-sou-macho-e-quero-todo-mundo-cantando-junto” é muito legal. E o riff… que riff, amigão! É simplesmente impossível não atender ao pedido dos caras e bater a cabeça.

Outro destaque é On The Wind, que traz belos e divertidos ô-ô-ôs. E todos sabemos que, se você quer fazer True Metal, você precisa encher suas músicas de ô-ô-ôs. Vide o Legacy of Kings, do Hammerfall, que usa esse artifício música sim, música não.

The Ballad é outra com nome repetido, dessa vez copiando a piada do Millencolin. Clara, trata-se da única balada do disco, mas é uma faixa que pode ser praticamente pulada, já que a especialidade da banda são os riffs bangueáveis e os vocais poderosos.

Já que falamos sobre o vocal, é incrível como o sujeito tem um timbre parecido com o do Ralf Scheepers. Considerando a qualidade da garganta do senhor Scheepers, isso deve ser encarado como um elogio, mas às vezes nosso amigo Nick Night soa um pouco parecido demais com o ex-cantor do Gamma Ray. Isso, somado ao estilo semelhante da banda, chega a fazer sentir que estamos ouvindo um dos CDs antigos do Primal Fear. Você sabe, quando eles eram legais.

Nomenclaturamente falando, merece destaque a faixa Kill, Burn, Be Evil, que apresenta no título minha filosofia de vida. Fala sério, você já ouviu um nome mais genial que esse? E a música em questão é muito legal, com um refrão empolgante na linha de Bang Your Head. A letra, no entanto, não é tão engraçada quanto parece e é até mais séria do que você poderia esperar.

Liricamente, claro, não podemos esperar pérolas filosóficas. E, se você quer isso, vá ouvir Pain of Salvation. O negócio aqui é diversão metálica pura, com letras falando sobre o poder do Metal e algumas outras um pouco mais sérias.

O disco termina muito bem, flertando com o Hard Rock ou o lado mais comercial do Metal (pense em coisas como I Want Out, por exemplo), na faixa The Unchosen One, cuja melodia promete fazer miséria nos shows da banda.

Quando ouvi o disco antigo que tinha do Dream Evil, lembro que os considerei uma versão do Hammerfall sem o mesmo charme. Ouvindo In The Night, essa minha impressão mudou radicalmente. O estilo da banda ainda é o mesmo True Metal, assim como o Hammerfall, mas pelo menos comparando entre os últimos álbuns de ambas as bandas, o Dream Evil conseguiu superar seus conterrâneos do martelo que cai. Se você gosta de Metal, você é meu amigo. E, se você gosta de Metal, faça um favor a si mesmo e compre In The Night. E daí é só bang your head adoidado!

Curiosidades:

– O atual guitarrista do Ozzy Osbourne, Gus G., já foi do Dream Evil, tendo gravado os três primeiros discos da banda: Dragonslayer, Evilized e The Book of Heavy Metal.

– O nome real do guitarrista Ritchie Rainbow é Fredrik Nordström e ele foi o produtor dos dois primeiros discos do Hammerfall (Glory to the Brave e Legacy of Kings), assim como de muitas outras bandas conhecidas, como Arch Enemy, Dimmu Borgir e In Flames.

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