Demorou muito, mas enfim chegou ao Brasil Diário de um Jornalista Bêbado, mais uma adaptação cinematográfica de um livro de Hunter S. Thompson, o criador do jornalismo gonzo. E assim como na adaptação anterior, Medo e Delírio, mais uma vez o alter ego do escritor e jornalista é interpretado por Johnny Depp.
Na década de 1950, Paul Kemp (Depp) vai trabalhar num jornal fuleiro de Porto Rico e fica encarregado da inglória tarefa de escrever os horóscopos. Não demora muito pra ele se meter com o cara mais rico e influente do lugar (Aaron Eckhart), que pretende construir um resort de luxo numa ilha próxima e quer envolver Kemp na jogada. Mas o jornalista prefere mesmo é se envolver com a esposa do cara (Amber Heard). Ah, sim, ele também é chegado num “mé”, o que justifica tanto o título nacional quanto o original.
Como não li o livro que deu origem ao filme, confesso que estava esperando algo parecido com Medo e Delírio, uma viagem alucinógena e surreal regada a drogas. Não é o caso. Diário de um Jornalista Bêbado é um filme bem certinho, talvez até demais para o seu próprio bem.
Kemp toma uns gorós, mas ainda é essencialmente um cara lúcido e bastante idealista. E o filme gasta bastante tempo com o romance dele com a mulher do figurão. Essencialmente, é uma narrativa batida, já vista muitas vezes. E não é difícil imaginar o desenrolar dos fatos mostrados. Ainda assim, é um trabalho simpático.
Os pontos altos da película são, sem dúvida, as aventuras muito loucas e regadas a birita em que Kemp e seus colegas de jornal se metem pela ilha. Entre desentendimentos dos repórteres gringos com os moradores locais (Porto Rico é um território dos EUA, mas o espanhol é a língua mais falada) e personagens bizarros, como o jornalista interpretado por Giovanni Ribisi, há alguns momentos bem divertidos.
Dá para entender porque o filme demorou tanto a estrear por aqui. Não é um trabalho capaz de agradar a todos, mesmo se tratando de uma narrativa bastante tradicional. O objetivo aqui é mostrar a gênese de Hunter S. Thompson como escritor, que só se desenvolveria plenamente, assim como todas as loucuras que o cercavam, em trabalhos posteriores.
Para quem é fã do escritor e jornalista e também dos papéis menos mainstream de Johnny Depp, o filme pode agradar, como agradou a mim. A todos os outros, trata-se de uma aposta arriscada.