Dezesseis Luas

0

E Hollywood continua sua busca pelo “próximo Crepúsculo”. Acho que este já é o terceiro ou quarto filme que nos é apresentado assim. Isso pode até atrair a legião de fãs da saga dos vampiros cintilantes, é verdade, mas também afasta todo mundo que não gosta de Crepúsculo, um grupo igualmente grande ou até maior. E mesmo para quem é indiferente, passa a ideia de que será só mais um oportunista pegando carona na modinha do romance sobrenatural teen, o que não é muito animador.

Foi com essa impressão que fui assistir a Dezesseis Luas, a adaptação do primeiro livro da saga Beautiful Creatures, de Kami Garcia e Margaret Stohl. De fato, inovação e originalidade são artigos atualmente em falta na literatura young adult, então existem sim os paralelos com Crepúsculo (e que também se aplicam a muitos outros). Saca só: um adolescente humano que não se sente em casa aonde vive, encontra uma fascinante criatura mítica e os dois rapidamente começam um romance. No entanto, a criatura representa perigo para seu amado humano, e sendo assim, os dois terão de lutar e fazer sacrifícios para seguir em frente com seu amor.

Aqui o humano é Ethan Wate, um infeliz habitante de uma cidadezinha minúscula de população extremamente conservadora e religiosa, que não tem muitos amigos e prefere a companhia dos livros. O elemento sobrenatural é Lena Duchannes, uma menina que acabou de chegar. Sua família é muito mal vista na cidade, e ao se aproximar, Ethan descobre o motivo: eles são Conjuradores, bruxos que vivem escondidos entre nós. Só que os poderes da moça só vão se liberar totalmente em seu próximo aniversário, e ela não sabe ainda para que lado da Força terá de ir quando isso acontecer. Além disso, a relação entre Conjuradores e trouxas – digo, mortais – sempre trouxe consequências ruins, então isso é desaprovado pela família dela.

E o resto você já conhece. Praticamente todos as situações e personagens aqui são cheios de Tropes, ou seja, aqueles traços pré-definidos que você já viu várias vezes em várias formas de ficção. O tio excêntrico tremendão, a figura materna protetora e badass, a patricinha nojenta que é a mais popular da escola com seu sidekick, a femme-fatale que manipula os homens, etc. Tudo já é meio familiar.

DEFINA “BOM”

Mas o resultado não é tão dolorido quanto se esperava. Ethan é um protagonista agradável e o ator é bastante carismático. Diferente de Meu Namorado é um Zumbi, Dezesseis Luas tende a se levar muito a sério, e o jeitão descontraído do rapaz ajuda a aliviar isso. Já a Alice Englert me lembrou muito a Jennifer Lawrence, e eu não duvido que ela também comece a aparecer em papéis mais complexos num futuro próximo.

A primeira metade do filme, com a apresentação do Ethan e de Gatlin, as referências à literatura e o desenvolvimento do relacionamento dele com a Lena, é legal. Os veteranos Jeremy Irons, Viola Davis e Emma Thompson ajudam a subir ainda mais o nível, apesar de um tanto mal-aproveitados. E depois, quando as “coisas estranhas” começam a acontecer, você fica curioso para entender como funciona a parte sobrenatural da história.

O problema é que quando é hora de descobrir, a explicação vem quase toda em diálogo. Isso deve funcionar bem no livro, mas no filme seria obviamente mais legal ver os poderes em cena. Pequeno Spoiler: Sarafine, por exemplo, é citada como sendo a Conjuradora mais poderosa das Trevas, mas nós nunca vemos nenhuma demonstração convincente disso. Os poderes da Ridley aparecem bem mais do que os dela Fim do Spoiler. Também tem algumas falas e conceitos um tanto sexistas (só os Conjuradores homens têm direito de escolha? WTF?), o que nunca é bom. Ainda assim, o tempo do filme passa até bem rápido.

Ou seja, Dezesseis Luas é mais um típico romance teen com elemento sobrenatural, e não traz nenhuma grande inovação para o gênero. Porém, ele é mais inspirado do que a maioria, e se for assistido com a expectativa certa, até dá para curtir. Só não sei se essas modestas qualidades vão conseguir durar através das sequências que já se anunciam.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorVeja uma réplica de Hogwarts feita com 400.000 peças de LEGO!
Próximo artigoTá Chovendo Hambúrguer 2 ganhou trailer
Joanna Lis
Delfonauta desde pré-adolescente, se tornou delfiana oficialmente em 2012. Não consegue gostar de nada casualmente e estuda Letras só para adquirir base teórica para fazer melhor o que sempre fez por hobby: analisar obsessivamente e escrever longas dissertações sobre Cultura Pop.
dezesseis-luasGênero: Romance/Fantasia<br> Duração: 124 minutos<br> Roteiro: Richard LaGravenese<br> Elenco: Alden Ehrenreich, Alice Englert, Jeremy Irons, Viola Davis, Emma Thompson, Emmy Rossum<br> Diretor: Richard LaGravenese<br> Distribuidor: Paris Filmes<br>