Este era um show que prometia muito. O Rio de Janeiro é uma cidade em que eventos de animê e cultura japonesa sempre lotam, e eu imaginava que esse show seguiria pelo mesmo caminho. Com não apenas uma, mas duas atrações de peso para este público, era natural imaginar que eu me depararia novamente com uma casa lotada. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que o Detonator e as Musas do Metal, junto com o Cavaleiros in Concert, levou cerca de 200 pessoas ao Imperator.
WTF?
O Cavaleiros in Concert, para quem não sabe, é um projeto criado pelos vocalistas que já gravaram os temas do animê para celebrar o aniversário da saga. Assim, esta seria a oportunidade perfeita para ver performances ao vivo de músicas que marcaram gerações, como Blue Dream, Blue Forever e, claro, Pegasus Fantasy.
Já o Detonator e as Musas do Metal é a mais nova banda do Filhinho do Deus Metal, Detonator. Antigamente, ele era vocalista do Massacration, mas atualmente ele está em carreira solo. Em uma banda formada apenas por mulheres, as Musas do Metal, Detonator segue uma proposta completamente diferente se comparado com a sua primeira banda: agora, Detonator canta em português e fala sobre o folclore nacional!
E, cá para nós, fazia bastante sentido esperar que este show tivesse lotação máxima. De um lado, temos a carreira nova – e de extrema qualidade – de um vocalista tão famoso no cenário Heavy Metal do país. De outro, temos um revival de músicas que marcaram a vida de muita gente com os vocalistas originais reunidos. E é por isso que até agora eu estou tentando entender o motivo desse show ter tido um público tão reduzido.
Porém, destaco aqui que o público diminuto não foi motivo para os shows terem sido ruins. De fato, fiquei surpreso não só com a organização de primeira do evento, mas também com a qualidade de todas as apresentações. O som e a iluminação estiveram ótimos em todos os momentos e o intervalo entre uma banda e outra não foi maior do que o natural, o que faz com que a nota ali em cima também possa ser dada à organização.
O único problema que eu vou destacar aqui é que as apresentações foram de fato muito curtas. O evento começou às 19 horas e foi em um domingo, logo, por motivos óbvios, não seria possível fazer um evento que passasse da meia-noite. Com isso, sobrou um tempo relativamente curto para que as três bandas pudessem se apresentar.
TRÊS BANDAS?
“Espera um pouco, Luiz”, diz o delfonauta do fundo da sala, “Cavaleiros in Concert, Detonator e as Musas do Metal… Onde está a terceira banda?”. Obviamente me refiro à banda que abriu o evento, delfonauta apressado. A banda em questão se chama Skyrion, e é necessário dizer o quanto a apresentação da mesma foi espetacular.
É importante destacar aqui o quanto a apresentação da banda foi surpreendente. Ao me lembrar do evento como um todo, vejo que a apresentação da Skyrion não ficou devendo em nada se comparada com as bandas headliners. Assim, a única crítica que eu faria à banda é não ter muito material disponível online para conhecê-la: não encontrei nenhuma das melhores músicas do show no Youtube, apenas a do vídeo acima. Porém, ainda sustento que a banda é excepcional e merece ser conferida ao vivo.
COMO SE FAZ UM SHOW GRANDIOSO COM UM PÚBLICO PEQUENO?
O show seguinte foi o do Detonator e as Musas do Metal. E, meu amigo, que show foi esse! Foi rigorosamente tudo o que eu esperava e ainda mais, com alguns detalhes que me surpreenderam positivamente.
O primeiro detalhe foi o fato de, nesse show, eu ter tido a possibilidade de ver como funcionava a Lojinha do Detonator. A Lojinha do Detonator nada mais é do que um estande diminuto em que Bruno Sutter vende os produtos da banda. Obviamente ele não vendia os produtos sozinho, contando com a ajuda de Pedro Henrique, vulgo Verdone, para vender os produtos do Filhinho do Deus Metal.
Para você que não sabe, Bruno Sutter é a pessoa que encarna o Detonator no palco, e, apesar de isso ser de conhecimento geral, a piadinha de que eles são pessoas diferentes é frequente. Dessa forma, você compra os produtos diretamente com quem idealizou aquilo tudo – o que é, sem dúvidas, envolvente.
O segundo detalhe foi que a performance da banda ao vivo foi exemplar. Eu, por já ter ouvido o disco, sabia da força que as músicas tinham, porém sempre me questionei se a banda daria conta de executar tudo perfeitamente. E no próximo parágrafo eu explico o porquê.
A banda já se apresentou duas vezes no Estúdio Showlivre, uma vez em 2012 e outra agora em 2014. Comparando as duas apresentações, é visível como a performance da banda melhorou. A título de comparação, ali embaixo estão as apresentações dos dois anos de Metal Bucetation.
Antes do show, eu tinha apenas a performance de 2012 na mente, e foi apenas alguns dias antes do show que eu vi a mais recente. Impressionado com a evolução da banda, fiquei bastante curioso para saber se no palco seria igualmente impressionante – e devo dizer que foi. Ponto para as meninas.
A terceira surpresa foi mesmo o Detonator himself. Eu sabia que, por ser um personagem, a performance do Detonator seria mais exagerada, com uma presença de palco maior. Contudo, eu não imaginava que seria algo tão potente. O Detonator pula mais e corre mais no palco do que o Bruce Dickinson!
Obviamente isso se explica pelo fato de o Bruno já fazer esse papel há mais de dez anos, mas ainda assim é impressionante. Ah, e só para fazer uma inveja: eu tive a oportunidade de ver o Detonator descer para a plateia e cantar Metal Bucetation junto com o público. É, delfonauta carioca que não foi ao show: perdeu! =P
Para finalizar o tópico, digo mais: essa atuação não se limita ao palco. Após o show, fui à Lojinha do Detonator, onde o vocalista estava dando autógrafos, e pedi a ” benção do Heavy Metal”. Sim, é de mentirinha; sim, é coisa de criança; sim, é idiota – mas é contagiante o bastante para fazer você acreditar. E você chora com O Rei Leão que eu sei, então não me julgue.
MAS POR QUE O SHOW NÃO LEVOU O SELO DELFIANO SUPREMO?
Porque o show foi muito curto, delfonauta. A única pulga que ficou atrás da minha orelha foi a que dizia “será que a banda conseguiria fazer um show potente como esse se ele tivesse quase duas horas de duração?”. Material para fazer uma boa apresentação eles têm, sem dúvida, mas como eu não pude presenciar isso, não posso afirmar.
E tem mais uma última coisa que eu gostaria de destacar. Algo que sempre passou pela minha cabeça era pensar como as Musas seriam tratadas pelo público, afinal, vivemos em um país machista. Fico muito feliz em dizer que, em toda a apresentação, apenas um imbecil gritou “gostosas!”, e ninguém no público apoiou a fala. Se isso só aconteceu porque o público era pequeno, eu não sei, porém isso já é um grande avanço e um grande alívio.
Só peço perdão, delfonauta, por uma coisa: não poderei comentar o show do Cavaleiros in Concert.
POR QUÊ, LUIZ?
Calma, delfonauta, não faça pipi na minha foto, eu vou me explicar. Tenho um motivo que justifica o porquê dessa ausência de comentários. Contudo, vou deixar aqui um comentário de certa forma raso, mas bastante elucidativo. Vou falar da performance da primeira música do show, Soldier Dream. Nessa música, os quatro vocalistas cantaram juntos no palco, e a performance foi simplesmente espetacular, com uma distribuição das vozes fenomenal e uma banda de apoio extremamente competente.
E POR QUE VOCÊ SAIU ANTES DO SHOW ACABAR?
Porque eu tinha uma entrevista marcada, delfonauta. Eu deveria me encontrar com o Bruno Sutter às onze e meia da noite daquele mesmo dia no hotel em que ele estava hospedado no Centro. Graças ao transporte público eficiente do Rio de Janeiro, eu teria que sair do show antes das onze para chegar, e foi o que eu fiz. Como antes das onze o show ainda estava rolando, infelizmente tive que sair e não vi o show todo. Mas tudo por uma boa causa.
Pois amanhã você confere, em primeiríssima mão, a entrevista que eu fiz com Bruno Sutter, o faz-tudo do Detonator! E devo dizer, delfonauta, que a entrevista foi tão boa quanto o show. Bem, não se esqueça de voltar aqui no DELFOS amanhã e conferir a entrevista!