A sinopse é deveras interesante. Saca só: uma moleca mexicana é raptada e levada para os States para ser vendida como escrava sexual. Ao mesmo tempo, uma polonesa que está tentando migrar para a terra do Tio Sam também é abduzida. As duas se conhecem e ficam miguxas, ao mesmo tempo em que o irmão da moleca decide seguir em uma cruzada de vingança, tentando salvar a irmã e matar o cabrón que fez isso com ela.
Quando as luzes finalmente se acendem, a impressão que dá é que realmente muita coisa aconteceu nos 119 minutos de projeção. A má notícia é que é tudo tão clichezudo que acaba sendo um daqueles filmes que não faz diferença nenhuma se você assistiu ou não.
“Vejemos”: em determinado momento, algo vai acontecer com a menininha. Sua amiga polonesa e maior de idade, imediatamente grita algo na linha “me leve no lugar dela”. Depois disso, ainda tem a cena clássica da polícia que não faz nada, do vilão que não é tão mal assim e acaba se redimindo e até mesmo o caso do protagonista ladrão que usa arminhas de água ao invés das de verdade (afinal, essa é a fórmula mais óbvia para evitar que o espectador o veja como vilão).
Cacilda, é um amontoado tão grande de clichês que até estranhei que não tem nenhum Kowalski morrendo ou que o policial não fale para o personagem do Kevin Kline alguma coisa tipo: “você não entende? É muito maior que isso!”. Para ser sincero, só faltou mesmo que o nome tupiniquim do filme fosse algo como Trade – O Comércio do Sexo ou, para zoar tudo de vez, Trade – Monstro.
Apesar de ter sido claramente escrito com um roteiro-maker Tabajara do lado, Desaparecidos não é ruim. Tem alguns bons momentos e, como um todo, até pode gerar duas horas de diversão descompromissada, desde que, é claro, você não se incomode com o fato de que mal vai se lembrar dele uma semana depois. Aliás, aposto que quando você estiver lendo essa resenha, eu mesmo já vou ter esquecido dele, e vou ler meu próprio texto para ver se vale a pena assisti-lo no cinema. O.o
Curiosidades:
– Logo no início do filme, o sujeito que cuida da projeção lá na Paris, acendeu uma luz e ficou lá brincando com seus bonequinhos de Star Wars (ou sabe-se lá o que ficou fazendo), incomodando todo mundo que estava na sala. Ficou assim mais de meia hora, até que um dos jornalistas se enfureceu, entrou lá e pediu para o cara apagar a luz. Ele só foi fazer isso uns cinco minutos depois, quando um outro jornalista estava se dirigindo à sua salinha. Essa falta de respeito custou meio ponto ao filme.
– Por outro lado, em determinado momento, o protagonista mexicano tem um ótimo diálogo com um estadunidense, onde explica que somos todos americanos, não só “os gringos idiotas da gringolândia”. Finalmente um filme estadunidense falou isso (ainda que o roteirista seja mexicano ou algo parecido), e esse simples fato garantiu o acréscimo de mais meio Alfredo ao longa. No final das contas, então, ficou tudo igual, e o dito-cujo não sofreu penalidade nem bonificação nenhuma. O projetor da Paris Filmes, por outro lado, deveria ser despedido para aprender a não brincar com seus bonequinhos em horário de trabalho. Ou, pelo menos, não sem chamar os jornalistas para brincar com ele. Humpf!