Acredita que eu nunca tinha assistido ao Top Gun original? Pois é, eu mesmo não entendo como isso aconteceu. Porém, corrigi este erro antes de assistir e escrever esta crítica Top Gun: Maverick. E ainda bem que o fiz. Isso possibilitou que eu me envolvesse muito mais com a história, e que formulasse até mesmo alguns comentários técnicos. Me acompanha nessa dança?
UMA MINI CRÍTICA TOP GUN
Eu não achei Top Gun assim tão bom, sabe? É um bom filme, em especial como experiência visual – lindo e estiloso. Mas a história é bem óbvia e simplesmente não acontece muita coisa. No final das contas, o que eu mais gostei foi a direção de Tony Scott. E sabendo que ele não voltaria para a continuação – afinal, morreu em 2012 – não estava muito animado. Pois entra sutilmente a minha crítica Top Gun Maverick.
CRÍTICA TOP GUN MAVERICK TAKES MY BREATH AWAY
Trago boas notícias, amigo delfonauta. Top Gun Maverick é muito mais legal que seu antecessor. Sua história não traz grandes novidades também, mas é mais divertida e emocionante que a do primeiro. Joseph Kosinski se limita a emular o estilo de Tony Scott, mas considerando quão marcante é a direção do primeiro, isso acaba sendo positivo. Top Gun Maverick mantém a identidade visual fortíssima estabelecida pelo irmão do Ridley.
De resto, tudo está melhor. Até mesmo o próprio Maverick (Tom Cruise) está mais carismático. Confesso que, no primeiro filme, achei o sujeito um grande babaca. Vamos à sinopse? Então entre comigo na danger zone.
CRÍTICA TOP GUN MAVERICK IN THE DANGER ZONE
Décadas depois da última vez que o vimos, Maverick é chamado de volta para a Top Gun. Felizmente, o filme não é simplesmente uma continuação que conta a mesma história, mostrando o herói ensinando um novo grupo de Ases Indomáveis.
Na verdade o governo está com uma missão impossível. E já sabe, para isso, é só chamar o Tom Cruise! Tem uma base dos caras malvados que é protegida pela geografia, mísseis anti-aéreos e caças de alta tecnologia. E o Tio Sam quer destruí-la antes que ela entre em operação. Tomás Cruzeiro é chamado como um especialista. Não para voar a missão, mas para elaborar um plano e treinar os melhores pilotos estadunidenses para executá-lo.
Você já sabe como a coisa vai rolar. Os personagens são estabelecidos (claro que o filho do Goose será um dos pilotos), vão treinar juntos, o filme vai martelar com força os motivos de a missão ser tão impossível. E o clímax, claro, vai ser a execução do plano. Você já viu essa história antes, mas como dizem em Top Gun Maverick, o importante não é o avião, mas o piloto. E esta é uma aventura muito bem conduzida. Emocionante e saborosa.
MAMÃE GANSO E O FILHINHO GALO
O filme faz um excelente trabalho em explicar as dificuldades, mesmo para quem não entende nada de aviação. Como a base fica no meio de duas montanhas, e os radares exigem que os pilotos voem baixo, acaba sendo uma missão de sobe, desce, sobe. E isso pode não parecer nada demais, mas o roteiro inteligentemente martela o impacto que esse tipo de ação tem, não apenas nos caças, mas nos próprios pilotos. A gravidade é mesmo uma amante ingrata! Mas ela está longe de ser o único impedimento para o sucesso da missão.
O filme também acerta em se manter apolítico. Isso nem sempre é positivo, claro, mas a gente sabe que os militares estadunidenses não gozam hoje da mesma popularidade que nos anos 80. Top Gun Maverick corria o risco grave de entrar no terreno cinza de um Call of Duty Modern Warfare, o que não é o ideal para um filminho pipoca descompromissado.
Sabiamente, o roteiro e a direção evitam isso em apresentar a base em questão simplesmente como “vilã”. Em nenhum momento dizem a qual país ela pertence, e mesmo quando aparecem os caças do mal, os pilotos estão totalmente cobertos. Ou seja, você não vê gênero, etnia nem absolutamente nada além de que são seres humanos. Ou pelo menos humanóides. É uma tática tradicional em videogames – que por sua vez foram muito influenciados pelo Top Gun original – mas funciona bem aqui. E isso permite que esta não seja uma história de heróis/vilões, mas sobre a camaradagem dos pilotos, unidos por uma missão que acreditam ser impossível.
E O KENNY LOGGINS?
Estilisticamente, ele também pega muito da trilha sonora do original. Não apenas por resgatar músicas como a própria Danger Zone, mas por manter o mesmo estilo classic rock empolgante. O som e as belas imagens de aviões me davam vontade de jogar After Burner, mas eu tenho plena noção de que na verdade é esse jogo que imitava o Top Gun.
Seja como for, na impossibilidade de curtir um After Burner ou G-Loc, Top Gun Maverick se tornou minha diversão aeronáutica preferida. Não é um filme que vai te surpreender, mas vai te deixar tenso segurando a poltrona e rangendo os dentes, ao mesmo tempo em que diverte muito. É um raro caso de continuação extremamente tardia que supera o original. E isso vem de alguém que assistiu aos dois filmes pela primeira vez em menos de 24 horas.