O hiperbólico release de Tokyo Ghoul diz que ele está sendo considerado a melhor adaptação live action de um mangá e anime de todos os tempos. Por quem, ele não diz, mas eu bem que gostaria de saber. Afinal, se esta é a melhor adaptação, é sinal que a coisa está feia.

Baseado no mangá de Sui Ishida, publicado por aqui pela Panini, e que também virou uma série em anime, ele apresenta os ghouls, criaturas que se alimentam de humanos e que conseguem viver entre eles disfarçados. O universitário Kaneki é atacado por um e quase vira janta, porém, consegue sobreviver.

Só que ele acaba se transformando em um ghoul, ganhando suas habilidades especiais e também a fome por carne humana, agora a única coisa capaz de nutri-lo. Enquanto tenta lidar com sua nova situação, vai descobrindo também como funciona a sociedade dos ghouls, dividida em facções. E também vira alvo dos chamados pombos, agentes de uma divisão do governo especializada em caçar e exterminar as criaturas.

Delfos, Tokyo Ghoul, CartazÉ uma trama típica de quadrinhos e renderia um bom filme de ação. Só que não acontece. Ele é simplesmente muito chato, lento e arrastado. É a típica história de origem, só que ele peca ao querer contá-la com um tom grandioso que a história simplesmente não possui.

Todos os elementos fantásticos que formam o universo de Tokyo Ghoul não são tão complicados e poderiam ser resolvidos rapidamente, ao invés de ficar na interminável lenga-lenga de Kaneki descobrindo aos poucos que agora ele pertence ao outro lado da história.

NÃO BRINQUE COM A COMIDA

Não só esses elementos não são tão interessantes, como o desenrolar do roteiro é bem padrão das histórias de origem e, portanto, é bem preguiçoso e sem surpresas. Pra completar, os efeitos em CGI são bem tosquinhos. Não me pareceu ser um caso de orçamento apertado, mas sim de falta de know-how na criação deles.

Para não dizer que não falei só mal, o começo dele até que cria um clima legal e ele volta a esquentar um pouco mais para o final, quando Kaneki finalmente deixa de ser um frouxo e, após a tradicional montagem do treinamento, vira um candidato a badass. Mas aí já é mesmo praticamente o final do filme.

De todas as adaptações em live action de mangás/animes que chegaram por aqui recentemente, mesmo eu não conhecendo as fontes, acabei tirando sempre alguma coisa de boa de suas versões cinematográficas. Tokyo Ghoul acaba sendo uma exceção.

Delfos, Tokyo Ghoul
Vai um petisco aí?

Na verdade, na minha visão de leigo, acaba sendo um desserviço, pois este é o típico filme que não faz um neófito ter a menor vontade de ir atrás do material original. E quanto ao que dizia o release? Tremenda propaganda enganosa.

Mas enfim, para novatos e iniciados que quiserem conferir o filme na telona do cinema, ele faz parte do Festival de Ação Japonês que já está sendo exibido em algumas redes seletas. Para conferir salas, horários e o resto da programação, é só clicar aqui.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-tokyo-ghoulTítulo: Tôkyô Gûru<br> País: Japão<br> Ano: 2017<br> Gênero: Ação/Terror<br> Duração: 119 minutos<br> Distribuidora: Sato Company<br> Direção: Kentarô Hagiwara<br> Roteiro: Ichirô Kusunu<br> Elenco: Masataka Kubota, Fumika Shimizu e Nobuyuki Suzuki.