Acredito que este é um caso único no cinema. A maioria de nós nunca tinha ouvido falar de Terrifier, lançado em 2016. Mesmo assim, uma continuação foi lançada em 2022 e viralizou fortemente. Campanha de marketing ou realidade, muito se comentou sobre a violência explícita do filme, que supostamente estava fazendo espectadores vomitarem. Então pegue seu baldinho e prepare-se para vomitar também, pois esta é nossa crítica Terrifier 2.

CRÍTICA TERRIFIER 2

Terrifier 2 é um filme B slasher de terror cômico surreal e gore. E sim, ele é tudo isso. Aqui acompanhamos uma família suburbana de classe média que se vê no centro dos ataques psicopatas de um simpático palhaço chamado Art.

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Fala sério, esse chapeuzinho é puro charme!

O que diferencia Art de outros assassinos slasher é que ele não é eficiente como o Jason Voorhees. Ele não aparece e corta a cabeça ou enfia uma machete na garganta e depois desaparece. Art gosta de saborear a violência e cada um de seus poucos assassinatos é estendido por vários minutos, de forma gráfica e explícita. Ele corta membros, arranca escalpos, come corações. Taí um sujeito que deve ser sempre a alma da festa.

A violência é impressionante, e não duvido que cause enjoos a algumas pessoas. Porém, não é especialmente realista. A ideia não é resgatar o Soldado Ryan e chocar. Ao terminar de assistir, fiquei com a sensação de que Terrifier 2 era uma enorme brincadeira, e que depois de filmar cada assassinato, palhaço, vítimas e diretores caíam na gargalhada.

FILME B

A coisa não é simplesmente explícita, mas tem aquela estética de filmes B que já expliquei por aqui. Aquela coisa de “a gente não quer te fazer pensar que isso é real, a gente quer que você participe da brincadeira do filme”. Assim, mesmo quando faz coisas horríveis, como arrancar o couro cabeludo de uma moça e expor seu cérebro, a sensação que dá é mais próximo à violência de um Comichão e Coçadinha do que algo realmente feito para assustar. É nojento? Sim, sem dúvida. Mas é bem claro nas cenas mais explícitas que o que está sendo cortado e arrancado são pedaços de plástico cheios de sangue teatral.

Não me entenda mal. Isso não é uma crítica. Não estou dizendo que a maquiagem de Terrifier 2 é mal feita. Muito pelo contrário, se a academia não fosse tão puritana, acho que filmes como este deveriam papar todos os prêmios de maquiagem. É difícil criar algo que seja, ao mesmo tempo, nojento e engraçado.

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E sim, Terrifier é engraçado. Desde que você consiga encarar sadismo e violência como algo engraçado. O palhaço Art lembra muito o Coringa em seus maneirismos. Mas, claro, seus atos são muito mais explícitos no filme do que os do Coringa foram em todas suas interpretações. De qualquer forma, é engraçado ele deixar um caboclo chorando no chão e fazer aquele tradicional gesto de violino.

SURREAL

O que pega para mim, e que particularmente não me agrada, é que Terrifier 2 é também bastante surreal. Há cenas oníricas estendidas e elaboradas, que você fica sem saber se estão mesmo acontecendo ou se são sonhos. Há uma clara influência de David Lynch aqui, o que certamente diferencia Terrifier 2 de outros representantes do gênero, mas que a meu ver não é uma diferenciação positiva.

Claramente há mágica envolvida na história, mas as regras desse mundo nunca ficam perfeitamente claras. O mesmo pode ser dito do pai da protagonista, que parecia estar ciente de tudo que aconteceria neste filme. Ele era um personagem do anterior? Sinceramente não sei. O próprio Art não é desenvolvido de forma alguma. Não há motivação ou razão para os assassinatos. Assim como os zumbis do Romero, ele é simplesmente algo que apareceu ali, e com o qual as pessoas têm que aprender a lidar.

O que me surpreendeu é justamente quão dependente a história de Terrifier 2 é do primeiro. Várias coisas que acontecem aqui são citadas como decorrência do que aconteceu antes. Assim, esta não é uma continuação de terror standalone, como as que costumavam fazer para Sexta-Feira 13 ou A Hora do Pesadelo. No aspecto continuidade, a coisa se aproxima mais de um Jogos Mortais, apesar de em gênero dever bem mais aos slashers.

CRÍTICA TERRIFIER 2: 2 VEZES MAIS TERRÍVEL

Eu sinceramente esperava mais de Terrifier 2, dado o hype em torno dele. Mas no final das contas, ele é só mais um slasher, cujo principal diferencial é o espetáculo da maquiagem. A estética da violência como exploração de prazer e de efeitos visuais. E, no fim, este é um dos principais atrativos do cinema de terror, certo?