Parque do Inferno é o slasher mais legal que eu assisti em anos. Você conhece o esquema: um bando de jovens bonitões e de várias raças diferentes começa a ser assassinado um a um, até sobrar apenas uma, a famosa (e que até já virou nome de filme) “final girl”. Pois o que torna este tão especial? Para descobrir, você vai precisar ler minha crítica Parque do Inferno.

CRÍTICA PARQUE DO INFERNO

Para começar, a sua ambientação. Os jovens bonitos e diversificados resolvem passar uma divertida noite em um parque de diversões do medo chamado Hell Fest (que também poderia batizar um festival de música focado em metal).

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Ou se o Doutor Octopus entrasse no Slipknot.

Só isso já me trouxe excelentes lembranças da minha adolescência. Lá no século passado, tinha um parque de diversões em São Paulo chamado Playcenter. Durante um mês ao ano (agosto, se não me engano), eles organizavam as “Noites do Terror“. Este evento envolvia atores fantasiados de monstros que ficavam passeando pelo parque tentando assustar os visitantes. Eu ia todo ano.

Hell Fest do filme é focado apenas em atrações de terror. Tem os atores, tem trem fantasma, todo o escambau. E se você já foi em algo parecido, sabe que a regra padrão é “não toque, e não será tocado”. Pois o Hell Fest tem uma área hardcore que manda esta regra para as cucuias. Claro, a esta altura você já sabe que nossos belos e diversificados amigos vão se aventurar por ali, e a coisa vai dar errado. Muito errado. Tipo big mistake errado.

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A cara de quem percebe o big mistake.

Parque do Inferno tem três características que o afastam dos filmes nada que povoam o gênero.

PRIMEIRO: OS JOVENS NÃO SÃO BURROS

Crítica Parque do Inferno, Parque do Inferno, Hell Fest, DelfosTodo mundo já fez humor com isso. “Ei, sua burra, não abre esta porta!”. Ou “como eles não se tocam do que está acontecendo?”. Ora, o Hell Fest, por definição, é um lugar onde nossos lindos exemplos de diversidade foram para ser assustados.

Eles pagaram para ver coisas que dão medo. E é justamente com isso que o filme brinca o tempo todo. Será que isso é uma atração do parque? Ou algo mais sinistro? Como diferenciar entre elas? Você conseguiria?

Mesmo coisas que poderiam dar bandeira que algo está errado fazem sentido. Afinal, quem nunca saiu com um grupo de amigos e de repente alguém se separa da turminha? Em um lugar cheio de gente, como um parque de diversões, é batata que alguém vai se perder.

Para completar, o assassino é esperto. Ele não usa da teatralidade de um Jason ou Freddy Krueger. Na real, ele ataca quase sempre de forma stealth. É um ninja do terror, se disfarçando no ambiente. As mortes são bem violentas mas, provavelmente para abaixar a censura, todas as cenas com algo chocante cortam menos de um segundo depois do fato.

SEGUNDO: SEM SUSTOS FORÇADOS

Isso é uma picuinha pessoal. Sabe aquela cena que quase todo filme de terror tem? Aquela que a mocinha abre um armário e um gato pula de dentro? Olha, nunca um gato saiu pulando dos armários aqui de casa, mas os filmes fazem parecer que isso é algo que acontece todo dia com todo mundo.

Pois adivinha só: Parque do Inferno não faz isso. Verdade, ele também não é especialmente assustador. Por um lado, isso se deve ao fato de, por ser fã do gênero, eu já ter assistido a centenas de slashers. Mas por outro, mesmo na adolescência eu achava estes filmes mais divertidos do que propriamente assustadores.

Com isso não quero dizer que Parque do Inferno cai para o lado da comédia, como Pânico ou como rolava com as longevas e clássicas séries do gênero. O tom aqui está mais para Sexta-Feira 13 Parte 1 do que para Sexta-Feira 13 Parte 8: Jason Ataca Nova York.

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Saudades do Playcenter…

Isso não quer dizer que ele não seja divertido, mas ele se leva a sério, não tira sarro de si mesmo, o que me faz levar ao ponto que mais me incomodou. Em mais de uma vez ao longo do filme, o assassino pega itens do cenário para matar suas vítimas.

Agora convenhamos que, até para evitar que isso aconteça na vida real, você não vai encontrar machados de verdade e afiados em uma atração assim. Provavelmente seria uma réplica de espuma ou algo do tipo. Mas nosso vilão consegue fazer um belo estrago com elas, o que me faz pensar que neste caso elas não são de plástico. E não dá para engolir um parque de diversões de terror que espalha armas de verdade por seu território.

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Ei, eu tenho uma máscara igual a essas.

TERCEIRO E ÚLTIMO: NADA DE SOBRENATURAL

Se você já leu algum texto meu sobre a cultura de medo, sabe que eu considero que estas histórias funcionam melhor quando evitam o sobrenatural. E este é o caso aqui.

O assassino de Parque do Inferno não é uma entidade mística pintuda invencível como o Jason. É só uma pessoa, um psicopata. E isso me faz pensar como este tipo de parque do medo é um ambiente prolífico para um ataque stealth de alguém assim. Sem dúvida eu vou me lembrar deste filme quando for a um lugar assim por diversão, assim como me lembro de Abismo do Medo toda vez que vou fazer espeleologia.

O lado bom é que até agora eu não encontrei monstrinhos cegos em cavernas, e espero que eu também nunca encontre um assassino em um parque. Mas que eu vou ficar de olhos abertos para esta possibilidade… ah, isso eu vou.