Eu estava animado para assistir a Morto Não Fala. É difícil vermos filmes de terror brasileiros, e o último do qual me lembro, O Animal Cordial, é excelente. Este, para completar, ainda tinha uma temática interessante. Será que vingou?

CRÍTICA MORTO NÃO FALA

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Olha, é a moça do 3%!

Aqui conhecemos Stênio, um sujeito que trabalha com falecidos no IML. E ele tem um superpoder. Ao contrário do que o título dá a entender, os presuntos falam com ele. Fazem pedidos, dão informações de suas mortes e até tiram sarro da cara do coitado. Pois é, se o moleque de O Sexto Sentido via pessoas mortas, nosso novo amigo as ouve.

Após sua esposa ser assassinada, a patroa resolve que uma boa forma de passar a eternidade é infernizando o maridão. Então é isso que ela faz. Bu! Terror!

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A partir daí, o filme segue um caminho bem tradicional, que normalmente vemos nos filmes de terror sobrenatural estadunidenses. Tudo que você espera do gênero está aqui. Da silhueta que passa rapidamente em segundo plano aos sustos com aumento de trilha sonora.

A principal diferença é que ele se passa no Brasil. Isso faz com que os cenários e mesmo as pessoas tenham a cara do que vemos no dia a dia. Isso é bacana e aproxima Morto Não Fala de nós, mas é uma pena que ele não tenha se aproveitado de sua temática criativa para fazer algo mais novo. Se pá algo mais tipicamente nacional. Neste aspecto, O Animal Cordial funciona bem melhor.

Também tive alguns problemas com o roteiro. A assombração da esposa é inicialmente focada no Stênio, e ele opta por não contar a ninguém. Beleza, mas daí vem uma cena em que um fantasma puxa a filha dele para dentro de um forno. A galera puxa ela de volta, mas ninguém estranha ou questiona o que aconteceu? Na próxima cena, os filhos voltam a ter medo do pai, como se não tivessem visto que o vilão é um fantasma com os próprios olhos.

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Calma, filhão! É só a mamãe, que virou um fantasma psicopata e quer matar todos nós.

Eu vejo com bons olhos o Brasil começar a fazer filmes de gênero, em especial de terror. Mas mesmo na categoria sobrenatural, há um abismo de qualidade entre O Exorcismo de Emily RoseAnnabelle. E, por mais que eu gostaria que fosse o contrário, este está mais para o último.

No final das contas, em matéria de qualidade, Morto Não Fala é um filme nada. Porém, ao contrário do grosso desta categoria, eu provavelmente lembrarei deste. Afinal, é um dos primeiros filmes de fantasma brasileiros que eu vejo no cinema. Vale pela curiosidade, mas pouco além disso.