Nick Hornby deve ser um dos escritores mais adaptados para o cinema. Ouso dizer que ele só compete com o Stephen King neste aspecto. E se o Rei Estevão é o mestre do terror, Hornby foca em histórias mais mundanas, não raro envolvendo relacionamentos amorosos e música. A gente gosta destes elementos aqui no DELFOS, e eles são uma boa forma de resumir Juliet, Nua e Crua.

JULIET, NUA E CRUA

Juliet, Nua e Crua, Nick Hornby, DelfosInfelizmente, parte da referência já se perde no próprio título nacional. Aqui a gente conhece o casal Duncan (Chris O’Dowd, de The IT Crowd) e Annie (Rose Byrne). Duncan tem uma mancrush das fortes no recluso músico Tucker Crowe (Ethan Hawke), e administra um site dedicado à obra do sujeito.

Tucker é o autor do álbum Juliet que dá título ao filme, e ninguém sabe que fim ele levou depois de sua última aparição pública, ainda nos anos 90. Um dia, Duncan recebe um disco pelo correio, com o nome de Juliet, Naked. Isso explica o título da obra e porque ela se perdeu na tradução. Afinal, é uma clara referência a Let It Be… Naked, versão do clássico dos Beatles lançado em 2003.

Assim como Let It Be… Naked, o Juliet, Naked é composto de versões inacabadas das músicas que seriam lançadas em Juliet e que Duncan adora. Como estas versões nunca foram lançadas, é um grande achado para o nosso amigo que trabalhou um bom tempo em TI com o Moss. Ele corre para publicar um review dizendo quão sensacional é o álbum que só ele ouviu.

Sua esposa discorda da opinião do maridão, e publica seu próprio review, que motiva o próprio Tucker Crowe a mandar um e-mail para ela. Eles viram pen pals, e daí acabou a sinopse.

PELADÃO

Apesar de os nomes mais repetidos na sinopse serem os de Duncan e Tucker, esta não é uma história dos caras. Não, a protagonista aqui é a Annie mesmo, e a graça do filme é ver como ela vai se relacionar com as pessoas à sua volta e os desafios que sua vida apresenta paralelamente. Basicamente, é um filme sobre pessoas e relacionamentos, surpreendendo absolutamente ninguém familiar com a obra de Nick Hornby.

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Tucker e seu moleque.

Eu gosto de histórias como essa, mas devo dizer que Juliet, Nua e Crua não me conquistou. Não achei ruim, mas é uma temática relativamente comum e que já foi feita de formas bem melhores em outros filmes.

Além disso, tem uma cena, a única que tem a música em primeiro plano, em que um dos personagens aparece sem avisar e sem nenhum motivo. É o cúmulo da coincidência, um deus ex machina que vem próximo ao final e que ajuda a deixar um gosto menos doce na boca ao fim da projeção.

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Esta cena. Por que não cortaram esta cena?

No fim, acabei considerando-o na média, mas isso se deve mais ao fato de ele abordar um tema pelo qual tenho um certo apreço do que por merecimento próprio.

Juliet, Nua e Crua deve agradar moderadamente aos fãs do autor e de dramédias com esta temática, mas vai sumir rapidinho da memória de quem o assistir.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-juliet-nua-e-crua-nu-com-mao-no-bolsoTítullo: Juliet, Naked<br> País: EUA<br> Ano: 2018<br> Estreia no Brasil: 4 de outubro de 2018<br> Distribuidora: Diamond<br> Duração: 1h45m<br> Diretor: Jesse Peretz<br> Roteiro: Evgenia Peretz, Jim Taylor e Tamara Jenkins<br> Elenco: Chris O'Dowd, Rose Byrne, Kitty O'Beirne e Ethan Hawke.<br>