Esse soft reboot de Jogos Mortais era uma incógnita para mim. A começar pelo elenco. Chris RockSamuel L. Jackson? Dois atores conhecidos por trabalhar quase exclusivamente em comédias, fazendo um filme de terror? Será que seria um terrir? Curioso. E, embora eu curta o seu Samuel, não posso dizer o mesmo do Chris. Então coloque este mecanismo assustador na sua boca e se junte a mim. I want to play a game, então vamos começar nossa crítica Espiral – O Legado de Jogos Mortais.

Crítica Espiral, Espiral, Jogos Mortais, DelfosCRÍTICA ESPIRAL – O LEGADO DE JOGOS MORTAIS

Apesar de ser um longa com a clara intenção de “reiniciar Jogos Mortais“, ele tem um aspecto bem forte de “retorno às origens”. O diretor é Darren Lynn Bousman, que dirigiu Jogos Mortais 234. Ele provavelmente é o diretor mais relacionado à série, uma vez que o próprio James Wan só dirigiu o primeiro.

Além disso, há uma mudança de gênero. A série Jogos Mortais evoluiu para o terrorzão, mas o primeiro filme era um suspense policial – tanto que foi na época comparado a Seven. Para o bem ou para o mal, Espiral busca restaurar isso.

A história gira em torno do policial Zeke (Chris Rock). Ele é aparentemente o único policial honesto de seu precinto. E sua carreira desandou quando ele dedurou um colega que assassinou uma testemunha. Afinal, como dizem os gringos, snitches get stitches.

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Sua vida fica ainda mais estressante quando seus colegas corruptos começam a ser assassinados em armadilhas que imitam o MO do Jigsaw. O foco, ao contrário dos outros Jogos Mortais, não é nas armadilhas e no torture porn, mas sim na investigação de Zeke e de seu parceiro para pegar o assassino.

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Zeke e seu parceiro.

Sim, há armadilhas, e elas são bem aflitivas. Tem umas coisas bem horríveis que acontecem aqui, a ponto de que eu me via segurando forte na cadeira, o que não é comum para mim. Mas são poucas. Se não me falha a memória, há apenas três cenas dessas no filme todo.

Assim, este é o primeiro Jogos Mortais que não gira em torno de um “jogo” mais longo e elaborado. É uma história dos policiais, e não das vítimas. E isso me decepcionou. Você me conhece, eu gosto muito mais de histórias de terror do que de policiais.

CHRIS E SAMUEL

Apesar de Chris RockSamuel L. Jackson dividirem espaço no pôster, Samuel é quase uma ponta (pouco mais de duas cenas, basicamente). Ele parece estar no filme mais para emprestar seu star power do que para contribuir à história. Ele nem fala “I’m fuckin’ tired of these motherfuckin’ traps“, o que é um enorme desperdício.

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Já o Chris é o protagonista, e ele praticamente repete seu mantra “Todo mundo odeia o Chris”. Sim, todos os personagens, até mesmo seu pai (o Samuel) o odeiam. E pudera, ele é um personagem odiável, a ponto de que é incompreensível que tenham escolhido jogar o filme nas costas dele. A única exceção é seu parceiro, aparentemente a única pessoa que o suporta, mesmo sendo constantemente maltratado.

Durante boa parte do filme, eu ficava pensando comigo mesmo: cadê as armadilhas? Cadê o terror? Caramba, isso é um filme policial! E daí as coisas mudaram.

CRÍTICA ESPIRAL: QUANDO AS COISAS MUDARAM

Chega uma hora que o filme parece que vai engrenar. Começa a tocar aquela famosa música tema, parece que vai começar um jogo mais elaborado. Mas daí ele acaba.

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Não! Não acaba agora!

Essa é de longe a melhor parte do filme, mas não posso falar muito dela, pois é literalmente o final. Sim, ele termina muito bem. Apenas nesse final ele demonstra o poder que fez esta série ganhar tantos filmes. Fica clara a intenção de continuar a história de onde este parou, e o gancho é bacana o suficiente para dar a esperança de que o próximo será melhor. Se houver próximo, claro.

Mas este ainda não está lá. Jigsaw faz falta.

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