O Chacrinha é, provavelmente ao lado do Silvio Santos, a cara mais conhecida da TV brasileira. E digo isso mesmo nunca tendo assistido a um programa dele. Ou pelo menos não que eu me lembre, já que eu era muito pimpolho quando o último Cassino do Chacrinha foi transmitido e, naquela época, só queria saber de desenhos e Tokusatsu.
CHACRINHA, O FILME
Esta cinebiografia segue uma formuleta básica que muito me incomoda. Ela começa mostrando um conflito do final do filme, volta vários anos no tempo e a partir daí segue de forma linear. Eventualmente, ela chega ao conflito inicial e termina quando ele é resolvido. Impossível ser mais formulaico.
Dito isso, eu gostei muito mais do filme do que esperava. O longa dedica bastante tempo ao José Abelardo Barbosa, antes de ele assumir a persona do Chacrinha. O conhecemos como um jovem carismático e ambicioso, e acompanhamos seu crescimento na mídia brasileira, passando, claro, pela adoção de sua estética peculiar.
O longa dá um salto no tempo quando o apresentador migra do rádio para a TV, e é também aí que ele começa a ser mostrado com o espalhafatoso visual pelo qual ficou conhecido. A partir daí, o personagem também sofre uma mudança considerável.
Já com o gosto do sucesso, ele passa de um jovem ambicioso para um grandessíssimo babaca. É realmente difícil simpatizar com o Chacrinha da forma que ele é mostrado neste filme: um sujeito metido a estrela que não se importa com as pessoas a não ser que elas possam ajudá-lo.
Este viés babaca do personagem, no entanto, acaba arrancando boas gargalhadas. Afinal, poucas coisas são mais engraçadas do que um sujeito autoritário e mal-humorado (vide J. Jonah Jameson).
AQUI TEM MAIS PATRÃO DO QUE EMPREGADO
Não sei quão parecido sua versão ficcional é com o seu Abelardo da vida real, mas visualmente, Stepan Nercessian ficou bem semelhante ao Velho Guerreiro. Inclusive, as atuações merecem destaque. Acredito que foi o primeiro – ou um dos primeiros – filmes nacionais em que não achei os diálogos e a entrega dos atores forçada. Pelo contrário, tudo funciona muito bem.
Não sou um fã de cinebiografias, que normalmente considero apenas veículos em busca de prêmios, mas esta me agradou. Provavelmente isso se deve ao fato de contar a história de um personagem que é, ao mesmo tempo, tão marcante em nossa cultura pop e do qual eu não sabia praticamente nada.
Alô, alô, Terezinha, Chacrinha: O Velho Guerreiro é uma rara cinebiografia que eu recomendo. E você? Tem lembranças mais fortes do Chacrinha? Conte nos comentários.