Coletiva de filme é uma coisa frustrante. Isso porque não interessa quão interessante seja a carreira do entrevistado, você sempre é obrigado a fazer perguntas basicamente do longa em questão.
Assim, embora todos os presentes quisessem fazer perguntas apenas para o Dean Cain, na linha de “como foi usar a cueca por fora da calça?” ou “como foi pegar a Teri Hatcher quando ela ainda era bonita?”, éramos obrigados a perguntar coisas apenas da comédia romântica Amor Por Acaso, estreia de Márcio Garcia na direção. Mas vamos à entrevista.
PARA A ENTREVISTA E AVANTE
Estavam presentes o Dean Cain – o Superman da série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman, o diretor Márcio Garcia e dois produtores, chamados Uri Singer e Fábio Golombeck. Para começar as coisas, Márcio fala sobre o desafio que foi dirigir seu primeiro longa já em terras estrangeiras e com uma equipe estrangeira.
Segundo ele, os produtores viram seu curta, e então o convidaram para dirigir este roteiro. Ele disse que foi um diretor contratado e que o cachê dele foi barato, mas que aceitou na hora porque não tinha outras oportunidades. As expectativas dele são enormes, mas ele ainda tem planos de atuar, mais especificamente num especial da Globo no final do ano. Ele ainda destaca que foi interessante fazer um curta de ação e agora pular para comédia. E o que despertou o interesse do homem de aço? “A história e o coração dela”, responde o Superman da nossa geração.
Sabe-se lá porquê, algum jornalista se importa com o lado financeiro do filme, e o produtor Uri conta que tiveram apenas três patrocinadores e o resto foi capital próprio. Eles optaram por não usar leis de incentivo porque essas leis limitam o que você pode fazer no filme. Que coisa, não? Eu achei que a única coisa que você precisava para se beneficiar das leis de incentivo é ser dono do Império Unibanco, como o Walter Salles.
E lá vem a pergunta óbvia, que rola em qualquer entrevistas com astros internacionais: “Dean Cain, o que você achou do Brasil?”. Ô, povinho com complexo de inferioridade esse nosso, que vive pedindo elogios, né? E o elogio, claro, veio.
Dean responde que toda a sua parte no filme foi filmada nos em Los Angeles, mas que ele adorou os atores e o diretor, que são tão bons quanto qualquer um em Hollywood. Especificamente, ele é todo elogio à Juliana Paes, que classifica como “divertida, gentil, ela é um sonho. E tivemos química na tela, o que é importante e você nunca sabe se vai rolar”.
Depois da pergunta mais vergonha alheia, veio uma boa: o filme termina com um merchandising bem cara de pau durante os créditos. A jornalista pergunta se eles não acharam isso meio over. Márcio responde bem, dizendo que colocar a propaganda no meio do filme invadiria a história e ficaria forçado. No final, acabou ficando como uma brincadeirinha despretensiosa.
Mas as perguntas assustadoras não acabaram ainda e um cara (UM FUCKIN’ CARA!) pergunta como o Márcio e o Dean se mantém bonitos desse jeito, se eles malham e tal. KCT, mano, sério?
Enfim, Dean responde que a malhação dele é correr atrás do seu filho de 10 anos, o que é muito mais divertido que qualquer academia, mas que ele também gosta de surfe e basquete. Márcio entra na onda dizendo que tem três filhos, então corre o triplo do Dean. Ele acredita que se mantém com aparência jovem por encarar a vida sem stress, sem ver problema em tudo e sendo de bem com a vida no geral.
TRABALHANDO NOS EUA
E como foi para o Márcio trabalhar nos States? Ele diz que eles estranharam a alegria dos brasileiros, porque lá quando vão trabalhar eles realmente vão trabalhar. Ah, a velha lenda de que brasileiros são mais alegres e amigáveis. Eu já fui para os EUA e posso dizer que pela minha experiência eles se tratam e nos tratam bem melhor do que nós nos tratamos aqui. Mas enfim, não sou eu que estou sendo entrevistado agora. =)
O produtor Uri ainda faz uma revelação bombástica: Juliana Paes foi convidada a entrar no elenco fixo de Desperate Housewives e a moça recusou porque não quer sair do Brasil. Holy fuck, eu sairia do Brasil na primeira oportunidade. Se me chamassem pra trabalhar em algum site de cultura pop internacional, então, eu iria na hora, nem arrumava as malas! =P
Uri ainda diz que está tentando levar a Srta Peace para Hollywood há tempos e ela realmente não quer sair daqui, então disse que, se ela não vai a Hollywood, ele traria Hollywood até ela, e o fez com esse longa.
Uma curiosidade sobre o filme, que sai em abril de 2011 no resto do mundo, é que ele foi filmado em apenas 14 dias, somando as filmagens no Brasil e nos EUA. Para efeitos de comparação, o normal é filmar um longa em 40 dias. “Foi um suor danado”, desabafa Márcio.
Ainda sobre o intercâmbio cultural, Dean disse que já veio ao Brasil antes, pois seu pai dirigiu um filme em Belém e ele veio junto, mas ficou só por ali. Dessa vez, visitou o Rio e São Paulo e achou ambos um pouquinho diferentes de Belém. “Só um pouquinho”, ri. Será que não existe ninguém no showbusiness que seja a primeira geração no meio? Considerando a quantidade de gente que quer entrar, chega a ser assustador constatar que todo mundo é filho de alguém.
A cidade do filme, chamada Webster, aliás, é fictícia, e foi inspirada em Santa Inês, uma vinícola perto de LA. Existe uma Webster nos States, mas não é a que usaram no filme.
Foi aqui que o mesmo sujeito que perguntou da beleza dos dois moçoilos decide fazer outra de suas viris perguntas. “Vocês acreditam em Amor por Acaso?”. Márcio: “não tem como não acreditar, é assim que acontece. Só que algumas pessoas são mais abertas para isso acontecer do que outras. Já Dean é menos taxativo: “Acredito, mas ainda não encontrei”, diz ele, complementando “mas quero encontrar”.
Finalmente alguém cria bolas, pede um milhão de desculpas, e faz uma pergunta sobre o Superman. “Como foi trabalhar com Teri?”. Dean: “Fantástico, ela merece o sucesso que está tendo agora. Foi muito divertido trabalhar na série, mas eu acho que trabalhávamos muito. Eram 18 horas por dia. Eu gostei e foi ótimo para minha carreira, mas o programa era minha vida, era demais da conta. Eu sou mais feliz agora, fazendo apenas quatro ou cinco filmes por ano. Foi bom ter aquela experiência, mas não faria de novo”.
Márcio volta a assumir dizendo que tem um projeto que gostaria de dirigir e atuar, mas precisa de mais experiência. Vai tentar passar esse projeto pra frente pra fazer um produto melhor. Segundo o nosso amigo, um filme onde o diretor atua custa 30% mais caro, pois depois de filmar, ele precisa parar para revisar a cena. Isso leva tempo e tempo nos EUA é dinheiro.
Nesse momento, o Supersam apareceu, gritou “Time is money! Oh, yeah!” e saiu voando.
Uri então conta que tem um novo projeto envolvendo a Juliana Paes e o jogador de futebol Ronaldo, que fará o papel de um assaltante. Márcio o interrompe, dando uma bronca dizendo que ele não poderia ter falado isso, e Uri retruca “mas ele concordou ontem”.
Já Dean Cain não tem nenhum projeto futuro, mas tem cinco filmes já filmados que estão para estrear, entre eles uma comédia bem boba e um drama bem sério. E ele falou ainda mais sobre Superman, o que vai inclusive merecer um novo parágrafo.
“Superman foi meu trabalho mais inesquecível. Foi um choque me tornar uma estrela, uma pessoa pública. É algo que alguém que nunca passou por isso não seria capaz de entender”.
E o ponto mais inesquecível da carreira do Márcio Garcia? Foi quando uma senhora de 70 anos o parou na praia e pediu para ele chamá-la de cachorra. Como eu não assisto à Globo, não saquei o motivo, mas imagino que tenha a ver com alguma novela e algum personagem dele, né?
Depois da entrevista, o normal é vir a sessão de fotos, mas tinha tanto groupie lá querendo tirar foto com o Dean Cain que ele quase não posou ao lado do Márcio Garcia – só deu para tirar uma foto. Depois eu queria fotografar pelo menos o Dean Cain sozinho, mas ironicamente seria mais fácil pedir pra tirar uma foto COM ele do que SÓ dele. Então aproveitei um raro segundo em que ele não estava tirando nenhuma foto e capturei o sorriso meigo da foto que está no destaque lá em cima e em tamanho maior na galeria.
É engraçado como algumas coisas boas vêm das dificuldades. As fotos de coletivas são sempre chatas, burocráticas e fáceis. Dessa vez foi extremamente difícil, mas acabei tirando a foto mais espontânea que já tirei de uma coletiva. E sinceramente, acho difícil que qualquer outro veículo tenha capturado esse momento, ao contrário do que acontece na maioria das coletivas, em que todos têm fotos quase iguais.
É o DELFOS trazendo uma exclusividade imagética para você e finalizando nossa entrevista com o Super-Homem.