Rock N’ Roll Racing marcou uma geração. Foi uma combinação única de todos os elementos que um bom jogo de corrida precisa ter. Seus gráficos inovadores, arrojados, redondos e bem caracterizados colocavam o jogador na atmosfera perfeita que o game insinuava. A premissa era simples: você escolhia um personagem de algum planeta entre os disponíveis, deveria ganhar as corridas para coletar grana e aperfeiçoar seu carro, entre armas, motores, e o próprio bólido, destruir os oponentes e, viajando entre os mundos, se tornar o melhor piloto da galáxia.
Mundos esses, aliás, que eram bem peculiares e cheios de armadilhas, tornando a exploração dos cenários divertidíssima, a briga por pegar os itens espalhados pelas pistas, os clássicos power-ups (importantes para o desenvolvimento no jogo) só eram um aditivo a mais para incrementar as corridas acirradas pela boa dose de velocidade proporcionada (sensação de velocidade é coisa fundamental em games de corrida, parece redundância, mas muitos games pecam neste quesito, ou por sua absoluta ausência ou por demorarem demais em engatar) e pela semelhança da potência dos carrinhos em cada planeta, já que seus adversários visivelmente evoluíam junto com você, deixando a disputa ser decidida “no braço” mesmo. Reza a lenda que a versão para Mega Drive (lançada um ano depois) é bem mais difícil do que a do Super Nintendo mas, tendo jogado as duas versões, considero isto apenas um folclore, já que o nível de dificuldade de ambas é parecido. A jogabilidade, a propósito, era fantástica! Extremamente macia e confortável, de rápida adaptação e fazendo com que o jogador desenvolvesse seu próprio estilo de pilotar. Rock N’ Roll Racing foi um dos jogos mais divertidos e viciantes de que tenho notícia.
Mas o que mais marcou Rock N’ Roll Racing foi, como o nome indica, sua trilha sonora. No auge dos 16-bits, quando a sonorização dos games alcançava os resultados mais “extra-sensoriais” da história, as versões para clássicos supremos do Rock e Heavy Metal aqui apresentadas pegou em cheio os jogadores e imortalizou em suas memórias os insanos rachas disputados. Dentre outras, temos aqui clássicos como Born To Be Wild do Steppenwolf, Highway Star do Deep Purple e Paranoid do Black Sabbath. Era impossível não se empolgar imediatamente no início das corridas quando surgiam os riffs poderosos de Tony Iommi e companhia. Considerada até hoje uma das melhores trilhas sonoras da história dos games, por ter criado total interação e fomentado a paixão nos gamers, a trilha de Rock N’ Roll Racing ainda está anos luz à frente do imbróglio eletrônico de games como os da série Need For Speed e Gran Turismo, completamente antipáticas e destituídas de feeling. Embora, deva admitir que outros jogos recentes como Grand Theft Auto, Burnout e Project Gotham Racing também mandaram bem nos seus momentos mais inspirados.
É estranho que a Blizzard não tenha feito uma continuação de Rock N’ Roll Racing até hoje. Num momento em que remakes de jogos nem tão bons assim pipocam por todos os lados nos portáteis de última geração e as continuações são a tônica da indústria de games, uma nova versão de RRR para os poderosos consoles atuais, mantendo os elementos básicos que o tornaram um clássico e caprichando mais uma vez na trilha sonora (se quiserem, eu me encarrego de indicar as bandas J), teria grandes chances de novamente marcar uma época e conquistar milhões de novos fãs. Let the carnage begin!