Preciso tirar logo o kaiju do meio da sala: não sou fã do primeiro Círculo de Fogo. Acho apenas ok. Na minha opinião, ele prometeu muito e entregou pouco, além de em vários momentos se levar a sério demais (são robôs gigantes contra monstros, pelamordedeus!). Já o reassisti algumas vezes e minha avaliação permanece inalterada.
Ele também não fez muito dinheiro nos EUA, mas parece que foi bem em algumas outras praças (provavelmente naquelas que possuem cultura de tokusatsu), o que garantiu uma continuação. A qual eu não estava nem um pouco ansioso para conferir, dada minha relação com seu antecessor.
Pois veja só, eis mais um caso do famigerado embate “expectativa X realidade”. Afinal, não é que eu achei este Círculo de Fogo: A Revolta bem legal? Na verdade, bastante superior ao primeiro.
Ele se passa dez anos após os eventos do original. A humanidade ainda está se recuperando dos estragos feitos pelas invasões de kaijus e continua se preparando para possíveis novos ataques. Jake Pentecost (John Boyega), o filho de Stacker Pentecost, é recrutado por sua irmã Mako Mori (Rinko Kikuchi) para ajudar a treinar uma nova geração de pilotos de jaegers.
Todos eles serão postos à prova quando novas e gigantescas ameaças aparecerem para destruir cidades, causar o caos e gerar cenas bacanas de combates entre criaturas descomunais.
MONSTROS VS. ROBÔS GIGANTES. ROUND 2. FIGHT!
Uma das coisas legais é que se trata de uma sequência muito bem feita e bem pensada, ao invés de algo produzido a toque de caixa, que era o que eu imaginava que seria antes de assistir. Ele pega os conceitos do primeiro e os leva para caminhos muito legais e alguns outros até inesperados. Ou seja, ele mantém boa parte do foco na história, como o original, e não só na pancadaria.
Este segundo quesito, ao meu ver, melhorou bastante. Ajuda que a fotografia desta sequência seja muito mais clara que a do primeiro. A maior parte dele se passa de dia e agora dá para ver direito o que está acontecendo nas sequências de luta. O lado ruim disso é que cenas de ação diurnas também ressaltam a “artificialidade” dos efeitos em CGI, algo que é melhor mascarado por uma fotografia escura. Assim, embora seja prazeroso conseguir enxergar tudo que está acontecendo, também é inevitável que ele passe uma impressão de ser algo mais barato, pois não há como mascarar tanto os efeitos.
Contudo, as cenas de ação são muito mais elaboradas e exageradas. Uma das coisas que me irritou no primeiro foi a cena da espada. Sério que o Gypsy Danger tinha ela o tempo todo e só foram usar no final? Isso não ocorre aqui. Desde a primeira luta o Gypsy Avenger (o novo jaeger principal) já saca uma espada e usa sem parcimônia.
Fora muitos outros elementos de tokusatsu e animes envolvendo monstros e robôs gigantes que a produção não se envergonha nem um pouco em utilizar. Dessa forma, ele acaba tendo muito mais cara de homenagem, de não ter vergonha em ir na fonte. O primeiro também se dizia uma homenagem, mas não entregava tanto.
Claro, ele possui mais problemas só dele. Tipo o Scott Eastwood, como o parceiro do Jake. O cara pode ter o queixo do pai, mas claramente não herdou um grama do carisma do velho. Ele é totalmente engolido pelo John Boyega toda vez que estão juntos em cena.
O roteiro também tem seus probleminhas, tipo uma personagem que deveria ser a ponta de um triângulo entre os dois parceiros, mas que no fim das contas não cumpre essa função e não serve para mais nada, nem para entrar num jaeger quando o bicho pega.
Mas tudo isso dá para relevar. No saldo geral, achei Círculo de Fogo: A Revolta uma diversão pipoca bem decente, daquelas para serem vistas numa sala com a maior tela e o som mais potente que conseguir encontrar. Fãs do primeiro não devem se decepcionar. E até mesmo quem, como eu, não o curtiu tanto, podem se surpreender.