César Deve Morrer ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2012 e é o representante italiano no Oscar 2013. Por que estou contando isso? Simples, apenas para concluir o parágrafo de apresentação e poder passar para a sinopse. Isso é pura técnica de redação de resenhas, baby!
A história não poderia ser mais simples. Um bando de detentos de uma prisão de segurança máxima em Roma resolve participar de um programa de dramaturgia e encenar a peça Júlio César, de William Shakespeare. O filme retrata então desde a seleção do elenco, passando pelos ensaios, até a tão aguardada noite de estreia.
Ah, sim, todos os atores são presos verdadeiros, o que torna ainda mais surpreendente a qualidade de atuação de alguns deles. E, quando saem do personagem, revelam um insuspeito carisma diante das câmeras, que contribui para um clima mais descontraído para a película.
Filmado com uma estética documental, no entanto, o longa é um híbrido, pois todas as cenas são decupadas como um trabalho de ficção e o filme é todo roteirizado. Incluindo as “saídas dos personagens” dos presos-atores, que servem para traçar um paralelo entre sua situação no momento, e a de seus personagens em Júlio César.
O principal interesse dos cineastas nesta película, contudo, é de fato o processo de construção da peça, e não as vidas pessoais dos detentos. Por isso, sabemos apenas o básico sobre eles e a narrativa não entra em nenhum momento em investigações sobre o que os fez parar atrás das grades.
Diverte acompanhar os vários ensaios nos mais variados ambientes da penitenciária e a vontade contagiante dos envolvidos, todos eles bastante comprometidos em entregar uma boa atuação e um bom espetáculo no geral.
No fim das contas, é um filme que fica entre o ok e o bom. Está longe de ser meu estilo favorito, mas acabei gostando bem mais do que esperava. Para fãs de Shakespeare e de teatro em geral, bem como para quem gosta de acompanhar seus bastidores, César Deve Morrer vai agradar ainda mais.