Caso o delfonauta ainda não esteja satisfeito com tantas versões cinematográficas da Branca de Neve, chega agora ao cinema mais uma.
Como é praxe cada uma dessas releituras colocarem um twist para tentar se diferenciar da multidão, a de hoje visa responder uma das perguntas mais antigas da humanidade: e se o Caçador e o Príncipe Encantado fossem a mesma pessoa, e essa pessoa fosse o Thor?
Apesar desse detalhe, a história até que se mantém bem fiel à fábula. O mundo aqui é um tanto mais fantasioso do que o original (inclusive com monstros, fadas e afins), aproximando-o da Terra Média, e isso se reflete na quantidade de cenas de ação. Além disso, para manter a tradição de que a Kristen Stewart sempre tem dois bonitões brigando por ela, além do caçador também temos aqui outro Príncipe Encantado em potencial.
A principal qualidade de Branca de Neve e o Caçador é seu visual. Não dá para negar que isso aqui é um blockbuster. Do figurino à CGI, tudo é bonitão e tem o maior jeitão de ter sido caro pra burro.
O design das criaturas também é classe A, e tem um monte de momentos pra lá de bizarros que hão de fazer até o mais escolado dos espectadores e RPGistas soltarem sonoros “da fãc”.
Infelizmente, o capricho da turminha responsável por efeitos visuais não se repete nos que realmente respondem pela qualidade geral da obra. O roteiro, a direção e as atuações estão todos no piloto automático. Tem um montão de cenas repetidas, os atores fazem as caras mais óbvias possíveis e até os planos são o básico do básico. Não há nada absurdamente errado ou tosco por aqui, mas também não tem nada que realmente empolgue.
O mesmo pode ser dito da história, que não empolga em nenhum momento. Ok, a fábula da Branca de Neve já é bastante conhecida e foi filmada numerosas vezes, mas uma história conhecida ainda pode ser interessante e empolgante, se for feita com paixão e capricho.
Por fim, o filme ainda sofre de uma falta de identidade. Ele vai vagarosamente mudando da fábula da Branca de Neve para uma história semelhante a O Senhor dos Anéis, e não me refiro ao visual. O Caçador tem que levar a Eurodescendente de Neve para um local específico, onde ela vai dar esperança para o povo e liderar uma nova revolução. Não fica claro se a protagonista tem que destruir um anel, mas é difícil não imaginar o Thor como um Aragorn da vida. E a batalha final lembra, em vários momentos, a guerra em Minas Tirith.
Pela presença da Kristen Stewart, costumávamos dizer que esta era uma versão crepusculada da Branca de Neve. Agora que assistimos, vimos que isso é errado. O que temos aqui é uma versão Tolkienizada da Branca de Neve. Se a descrição lhe apetece, vai fundo, mas eu recomendaria este filme sem medo apenas para crianças, especialmente garotas. No final das contas, o público acaba sendo o mesmo de Crepúsculo, né?
CURIOSIDADES:
– Alguém pode me dizer de onde saiu isso de traduzir troll como trasgo? Eu nunca tinha ouvido a palavra trasgo até o primeiro Harry Potter, e nunca ouvi em nenhum outro lugar até hoje. Será que a tradutora de Branca de Neve e o Caçador é fã do bruxinho nerd, ou eu que não manjo muito dos nomes nacionais das criaturas de RPG? Opine nos comentários! =]